As deficiências aparecem

O Juventude foi, de fato, um ótimo teste para o Grêmio. Venceu o jogo no detalhe de um gol onde a bola desviou e enganou Victor, mas isso não quer dizer que o resultado tenha sido incorreto. O time de Picoli foi mais organizado que o de Caio Júnior e soube explorar bem as deficiências de uma equipe que ainda não tem formação definida, nem titulares garantidos.

A primeira constatação: se a ideia é o 3-5-2, Júlio César precisa de proteção. Foi ele a melhor arma ofensiva do Grêmio no jogo, mas foi às suas costas que surgiram os mais graves problemas do time. De fato, ele cresce no esquema com três zagueiros. Mas alguém precisa garantir suas subidas para o ataque. Léo Gago, por exemplo, não deu cobertura. É ele o volante pela esquerda. O que se viu, porém, foi Grolli sempre contra dois do Juventude. Não foi à toa que o primeiro gol e outras tantas jogadas de perigo tenham saído por ali.

A atuação de Gabriel foi modesta, piorou com a expulsão, mas a ideia de fazer um revezamento com Mário Fernandes nas subidas pela direita é interessante e pode pegar os adversários de surpresa. Porém, hoje, o 3-5-2 fracassou principalmente pela falta de cobertura a Júlio César e pela ausência de Douglas, sumido completamente do jogo. É o problema de um esquema com um só armador de origem. Claro, os alas podem fazer este papel, e só Júlio César o realizou bem. O esquema fracassou em Caxias do Sul por conta, fundamentalmente, da má atuação individual destes jogadores.

O Juventude se defendeu bem, com marcação cerrada e ofensiva, uma postura corajosa. Rafael Mineiro e Jônatas Belusso foram dois capetas combinando pela direita, Athos organizou o jogo e Zulu foi um homem de referência sempre perigoso. Picoli parece fazer bom trabalho, e a boa campanha no Gauchão e na Série D em 2011 foram dois indícios de que o Papo pode subir este ano, mantendo o bom nível. Hoje, contou com a sorte também: justo no lance da tola expulsão de Bruno Salvador, saiu o 2 a 0. E o Grêmio perdeu a cabeça, e Gabriel, expulso.

O elogio à postura do time, que não desistiu de buscar o resultado em nenhum momento, não é um discurso vazio de Paulo Odone e Caio Júnior. É importante mesmo este tipo de comportamento indignado. Porém, ainda é pouco para quem tanto investiu. Caio Júnior ainda busca o time e esquema ideais, e tem todo o direito de seguir tentando. Convicções, neste momento, podem ser precipitadas e teimosas. É hora mesmo de testar, e não se pode cobrar demais de quem não tem um mês de trabalho à frente do grupo. Mas, claro,  os resultados precisam melhorar, e rápido, sob o pena de evitar complicações neste primeiro turno.

E, não custa lembrar, semana que vem já tem Gre-Nal.

Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Piratini - 3ª rodada
29/janeiro/2012
JUVENTUDE 2 x GRÊMIO 1
Local: Alfredo Jaconi, Caxias do Sul (RS)
Árbitro: Anderson Daronco
Público: 9.492
Renda: R$ 227.225,00
Gols: Zulu (pênalti) 32 do 1º; Athos 14 e Kleber (pênalti) 45 do 2º
Cartão amarelo: Rafael Mineiro, Fernando, Grolli e Kleber
Expulsão: Bruno Salvador 11 e Gabriel 16 do 2º
JUVENTUDE: Jônatas (7), Rafael Mineiro (6,5), Rafael Pereira (6,5), Bruno Salvador (5) e Everton (6); Alan (6) (Martínez, 42 do 2º - sem nota), Deoclécio (5,5), Nem (6) e Athos (6,5) (Tássio, 30 do 2º - 5,5); Jônatas Belusso (7) (Ricardo Filho, 12 do 2º - 6) e Zulu (7). Técnico: Antônio Picoli (7,5)
GRÊMIO: Victor (7,5), Mário Fernandes (5,5), Saimon (4,5) e Grolli (4,5); Gabriel (3,5), Fernando (5,5) (Marquinhos, 19 do 2º - 5,5), Léo Gago (4,5), Douglas (4) (Marco Antônio, 11 do 2º - 5) e Júlio César (6,5) (Bruno Collaço, 35 do 2º - sem nota); Kleber (6) e Marcelo Moreno (5,5). Técnico: Caio Júnior (4,5)


Comentários

juca disse…
Volantes que não marcam e vivem no ataque, este é o principal problema do Grêmio.
Zezinho disse…
Professor, já disseram que o Picolli é a sua cara daqui a 10 anos?
Vicente Fonseca disse…
HAHAHAHAHA

(obrigado pelo "daqui a 10 anos")
Prestes disse…
Até quando não é o Roth, é o Roth...

Que me diz, Zé?
Zezinho disse…
Olha, Prestes, eu gosto do 3-5-2 e os jogadores que o formaram tinha características parecidas com o esquema de 2008.

Só trocaria o posicionamento do Grolli com o Saimon. Deixaria o Alemão na sobra e colocava o guri na esquerda.

O fundamental para o fracasso de ontem, além da baita partida empenhada do Ju, foi o Douglas DORMINDO em campo e os volantes criando latifúndios às costas dos laterais.

Nesse esquema poderia sair Leo Gago e entrar Marco Antônio. Ele sabe fazer a segunda função.

O problema do Grêmio não é técnico. É anímico. É o todo. Por mais que nós saibamos que o Caio Junior quer apenas características do Barcelona no Grêmio - valorização da posse de bola e marcação a pressão -, não fala isso. É dar armas aos adversários.

Além do resto, que eu insisto: gasto pornográfico pra chegar alugar algum - sou comunista demais para aceitar esses ganhos absurdos pra supostos craques -, o meia-armador insolente com lordose e falta de pulso firme - Lúcio, André Lima e Leandro Apartamento ainda correndo no Suplementar é o cúmulo da incompetência.

Juarez treinou times limitadíssimos - assim como Mano e Felipão -, mas sempre organizados e com vontade
Lourenço disse…
É melhor que o Grêmio tenha ganhado algum dinheiro com essas operações que tirou Fábio Rochemback e colocou Léo Gago no time.
Nem é por ontem, mas 2 milhões para comprar o passe do Léo Gago só pode ser esquema.