Técnico novo, solução de sempre

Dorival Júnior passou no seu primeiro teste. Não que o esquema novo, muito mais equilibrado e interessante que o utilizado à exaustão nos últimos 12 meses, tenha já sido um primor. Mas sua estreia na casamata do Beira-Rio era, de certa forma, uma decisão: o Botafogo, com 28 pontos, é um concorrente à Libertadores, algo que o Inter só seria também se vencesse. E não era tarefa fácil: estrear contra uma equipe melhor colocada, muito bem organizada, em Porto Alegre - onde a obrigação era de vitória.

A solução foi Leandro Damião, o salvador da pátria colorada em 2011. O homem que, em apenas um lance, tem salvado o Inter de maus resultados mesmo quando as atuações são insuficientes. Sua presença dentro da área é impressionante. Ao menos uma vez por jogo ele chega de carrinho na pequena área, se antecipando à zaga. Muitas vezes a bola passa por ele, mas em outras ela entra. Isso sem falar no jogo aéreo. Quando vence a defesa pelo alto (maioria dos lances), dificilmente não marca, tal a precisão do cabeceio. Só não faz ainda mais gols porque as bolas que lhe chegam são raras, dada a precariedade do trabalho dos laterais.

Apesar dos dois bons times em campo, a partida foi pouco empolgante e de baixa qualidade técnica. O Inter teve mais posse de bola no primeiro tempo, mas era, novamente, pouco objetivo. Errava passes demais, o que lhe retirava poder de fogo. Pouco adiantava ter a maior parte da posse de bola no campo de ataque se o time ou dava chutões ou errava passes. Pior ainda é a inoperância dos laterais em termos ofensivos. Nei tem a dificuldade habitual, e Zé Mário, que atuou improvisado na esquerda, foi correto na marcação, mas apoia pouco.

Curiosamente, porém, foi a partir de um cruzamento de Zé Mário que o gol colorado surgiu, no início do segundo tempo. Enfim, um tabelamento objetivo com D'Alessandro, uma chegada à linha de fundo e uma boa participação de Jô, que finalmente jogou dentro da área, como um bom atacante deve fazer, e não trancado na ponta, como em Avellaneda.

Ao Botafogo, faltou o que sobrou ao Inter: qualidade na definição. O time de Caio Júnior foi mais consciente em campo, atuou de forma mais correta, mas penou nas conclusões. Herrera não é centroavante e não pode ter a incumbência de fazer os gols de uma equipe. Só rende se for ao lado de um camisa 9, como segundo atacante. O bom Alex foi este homem ontem, mas também entrou pouco na área. Outro fator que colaborou para a pouco efetividade carioca foi a atuação apagada de Maicosuel. O ótimo lateral Cortês também errou bastante.

Uma vitória importantíssima, que recoloca o Inter na disputa por uma vaga na Libertadores. Na verdade, o Colorado nunca esteve descartado dela, apenas distante. Aproximou-se batendo um rival direto, na estreia de seu novo técnico, que já falou em preservar titulares para o jogo contra o Independiente e, claro, o Gre-Nal. Aí, com mistão diante do vice-líder Flamengo, a distância para o G-4 tende a aumentar. Um erro estratégico, que ainda pode ser revisto.

Em tempo:
- Público absolutamente decepcionante no Beira-Rio. Mesmo que o horário fosse ruim, a noite era razoavelmente agradável, o jogo era importante e havia o atrativo da estreia do novo treinador.

- Melhor comentário da noite na transmissão do PFC: "Nei vai levar o Cortês pra tomar um chopp", quando o lateral colorado puxou o botafoguense pela mão. Nei repetiu o puxão pela mão minutos depois, contra outro adversário.

Campeonato Brasileiro 2011 - 17ª rodada
17/agosto/2011
INTERNACIONAL 1 x BOTAFOGO 0
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Paulo Henrique Godoy Bezerra (SC)
Público: 13.014
Renda: R$ 146.725,00
Gol: Leandro Damião 12 do 2º
Cartão amarelo: Elton, Nei, Rodrigo Moledo, Marcelo Mattos e Herrera
INTERNACIONAL: Muriel (6), Nei (5), Bolívar (5,5), Rodrigo Moledo (5,5) e Zé Mário (5,5); Elton (5,5), Guiñazu (6), Andrezinho (5) (Tinga, 34 do 2º - sem nota) e D'Alessandro (6) (João Paulo, 47 do 2º -sem nota); Jô (6) (Dellatorre, 25 do 2º - 5,5) e Leandro Damião (6,5). Técnico: Dorival Júnior (5,5)
BOTAFOGO: Jefferson (6,5), Alessandro (6), Antônio Carlos (5,5), Fábio Ferreira (6) e Cortês (5,5); Marcelo Mattos (5,5) (Lucas Zen, intervalo - 5), Renato (5,5), Maicosuel (4,5) (Cidinho, 39 do 2º - sem nota) e Felipe Menezes (5) (Thiago Galhardo, 17 do 2º - 5); Alex (5,5) e Herrera (4,5). Técnico: Caio Júnior (5,5)


Comentários

Felipe disse…
Guina e Elton na volância acertaram a defesa colorada. Em determinado momento do jogo, falei que o importante era não levar gol que o Damião iria achar um gol espirita e resolver. Cinco minutos depois, Inter 1 x 0.
Felipe disse…
Ao Inter falta uma boa dupla de zaga. Nas outras posições temos bons jogadores e alternativas. E tem que colocar a gurizada pra jogar. Zé Mario é titular!
Vicente Fonseca disse…
Concordo, ainda que eu entenda que falta um segundo atacante de velocidade pra esse elenco. Não é Jô, nem Zé Roberto.

Zé Mário pode começar a ser uma boa alternativa para Kleber, que nem fardou direito em 2011 ainda. Já a lateral direita para mim estará resolvida se Ilsinho por ali jogar. Se não, segue sendo insuficiente.
vine disse…
Só pelo empenho Zé Mário já deveria ser titular.

Depois da sua ausência percebi como o Guiñazu faz falta e joga muito bem.