Sonolência, confusão e fratura

Foi um jogo pobre em Novo Hamburgo. Cruzeiro e Grêmio fizeram um duelo na maior parte do tempo monótono e desinteressante, sobretudo no segundo tempo. Não fosse a partida esquentar nos minutos finais e a confusão após o pênalti marcado por Leandro Vuaden e teríamos um dos jogos que fatalmente cairiam no esquecimento neste Campeonato Gaúcho longo e enfadonho.

Luxemburgo, mais uma vez, não colocou Bertoglio como armador - justamente porque ele não é um. Apesar de ser na teoria o único meia, o argentino jogou como ponta-esquerda - muito porque Pará, lateral daquele lado, não tenha qualidade para subir pelo lado onde joga torto, como bom destro. Quem subia ao ataque pelo meio eram os volantes Souza e Léo Gago. Faltava, portanto, uma maior qualidade na criação de jogadas.

A maioria das chegadas de perigo do Grêmio era na bola parada. Fernando mostrou qualidade de um ótimo cobrador de faltas e tiros indiretos. Marcou um golaço no começo do jogo e ainda bateu bem na bola em outras oportunidades. Outra arma era Bertoglio, que fez um bom primeiro tempo jogando pela esquerda e investindo em velocidade contra a zaga. No segundo, caiu de produção. Ainda deve uma boa atuação desde o início, o argentino.

O primeiro tempo até foi interessante porque o Cruzeiro agrediu o Grêmio também. É um dos melhores times deste Gauchão. Criou chances de gol e poderia ter empatado. Conseguiu, no segundo tempo, quando o jogo caiu violentamente de ritmo e o Grêmio passou a querer administrar a vantagem. O gol foi um castigo a quem abdicou do jogo, mais que um mérito ao Cruzeiro, que não criou tantas chances de gol assim. Mas o pênalti aos 49 do segundo tempo foi um castigo ainda maior ao time estrelado, que jogou o suficiente para não perder a partida, mas perdeu.

O lance do pênalti é interpretativo. Intenção não houve, embora a trajetória do chute de Léo Gago tenha sido interrompida pelo braço do zagueiro. Pode-se dar ou não, só não pode é recriminar qualquer que seja a decisão do árbitro. O que não deu para entender foram os 6 minutos que Leandro Vuaden deu de acréscimo. E o que não dá para defender é a postura da Brigada Militar, que afastou os cruzeiristas com um exageradíssimo e desproporcional spray de pimenta, como se os profissionais fossem arruaceiros ou vândalos.

A vitória praticamente classifica o Grêmio, que, assim como o Inter, classifica-se com mais uma vitória nos próximos três jogos. O desempenho, assim como na quarta, ficou abaixo do que se espera, que é o demonstrado nas partidas contra Novo Hamburgo e Veranópolis. Mas é a sexta vitória consecutiva, o que não ocorre desde abril de 2010, e é o oitavo jogo sem derrota. Luxemburgo vai bem, mas a cada dia que passa fica mais clara a dependência da escalação do meio-campo do Gre-Nal. Está muito claro que é por aí que o melhor Grêmio pode ser construído.

Em tempo:
- A fratura no tornozelo de Kleber é uma tragédia para o primeiro semestre do Grêmio. Interrompe um começo fulminante do Gladiador pelo Tricolor. Neste caso, a tendência é que Bertoglio componha o ataque com Marcelo Moreno.

Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Farroupilha - Primeira Fase - Grupo 2 - 4ª rodada
25/março/2012
CRUZEIRO/RS 1 x GRÊMIO 2
Local: Estádio do Vale, Novo Hamburgo (RS)
Árbitro: Leandro Vuaden (RS)
Público e renda: não divulgados
Gols: Fernando 9 do 1º; Davidson 38 e Marcelo Moreno (pênalti) 53 do 2º
Cartão amarelo: Cláudio, Derlei, Márcio, Gilberto Silva, Bertoglio e Leandro
Expulsão: Léo Carioca 50 do 2º
CRUZEIRO/RS: Fábio (5), Márcio (5,5), Cláudio (5,5), Léo Carioca (5,5) e Tinga (5,5) (Abu, 39 do 2º - sem nota); Alberto (6), Abuda (5,5), Faísca (5,5) e Jean Paulo (4,5) (Davidson, 34 do 2º - 6); Jô (4,5) e Derlei (5) (Maxwall, 30 do 2º - 5). Técnico: Beto Campos
GRÊMIO: Victor (6,5), Gabriel (6), Werley (5), Gilberto Silva (6) e Pará (5,5); Fernando (7), Souza (5,5) (André Lima, 41 do 2º - sem nota) e Léo Gago (6); Kleber (5) (Marquinhos, 14 do 2º - 5,5), Marcelo Moreno (5,5) e Bertoglio (5,5) (Leandro, 25 do 2º - 5,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo


Comentários

Marcus disse…
É, mas mais uma vez (a exemplo do Grenal) o Vuaden foi desastroso. Enquanto o Mario Fernandes ficará 3 meses fora, perdemos o Kléber por pelo menos 4. Vamos lembrar que nem cartão amarelo ele apresentou ao zagueiro do Inter naquele carrinho criminoso. Ontem, foi pior. Além da agressão que ele viu e puniu com cartão amarelo (??), a quantidade de faltas sofridas pelo Gladiador foi pesada. A impressão que tinha (aí vai a crítica não só ao Vuaden, mas a Federação e aos árbitros em geral) é que todos queriam ver o Kléber explodindo com o tanto que ele apanhava, porém acabou acontecendo o pior.

Fica o desabafo de um gremista preocupado com o restante do semestre de reduzidas perspectivas...

Um abraço,


Marcus Staffen
Anônimo disse…
E o que vc ta achando do moreno? eu sinceramnete nunca entendi o status de grande atacante que ele tem, no Cruzeiro ele sempre foi um bom atacante apenas nao um jogador diferenciado, com um pouca de velocidade, presença de area, finalização e sem o drible.
Eu acho que ele não está correspondendo! o que vc acha dele?