Por uma mudança efetiva
Ricardo Teixeira deve ser destronado do poder máximo do futebol brasileiro, ao menos oficialmente. Nas próximas horas, ou dias, renunciará ao cargo que ocupa há 23 anos: presidente da CBF. Os simplistas comemoram, apregoam uma nova era no nosso esporte; os otimistas, mais cautelosos, podem achar que agora há uma brecha para uma mudança efetiva. Os pessimistas preferem dizer que nada mudará.
E não mudará mesmo. Saindo Teixeira, quem pode assumir é José Maria Marin, 79 anos, sem condições físicas de assumir o cargo - ainda que provisoriamente - e que tem, como "feito" mais recente, embolsar uma medalha da Copa São Paulo de Juniores por debaixo dos panos, mas na frente de câmeras escondidas. Mas nem Teixeira quer isso: dizem que se prepara para deixar o cargo assim que ficar acertado que Fernando Sarney será o novo mandatário do futebol brasileiro. O sobrenome dispensa comentários, certo?
Na prática, o que pode ocorrer é mesmo um predomínio paulista no comando do futebol nacional, depois de décadas de supremacia carioca. Seja com Marco Polo del Nero, atual presidente da FPF, ou com Andrés Sanchez, o mais provável substituto, sucessor natural e preparado por Ricardo Teixeira. Isso, claro, em caso de novas eleições. Em caso de renúncia, eleições não são previstas. Mas ninguém quer Marin no cargo, nem mesmo Teixeira, quanto mais as federações. Pode haver uma forçação de barra por um novo pleito, e seria mesmo a melhor saída - ou a menos pior.
O que podemos ter nas próximas semanas é a conflagração de algo que não estamos acostumados: eleições na CBF. Uma guerra entre estados. Francisco Novelletto é um candidato cogitado para enfrentar os paulistas, mas é bom lembrar que ele mesmo apoiou Ricardo Teixeira - como todas as federações sempre fizeram. Em termos de nome, nada mudará. E é praticamente impossível que mude, pois os próprios clubes é que colocam estes homens no poder. Muitos saem dos próprios quadros diretivos desses clubes.
O ideal seria mesmo um real estatuto do esporte, como defende este texto publicado no blog de Juca Kfouri. Se não mudam os nomes, há de se mudar radicalmente o modo de dirigir o futebol brasileiro. Aumentar a fiscalização, limitar os poderes dos dirigentes, como em qualquer democracia civilizada. Alguém permanecer por 23 anos no poder não é benéfico em nenhuma hipótese. Nem o melhor governante ou dirigente faz bem a seus governados ou dirigidos ficando tanto tempo no comando de qualquer entidade ou nação que seja.
Em tempo:
- Teixeira, diz-se, não se reelegeria, mas a FIFA exigiu que o presidente da CBF em 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa do Mundo, fosse o mesmo no período do Mundial, em 2014. Um tanto ridículo, não? Ou, no mínimo, dificílimo de explicar.
- Colocar um diretor de programação da Globo na presidência da CBF seria o fim completo dos interesses esportivos. Se é que eles ainda pesam alguma coisa frente aos interesses televisivos. Uma verdadeira tragédia. Mas duvido.
E não mudará mesmo. Saindo Teixeira, quem pode assumir é José Maria Marin, 79 anos, sem condições físicas de assumir o cargo - ainda que provisoriamente - e que tem, como "feito" mais recente, embolsar uma medalha da Copa São Paulo de Juniores por debaixo dos panos, mas na frente de câmeras escondidas. Mas nem Teixeira quer isso: dizem que se prepara para deixar o cargo assim que ficar acertado que Fernando Sarney será o novo mandatário do futebol brasileiro. O sobrenome dispensa comentários, certo?
Na prática, o que pode ocorrer é mesmo um predomínio paulista no comando do futebol nacional, depois de décadas de supremacia carioca. Seja com Marco Polo del Nero, atual presidente da FPF, ou com Andrés Sanchez, o mais provável substituto, sucessor natural e preparado por Ricardo Teixeira. Isso, claro, em caso de novas eleições. Em caso de renúncia, eleições não são previstas. Mas ninguém quer Marin no cargo, nem mesmo Teixeira, quanto mais as federações. Pode haver uma forçação de barra por um novo pleito, e seria mesmo a melhor saída - ou a menos pior.
O que podemos ter nas próximas semanas é a conflagração de algo que não estamos acostumados: eleições na CBF. Uma guerra entre estados. Francisco Novelletto é um candidato cogitado para enfrentar os paulistas, mas é bom lembrar que ele mesmo apoiou Ricardo Teixeira - como todas as federações sempre fizeram. Em termos de nome, nada mudará. E é praticamente impossível que mude, pois os próprios clubes é que colocam estes homens no poder. Muitos saem dos próprios quadros diretivos desses clubes.
O ideal seria mesmo um real estatuto do esporte, como defende este texto publicado no blog de Juca Kfouri. Se não mudam os nomes, há de se mudar radicalmente o modo de dirigir o futebol brasileiro. Aumentar a fiscalização, limitar os poderes dos dirigentes, como em qualquer democracia civilizada. Alguém permanecer por 23 anos no poder não é benéfico em nenhuma hipótese. Nem o melhor governante ou dirigente faz bem a seus governados ou dirigidos ficando tanto tempo no comando de qualquer entidade ou nação que seja.
Em tempo:
- Teixeira, diz-se, não se reelegeria, mas a FIFA exigiu que o presidente da CBF em 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa do Mundo, fosse o mesmo no período do Mundial, em 2014. Um tanto ridículo, não? Ou, no mínimo, dificílimo de explicar.
- Colocar um diretor de programação da Globo na presidência da CBF seria o fim completo dos interesses esportivos. Se é que eles ainda pesam alguma coisa frente aos interesses televisivos. Uma verdadeira tragédia. Mas duvido.
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