Pesou o conjunto da obra
O primeiro tempo foi movimentado e parelho. A exemplo do Gre-Nal, o Grêmio mantinha a posse de bola no campo ofensivo e mordia na saída do adversário. Mas, ao contrário do clássico, o Tricolor não criava chances de gol e via o Caxias chegar com perigo. Wangler e Vanderlei transitavam com perigo no vão entre os volantes e os zagueiros gremistas. Victor fez algumas boas defesas. O Grêmio só começou a ameaçar na metade final da primeira etapa.
No segundo tempo, uma boa mexida de Luxemburgo: recuou Fernando, que vinha mal na partida, e adiantou Souza, que passou a ser o segundo volante. A chegada na frente melhorou, e o Grêmio cresceu no jogo. O gol de Kleber, em novo passe de Marco Antônio, não chegou a traduzir uma superioridade tricolor, mas o jogo mudou a partir daí: o Caxias sentiu o gol, ficou acuado, errava passes. O Grêmio tinha total domínio da partida, ganhava divididas, criava chances. E as perdia. Foi o maior pecado do time porto-alegrense no jogo, e um dos primordiais motivos para a eliminação.
O gol do Caxias foi um grande castigo, e trouxe à tona uma deficiência que havia sido deixada de lado desde a vitória no Beira-Rio: a bola aérea. Durante todo o jogo de hoje, Gilberto Silva foi absolutamente soberano por cima, uma grande atuação. Nos minutos finais, o Caxias empatou o jogo desta forma e passou a jogar a bola para a área o tempo todo, buscando a virada. E por pouco não conseguiu. Os últimos cinco minutos de jogo mostraram que este problema defensivo gremista ainda não foi plenamente corrigido.
A eliminação freia uma boa fase que o Grêmio ensaiava construir. Seria fundamental juntar a vitória no Gre-Nal e a chegada de Luxemburgo ao título da Taça Piratini. Mas o Grêmio vem crescendo em termos de desempenho, isto é visível. Fez uma boa partida, não tanto quanto no Gre-Nal, mas mesmo assim bem superior ao que vinha fazendo nos tempos de Caio Júnior. Com uma semana para treinar, os titulares podem se preparar para fazer uma Taça Farroupilha bem mais consistente que a acidentada trajetória na Piratini.
E a classificação do Caxias, além de não ser uma surpresa (especialmente pelo campeonato que faz o time grená), é ótima para o futebol do interior do estado, que nunca havia chegado a uma final de turno desde que o Gauchão adotou esta fórmula, em 2009. O Grêmio fez uma boa partida, vem crescendo, tudo isto é fato. Mas nada disso anula a justiça na classificação do Caxias, que jogou hoje o máximo possível dentro de suas limitações, fez uma campanha superior e utilizou isso a seu favor na fase eliminatória. Afinal, apesar do mata-mata, o Gauchão também às vezes faz valer o retrospecto geral.
Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Piratini - Semifinais
26/fevereiro/2012
CAXIAS 1 x GRÊMIO 1
Decisão por pênaltis: Caxias 5 x Grêmio 4
Local: Centenário, Caxias do Sul (RS)
Árbitro: Anderson Daronco
Público: 10.377
Renda: R$ 323.845,00
Gols: Kleber 17 e Marcos Paulo 39 do 2º
Cartão amarelo: Lacerda, Lino, Alisson, Marquinhos, Souza, Gilberto Silva, Kleber e Gabriel
CAXIAS: Paulo Sérgio (7,5), Michel (6), Lacerda (5,5), Lino (5) e Fabinho (6); Umberto (5,5) (Alisson, 24 do 2º - 5,5), Paraná (6), Mateus (5,5) e Wangler (5,5) (Juninho, 37 do 2º - 6); Caion (5) (Marcos Paulo, 33 do 2º - 6,5) e Vanderlei (6). Técnico: Paulo Porto (7,5)
Cobranças: Mateus (gol), Michel (gol), Fabinho (gol), Paraná (gol) e Paulo Sérgio (gol)
GRÊMIO: Victor (6,5), Gabriel (6,5), Gilberto Silva (7), Naldo (6) e Júlio César (6); Fernando (5), Souza (6), Marquinhos (6) (Vilson, 37 do 2º - sem nota) e Marco Antônio (4,5); Kleber (6,5) e Marcelo Moreno (6) (André Lima, 32 do 2º - 5,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo (6)
Cobranças: Kleber (gol), André Lima (gol), Gilberto Silva (gol), Marco Antônio (defendido) e Fernando (gol)
Comentários
Quanto ao jogo, a desclassificação é desagradável, mas não deve ser superdimensionada. A campanha gremista foi ruim, não justificava chegar à final, e isso apareceu no fim das contas. No jogo em si, o Grêmio foi razoável - Marco Antônio voltou a ser o que tinha sido antes do Gre-Nal (pouco mais que nada) e Marquinhos esteve mal, mas Souza segue jogando bem e gostei do Kleber (que não encheu os olhos, mas soube compensar com uma combatividade que me agradou). Quero agora um bom segundo turno e especialmente uma boa Copa do Brasil.
Mas vale dizer: Luxemburgo mal começa e já é eliminado. Cadê os resultados, Pelaipe??? (vou meter corneta mesmo, quero nem saber!) =P
Sobre o jogo, fez-se muitos questionamentos e comparações com o grenal. O fato é que o Grêmio perdeu capacidade de articulação jogando com dois articuladores. Na atual situação do grupo gremista, o 4-3-1-2, com Gago e Souza como volantes apoiadores, é a melhor opção de escalação de time.
Saindo um pouco do jogo, e entrando em outra discussão, isso serve para aqueles que simplificam a análise no número de volantes e atacantes.
Igor, gostei do Marquinhos até. Puxou uns bons contra-ataques no primeiro tempo, embora seja lento. Mas concordo com a ideia de que os dois meias tiraram poder de articulação do time.
Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte:
O que tu é do Michel, Luiz Paulo?!
Quanto ao jogo e ao resultado de ontem, é de se ficar chateado. O mais estranho é todo mundo dizer que não se pode cobrar nada, que o time não tem nada do Luxemburgo, que três dias é muito pouco, e dar todos os méritos da vitória do Grenal para o Roger, que também só teve três dias.
Não sou quase nada do glorioso Michel. Meu avô sim, tem um certo grau de parentesco... mas é uma parte da família que não conhecemos.