Com D'Alessandro não tem tragédia

INTER 4 x 2 AVAÍ
Vencer o Avaí era tarefa impreterível para o Internacional em sua busca pela zona da Libertadores. Contra um pobre-diabo que já está na fila para o fuzilamento da segunda divisão, simplesmente não há margem para indultos ou piedade. E a tarefa foi cumprida a contento, ainda que o placar final possa ser enganador caso alguém analise apenas a partir dele. Foi um jogo de dois Internacionais. Um deles, o da primeira etapa, dando show de apatia e incompetência; o segundo, nos 45 minutos finais, disposto a correr atrás do resultado e marcando 4 gols sem muita cerimônia. Obviamente que o segundo panorama agrada bem mais à torcida colorada, ainda que mesmo a partida de superação dê testemunho de que tudo foi mais complicado do que precisava ser.
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Não que o Avaí tenha realmente feito uma boa partida. Ciente de que qualquer ponto arrancado no Beira-Rio já seria um lucro tremendo, o time catarinense veio bem fechadito, jogando a responsabilidade do jogo para o Inter e apostando nos contragolpes em velocidade. Fez o primeiro gol cedo, com Róbson, e aproveitou a deixa para entrincheirar-se mais ainda. O Inter, que tinha uma eternidade de tempo para virar o jogo, enrolou-se todo na própria ansiedade. Uma partida que mesmo com o gol sofrido poderia ser fácil acabou se transformando em um thriller, verdadeira obra de terror psicológico. Três quartos do gramado eram do Inter - mas a parte que mais interessava aos colorados era justamente onde o Avaí se amontoava, em uma retranca cheia de boa vontade e carente de estratégia. E o intervalo chegou com a derrota parcial do dono da casa, deixando um clima de mau agouro no ar.
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Problema, para os avaianos, que D'Alessandro entrou no jogo, e de uma forma não menos que arrasadora. Discreto na primeira etapa, mais correndo e girando com a bola do que tentando de fato jogar futebol, o argentino deu show na segunda metade do jogo. A entrada de Oscar foi positiva, mas foi D'Alessandro quem abriu, com um golpe de bola parada, as portas da cidadela catarinense. O Avaí ainda voltaria a estar na frente, com um gol de pênalti de William no que talvez tenha sido a única escapada do Leão da Ilha em todo o segundo tempo. Mas D'Alessandro empatou de novo, seis minutos depois, não dando tempo para a Tragédia, essa eterna inconveniente, se acomodar nas tribunas do Beira-Rio. Em seguida, D'Alessandro colocou Kleber na cara do gol para fazer o quarto, praticamente escorraçando a indesejada Dona Tragédia. E a visitante resolveu ir embora de vez, bufando de indignação, quando Nei cometeu o insulto final, cobrando falta e fazendo o quarto gol.
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Eis uma das vantagens de ter um jogador como D'Alessandro no plantel: o cara pode nem sempre brilhar, mas quando resolve jogar, saiam da frente. Nem é caso de criar teses sobre a quase dupla personalidade colorada no jogo de hoje: o importante era vencer, e isso foi conquistado. A posição é a mesma (sétimo lugar, com 47 pontos), mas a Libertadores esta agora a míseros e perfeitamente superáveis três pontos de distância. Vencer o Corinthians é agora mais do que um sonho bom: é um passo decisivo, inadiável, que certamente superlotará o Beira-Rio com torcedores ávidos pela festa diante do Timão. Tarefa que estará facilitada, se D'Alessandro repetir a atuação dos últimos 45mins de hoje.
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Internacional: Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Juan e Kléber; Bolatti (Tinga), Guiñazu, Andrezinho (Oscar), João Paulo e D’Alessandro; Jô (Ilsinho).
Treinador: Dorival Júnior.
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Avaí: Felipe; Arlan, Cássio, Gian e Fernandinho; Júnior Urso (Batista), Diogo Orlando, Bruno Silva, Cléverson (Rafael Coelho) e Robinho (Leandrinho); William.
Treinador: Toninho Cecílio.
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Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS). Data: domingo, 16 de outubro de 2011. Árbitro: Wilson Luiz Seneme (SP). Gols: Robinho (Avaí) aos 8min do 1º tempo; D`Alessandro (Inter) aos 7mins, William (Avaí) aos 26mins, D'Alessandro (Inter) aos 32min, Kléber (Inter) aos 34mins e Nei (Inter) aos 38min do 2º tempo. Cartões amarelos: Kléber (Inter); Fernandinho, Júnior Urso e Felipe (Avaí).
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