Os bons presságios de Manizales
O mais difícil o Inter já tem: ofensivamente, a equipe vai muito bem. Os dois gols, por exemplo, foram em lances de alta criatividade. Oscar sofreu um pênalti após passe lindo de D'Alessandro, que vem jogando num ritmo como poucas vezes conseguiu. O segundo gol, de Tinga, foi o resultado de uma linda jogada coletiva que envolveu Kleber, Oscar e D'Alessandro. O time marcou dois gols e criou outras tantas chances para vencer. Isso que Leandro Damião não estava em noite inspirada.
A atuação animadora, no entanto, não esconde problemas. A fragilidade defensiva é assustadora. Guiñazu se desdobrou, mas Bolatti é frouxo. Tem qualidade técnica para sair jogando, mas marca pouco e mal, além de sair do lugar e não guardar posição. É ótima opção num meio-campo em losango, como segundo homem. Hoje, comprometeu. Mas não foi só ele: Rodrigo Moledo falhou demais, Nei cometeu um pênalti totalmente desnecessário no primeiro lance do jogo. Índio até que se salvou, mas quando o melhor zagueiro é um veterano de 36 anos que simplesmente não comprometeu, é porque a coisa anda feia.
O Once Caldas foi um ótimo teste. Começou em cima, no 4-3-3 de Pompilio Páez, desfeito logo aos 18 minutos, quando seu time era já dominado. Levou 2 a 1, buscou o gol e teve chances para vencer. Beltrán jogou pouco, embora a estratégia de alçar bolas para ele no primeiro tempo tenha funcionado quando do pênalti cometido por Nei. Porém, com Reinoso, o time ganhou uma opção muito mais qualificada para ameaçar Muriel no segundo tempo. Quase deu: foi um gol anulado por centímetros, outros dois perdidos por muito pouco.
Dorival Júnior garante estar surpreso com o bom rendimento do time logo no começo do ano. Trata-se do fruto do entrosamento adquirido em 2011. O Inter tem mecânica de jogo do meio para a frente, seus jogadores sabem se posicionar e criar alternativas. Como têm qualidade técnica, se tiverem uma dinâmica organizada, podem fazer miséria.
Hoje, mais uma vez, o principal destaque foi D'Alessandro. Com seus quase 31 anos, não correu como Oscar, mas foi cerebral. Passes certeiros, assistências qualificadas, viradas de jogo perfeitas. Quando cansou, no segundo tempo, tocava só de primeira. Ele não saía do lugar, não corria, mas a bola saía redonda e o jogo do Inter não perdia em fluidez. Se o Inter está na fase de grupos, muito deve-se a ele - e a Giovanni Luigi, que nunca desistiu de contar com seu futebol, mesmo quando ele parecia mais perto da China que da Avenida Padre Cacique.
Em tempo:
- Time titular ou reserva no Gre-Nal? Aposto em titulares, exceto os mais desgastados (Nei, Dagoberto, Tinga, etc.). Não apenas pela longa viagem Porto Alegre-Manizales-Porto Alegre, mas porque já há jogo contra o Juan Aurich na semana que vem. Mistão no Olímpico, é a minha aposta.
Taça Libertadores da América 2012 - Fase Preliminar - Jogo de volta
1º/fevereiro/2012
ONCE CALDAS 2 x INTERNACIONAL 2
Local: Palogrande, Manizales (COL)
Árbitro: Francisco Chacón (MEX)
Público e renda: não divulgados
Gols: Nuñez (pênalti) 3, D'Alessandro (pênalti) 11, Tinga 22 e González 24 do 1º
Cartão amarelo: Oscar, Nei e Muriel
ONCE CALDAS: Martínez (6), Ramos (5), Amaya (4,5), Acosta (5,5) e Casierra (5,5) (Cuero, 20 do 2º - 4,5); Alvarez (5) (Del Valle, 18 do 1º - 5,5), González (6) e Rivas (5); Nuñez (6), Beltrán (5) (Reinoso, 6 do 2º - 6) e Pajoy (6). Técnico: Pompilio Páez (5,5)
INTERNACIONAL: Muriel (5), Nei (4,5), Rodrigo Moledo (4,5), Índio (5,5) e Kleber (6,5); Guiñazu (6,5), Bolatti (4,5), Tinga (6,5) (Elton, 19 do 2º - 5), D'Alessandro (7) e Oscar (6,5) (Fabrício, 43 do 2º - sem nota); Leandro Damião (5,5) (Dagoberto, 34 do 2º - 4,5). Técnico: Dorival Júnior (6)
Comentários
E concordo, Batata. O Guiñazu se matou para cobrir os defeitos de marcação do Bolatti, mas mesmo assim não guarda posição. Saudades do Sandro?