Caio Júnior achou o time

Durante a pré-temporada, um dos maiores elogios que se fazia ao técnico Caio Júnior era o fato de repetir a escalação e o esquema do Grêmio. Por ironia do destino, talvez em seu segundo jogo oficial, o treinador tenha encontrado o caminho das pedras com um jogador nunca utilizado entre os titulares e um 3-5-2 que, se teoricamente muda gente torce o nariz, neste Grêmio 2012 pode significar ter os melhores jogadores em campo e, melhor ainda, com bom aproveitamento de todas em suas funções.

O Grêmio começou bem. Fez 1 a 0 cedo, com Kleber, em jogada de bola aérea aproveitada por Grolli. Teve mais duas chances em 10 minutos, mas baixou o ritmo e sofreu o empate. O primeiro tempo terminou equilibrado. A equipe teve seus bons momentos, mas nunca uma imposição a partir de sua melhor qualidade técnica, como deveria ser.

Caio Júnior então resolveu retirar Marco Antônio, razoável, e pôr Gabriel, ótimo na pré-temporada. Funcionou tão bem que logo aos 6 minutos o ala fez o 2 a 1. Mas não só isso: o camisa 2 entrou no flanco e Mário Fernandes jogou mais recuado. Jogou como um verdadeiro ala, que ataca pelo flanco e compõe o meio. O problema em 2011 não era Gabriel jogar no meio-campo, mas era o próprio Gabriel como jogador - na lateral ou no meio, sempre fracassou. Mas ele começou o ano voando. Será difícil não escalá-lo desde o começo contra o Juventude, domingo.

Não só Gabriel cresceu: Júlio César também. Atuou como um quase ponta-esquerda, driblando a marcação e cruzando com perfeição, criando perigo o tempo todo. Mesmo sem a companhia de Marco Antônio, Douglas melhorou, entrou mais no jogo. A dupla de ataque também. E Mário Fernandes, por sua vez, deu consistência a uma zaga insegura. No 3-5-2, suas potencialidades de subida podem ser melhor exploradas, e suas fragilidades defensivas não pesam tanto. Aos 27, propiciou arrancada fenomenal, mas Kleber desperdiçou. O Grêmio pode jogar com Gabriel e Mário, sim senhor.

O final do jogo foi a catarse com o gol de Marcelo Moreno, o centroavante tão esperado pelos gremistas. É sempre importante o camisa 9 marcar gol, e em estreia é melhor ainda. Foi o último fato positivo de uma noite cheia de boas notícias para o Grêmio. O ano está recém começando, o Canoas é frágil, mas o Gauchão pode, sim, servir de parâmetro, desde que se faça a avaliação correta. Não que o campeão seja necessariamente um timaço, mas quem costuma jogar bem no estadual dá um bom sinal de que pode ir bem também no restante da temporada.

Em tempo:
- Diogo Rincón está simplesmente roliço. Entrou no lugar de Jé, aquele. Substituição retrô de Marcelo Estigarribia.

Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Piratini - Primeira Fase - 2ª rodada
25/janeiro/2012
CANOAS 1 x GRÊMIO 3
Local: Complexo Esportivo da Ulbra, Canoas (RS)
Árbitro: Fabrício Neves Corrêa (RS)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Gols: Kleber 1 e Marcelão 31 do 1º; Gabriel 6 e Marcelo Moreno 41 do 2º
Cartão amarelo: Diogo Oliveira e Marcelão
CANOAS: Ney (4,5), Carvalho (4,5), Marcelão (5,5) e Mathias (4,5); Marder (5,5), Davi (4,5), Dudé (5), Jé (4,5) (Diogo Rincón, 16 do 2º - 4) e Kauê (4,5); Diogo Oliveira (5,5) e Telê (5,5) (Carlos Júnior, 36 do 2º - sem nota). Técnico: Marcelo Estigarribia (4,5)
GRÊMIO: Victor (5,5), Mário Fernandes (6,5), Saimon (5,5), Grolli (6) e Júlio César (7); Fernando (6) (Gilberto Silva, 23 do 2º - 5,5), Léo Gago (5,5), Marco Antônio (5,5) (Gabriel, intervalo - 7,5) e Douglas (6) (Marquinhos, 31 do 2º - sem nota); Kleber (6,5) e Marcelo Moreno (6). Técnico: Caio Júnior (7)


Comentários

henrique disse…
o gauchão pode às vezes não ser parâmetro se o time vai bem, mas se um time vai mal no ruralito, é por que a coisa tá preta.
Vicente Fonseca disse…
Exatamente. Só não concordo que o Gauchão nunca sirva de parâmetro. Se o time joga bem, ganha com autoridade, é bom sinal. Se pena para vencer, mesmo sendo campeão, é alerta. O desempenho no Gauchão serve de parâmetro; os resultados, nem sempre.
Lourenço disse…
É segundo jogo, é muito cedo e, a bem da verdade, o Caio Junior jamais disse que queria fazer o Grêmio jogar como um Barcelona. Mas é muito engraçado um técnico chegar todo estudado, buscando um esquema europeu moderno e, no segundo jogo, se salvar com um belo 3-5-2.