A vida sem D'Alessandro

O jogo do Internacional nesta quarta não é um espelho do que deve ser a equipe caso D'Alessandro vá mesmo literalmente para a China. Afinal, era a primeira partida do ano, com o time tirando um pouco o pé por causa da Libertadores. Há muito o que melhorar com a escalação posta em campo no Estádio do Vale. Mas as perspectivas, no entanto, não são muito melhores.

O Inter só venceu o Novo Hamburgo por acidente: uma falha de Eduardo Martini e a sorte de Oscar, que teve o mérito de dividir com o goleiro e a fortuna de ficar sozinho após o bate-rebate. O time de Dorival Júnior não criou quase nada, teve uma ou duas chances de gol. Nem sequer pressionou o Noia, pelo contrário: viu o adversário ter maior posse de bola e iniciativa, e só saiu com a vitória por deficiências do próprio time de Itamar Schulle, que desarrumou sua equipe no intervalo, alterando o esquema para um 3-5-2 esdrúxulo.

Faltou movimentação ao Inter. Faltaram atacantes em melhores condições de concluir. Dagoberto e Leandro Damião quase não jogaram. O estreante nunca esteve na área com bola dominada; o centroavante teve um ou dois lances lúcidos, e só. Faltou velocidade, faltou organização. Faltou, em resumo, D'Alessandro. E não é culpa do bom garoto João Paulo que o time não tenha tido nada disso que D'Ale está acostumado a oferecer com sua qualidade. Não é ele o jogador com a característica de substituí-lo.

A direção se contradiz. Enquanto Luís Anápio Gomes parece desanimado e admitindo a saída, Giovanni Luigi bate o pé, dizendo que ele fica. É bom que o presidente tenha razão. Pois sem D'Alessandro o Inter perde muito. Não a ponto de ficar um time comum, pois há Oscar, Damião e Dagoberto. Mas deixa de ser um candidato ao título da Libertadores. D'Alessandro é irregular e explosivo, mas dá o tom do time e é decisivo. Chama a responsabilidade, organiza o jogo. Quem fará isso?

O Inter, embora nunca vá admitir, não estava preparado para esta perda a uma semana de começar a Libertadores. Não contratou nenhum meia, embora esteja procurando um substituto para Andrezinho como reserva de luxo. As buscas terão que ser apressadas. A saída de D'Alessandro dificilmente será reposta no mesmo nível, até pela identificação dele com o clube e a torcida. Mesmo que venha um grande articulador, o Inter já sai perdendo neste aspecto certamente. Se ele sair e não vier ninguém mesmo, será o equivalente à saída de Jonas do Grêmio no ano passado. Com a diferença, claro, de que ele renderá milhões aos cofres vermelhos, e não migalhas.

Rotina catalã
Pela Copa do Rei, o Barcelona repetiu o clássico de dezembro: foi ao Santiago Bernabéu, saiu perdendo para o Real Madrid, mas virou o jogo. O 2 a 1 deixa o time catalão muito perto das semifinais do único torneio que perdeu para o maior rival em 2011.

Empates
A Dupla Ba-Vi decepcionou na estreia do estadual baiano. O Bahia ficou no 3 a 3 em casa com o Atlético de Alagoinhas, enquanto o Vitória também empatou: 1 a 1, fora de casa, contra o Feirense. O atual campeão, Bahia de Feira, começou com tudo: 3 a 1 no Juazeiro, fora de casa.

Eliminações
A Dupla Gre-Nal está fora da Copa São Paulo de Juniores. O Grêmio levou 4 a 1 do Fluminense, enquanto o Inter caiu nos pênaltis para o Coritiba. Assim como na Libertadores de 2011, o Gre-Nal foi cancelado.


Comentários

juca disse…
Só vi o primeiro tempo do jogo do Inter, mas pude notar que o processo de andrelimação do Damião continua. Em cada dividida, ele caía e pedia falta.
Diogo disse…
Vicente, fica a pergunta: e se o Pepe fosse argentino? Já não teria sido condenado pelo Tribunal Penal Internacional?

Sobre o jogo do Inter: para mim, o Eduardo Martini está perdoado, depois de ter tapado o gol naquele Gre-Nal do Brasileirão de 2003, que significou não só a salvação deles como a nossa não ida pra Libertadores...
Vicente Fonseca disse…
O Eduardo Martini fez um jogo ontem que resumiu sua carreira: grandes defesas, mas um lance de azar que comprometeu o resultado.
Zezinho disse…
Martini honrou seu sobrenome ¬¬'

Gostei do lateral-esquerdo Marlon, mas JUBA é demais pra minha cabeça. Cabe lembrar também que o Nóia jogou desfalcado de dois titulares: lateral Pedro Silva e atacante Marcelo Soares.

Aliás, o Pedro Silva veio de Portugal e não foi registrado a tempo porque a CBF estava em recesso. O futebol é lindo - só que não