Todos os ingredientes
Foi uma final com todos os ingredientes que a mística do Gauchão pede: chuva, gramado pesado, dois times aguerridos, jogo pegado, centroavante fazendo gol de cabeça com a cabeça enfaixada, empate, decisão por pênaltis. Para quem não vê qualidade técnica, não se pode reclamar de qualidade nas casamatas. Paulo Porto e Itamar Schülle deram show: mexeram nos times, mudaram esquemas, alteraram o panorama, como num jogo de xadrez, mas de alta tensão.
É difícil falar em merecimento. Foi uma final, de certa forma, equilibrada. O Caxias fez um primeiro tempo melhor. Seu meio-campo mais robusto, com três volantes, desmontava um Noia perdido no 3-5-2. O time da casa não funcionou, também, porque faltou criação. A ideia inicial de Paulo Porto foi ótima, e deu certo: como Leandrinho era o único meia do Novo Hamburgo, os alas precisariam apoiar, especialmente Marlon, que apoia bastante. Só que pelo lado de Marlon atuou Wangler, que não o deixava atacar, causando preocupações defensivas e lhe obrigando a ficar.
O Noia ficou sem saída, e o Caxias dominava territorialmente o jogo. Não criou tantas chances assim, mas merecia o 1 a 0 quando Vanderlei abriu o placar. E aí veio a resposta de Itamar Schülle: tirou Pedrinho, passou Márcio Hahn para a lateral e colocou Clayton em campo. O Noia ganhou criação e um ala direito incansável e que se mostrou até mesmo envolvente. Equilibrou o jogo no primeiro tempo para amassar o Caxias no segundo.
Com Marlon solto e os volantes se desdobrando na marcação a Wangler, o Novo Hamburgo sobrou na etapa final. Empatou e merecia ter virado. Assim como o Caxias resistiu tanto que mereceu também não perder. Foi uma grande final, disputada não entre dois grandes times, mas entre duas equipes organizadas, cancheiras, dedicadas, e que podem, sim, dar trabalho aos grandes, como provaram nesta Taça Piratini.
O Caxias, 12 anos depois, retorna a uma final de Gauchão. Para a Taça Farroupilha, o Grêmio larga como favorito: enquanto o Inter focará a Libertadores, o Tricolor vem com uma ideia de time crescendo, e poderá se dedicar a buscar o título do turno e fazer a decisão com os grenás. Mas é claro que descartar o Novo Hamburgo, o Juventude, o Lajeadense ou outra surpresa que possa aparecer é, no mínimo, ingenuidade. A questão, agora, é saber se a capital se fará presente na final. Porque o lugar do interior, sim, é que é a única coisa certa deste Gauchão até agora.
Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Piratini - Final
29/fevereiro/2012
NOVO HAMBURGO 1 x CAXIAS 1
Decisão por pênaltis: Novo Hamburgo 2 x Caxias 3
Local: Estádio do Vale, Novo Hamburgo (RS)
Árbitro: Leandro Vuaden
Público e renda: não divulgados
Gols: Vanderlei 24 do 1º; Mendes 14 do 2º
Cartão amarelo: André Paulino, Clayton, Michel, Fabinho e Mateus
NOVO HAMBURGO: Eduardo Martini (5,5), André Paulino (4,5), Alexandre (6) e Luiz Henrique (5,5); Pedrinho (4,5) (Clayton, 33 do 1º - 6), Márcio Hahn (7,5) (Pedro Silva, 40 do 2º - sem nota), Zaqueu (5,5), Leandrinho (4,5) (Paulinho Macaíba, 26 do 2º - 4,5) e Marlon (6,5); Juba (4) e Mendes (6). Técnico: Itamar Schülle (6,5)
CAXIAS: Paulo Sérgio (7,5), Michel (5,5), Lacerda (6,5), Jean (6) e Fabinho (6,5); Umberto (6,5), Paraná (6), Mateus (6) e Wangler (6,5) (Juninho, 26 do 2º - 5,5); Caion (4,5) (Rafael Santiago, 23 do 2º - 5,5) e Vanderlei (7).
Comentários
Tinha uma certa preferência pelo Novo Hamburgo, afinal nunca tinha ganho gauchão e vinha investindo bastante nos últimos anos. Quem sabe agora no segundo turno?
Sei que tu é colorado, Vine, mas saiba que gremistas deviam ter torcido pelo Novo Hamburgo ontem. Afinal, decisão entre Grêmio e Caxias é sempre algo IMPRUDENTE, digamos assim.
De qualquer forma, minha secação extasiante contra a dupla no Gauchão fez efeito =]
Só passei a ver o jogo no final do 1º tempo, com o Clayton já em campo. Fico feliz em ver o guri novamente com a cabeça no lugar. Futebol ele tem, e muito. O Grêmio não tem um armador com a qualidade dele.
Márcio Hahn foi espetacular. Com 35 anos, sem pré-temporada, correu como um guri. Foi onipresente em todas as partes do campo.
Não tenho muito o que lamentar. Apesar de achar que jogamos melhor e tivemos mais chances de gol - sobretudo no 2º tempo -, a taça ficou em boas mãos. Assisti a 7 dos 11 jogos do Caxias e sempre se mostrou um time muito consistente e AZEITADO. Fabinho, Wangler e Vanderlei jogam muito. Também gosto do Paraná
E concordo na tua análise sobre o Caxias: Fabinho, Wangler e Vanderlei são ótimos mesmo. O Paraná fez uma das melhores cobranças que já vi em decisão de pênalti. A reação do Eduardo Martini, que nem foi na bola, diz tudo.