Empate comemorado, futebol minúsculo

Quando Julinho Camargo afirmou em sua coletiva pós-jogo que o caminho do Grêmio é vencer em casa e empatar fora, a atuação do tricolor em Florianópolis estava explicada. A mentalidade do técnico gremista, pudemos constatar, foi pequena, minúscula, sem ambição. Um espelho da partida que fez seu time em campo.

Os únicos aspectos positivos foram a atuação de Marcelo Grohe e o resultado. Ambos escancaram a mediocridade da partida realizada pelo Grêmio. Nenhum dos setores funcionou: a defesa foi insegura sempre que o Figueirense atacava; o meio-campo não conseguiu conter os avanços dos meias catarinenses (ambos absolutamente comuns) e não criou jogadas para abastecer André Lima; o ataque, por isso, foi inoperante.

Para sorte gremista, falta qualidade de acabamento ao Figueira. É um time que tem se imposto sobre os adversários em casa, mas que esteve em jornada ruim tecnicamente. Fernandes, por exemplo, perdeu gol na pequena área após falha de Mário Fernandes logo no começo do jogo - uma das salvadas de Marcelo Grohe. Com isso, tivemos um jogo de baixíssima qualidade técnica. As poucas emoções ocorriam por problemas defensivos de algum dos times - em 90% dos casos o Grêmio, já que o Figueirense mal foi acossado.

Douglas e Gabriel chegaram a jogar um futebol razoável por cerca de 5 ou 10 minutos na metade do primeiro tempo. Foi o único bom momento gremista na primeira etapa. O jogo foi para o intervalo no momento certo para o time gaúcho, quando ele era mais pressionado. O gol só não saía porque havia chutes como o Rhayner, que arrematou da entrada da área para a linha lateral.

Julinho insistiu na mesma equipe na volta para o segundo tempo, mas o jogo se desenhava idêntico a como terminara no primeiro. Aí, sacou o irritadiço Escudero (sua fúria só se justifica se foi contra sua própria atuação, fraquíssima) e o cai-cai Leandro (precisa de orientação neste sentido, ou vamos ver desperdiçado um jogador talentoso) para as entradas de Lúcio e Miralles. O argentino não teve grande participação, mas o meia-lateral melhorou o time. E piorou o jogo, já que cessou a pressão catarinense, mas não contribuiu tanto para uma melhora ofensiva gaúcha. No lance derradeiro, o jovem árbitro Diego Pombo Lopez inventou um pênalti de Gilberto Silva em Wellington, defendido espetacularmente por Marcelo Grohe com a perna, no contrapé, na cobrança ruim de Elias.

Não foi só por conta deste último lance e da péssima atuação que o resultado foi bom para o Grêmio. É preciso lembrar que o Figueirense chegou para este jogo com a segunda melhor campanha de mandante de todo o campeonato, só atrás do 100% Corinthians: 13 pontos em 15 disputados, quatro vitórias e um empate em cinco jogos. Mesmo que a atuação fosse boa, o resultado assim ainda seria bom olhando por este prisma. No entanto, o que preocupa é a partida que fez o Grêmio. Em 10 dias para treinar, Julinho Camargo não conseguiu realizar evolução alguma. Claro, está há apenas duas semanas no clube, não é tempo suficiente para cobrar uma melhora significativa. Mas a postura preocupa. E as palavras de Julinho, que ajudam a explicar esta noite medonha, mais ainda.

Campeonato Brasileiro 2011 - 10ª rodada
20/julho/2011
FIGUEIRENSE 0 x GRÊMIO 0
Local: Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Árbitro: Diego Pombo Lopez (BA)
Público: 12.298
Renda: R$ 184.585,00
Cartão amarelo: Edson Silva, Túlio, Maicon, Elias, Gabriel, Gilberto Silva, Lúcio e Leandro
FIGUEIRENSE: Wilson (6), Bruno (5,5), João Paulo (5,5), Edson Silva (6) e Juninho (6); Túlio (5,5), Maicon (5), Pittoni (6) e Fernandes (5) (Elias, 21 do 2º - 4,5); Rhayner (4,5) (Heber, 29 do 2º - 5) e Aloísio (5) (Wellington, 14 do 2º - 6). Técnico: Jorginho (5,5)
GRÊMIO: Marcelo Grohe (7,5), Gabriel (5), Mário Fernandes (4,5), Rafael Marques (5,5) e Bruno Collaço (5); Gilberto Silva (5,5), Fábio Rochemback (5,5), Escudero (4) (Lúcio, 8 do 2º - 5,5) e Douglas (4,5) (Marquinhos, 40 do 2º - sem nota); Leandro (4) (Miralles, 8 do 2º - 4,5) e André Lima (4,5). Técnico: Julinho Camargo (4,5)


Comentários

Lique disse…
cada vez mais a decisao por nao acordar as 2:45 da manha pra ver um jogo do gremio fora de casa me parece acertada. infelizmente.
Zezinho disse…
Professor, tu foste gentil - o que vai de encontro com tua elegância.

O Grêmio não foi medíocre. Foi patético, horroroso, pífio, pequeno, ridículo, preguiçoso, moroso, lento, bagaceira, chinelão, escroto, pesado.

Não via um jogo tão ruim desde Atlético/PR 0x0 Grêmio, em 2009. Mas no que compete o Grêmio, não dá para aceitar que um clube PROFISSIONAL, formado por jogadores PROFISSIONAIS, bem remunerados - folha de pagamento muito acima dos R$3 milhões/mês - seja incapaz de trocar dois passes seguidos, arremate a gol apenas DUAS vezes durante 90 minutos, não consiga construir uma mísera jogada decente e trabalhada.

O Grêmio, campeão do mundo, bi-campeão da Libertadores, hexa-campeão nacional virou um time sem ambição, sem vontade. TODA bola nas costas do Gabriel e ele voltava com a velocidade de uma Kombi lotada subindo uma lomba em 3ª marcha.

O custo-benefício desse Grêmio é ridículo. Dez dias para jogar feito mastodontes drogados e bêbados - à exceção de Marcelo Grohe e Mário Fernandes - é patético.

E eu gostaria que algum psicólogo me explicasse porque essas vacas brabras se CAGAM para jogar fora de casa
Vicente Fonseca disse…
dsahdsahsdah

FÚRIA de Zezinho. Legal essa postura. Eu tô na base do conformismo já, infelizmente.

Só discordo do Mário Fernandes. Achei muito mal ontem.
vine disse…
Tu diria que o Marcelo Grohe mereceu o troféu Muslera ontem?
Igor Natusch disse…
Fui acompanhando o jogo no meio a meio - assistia cinco minutos de Paraguai x Venezuela e colocava no Grêmio durante uns 45 segundos. Pelo que deu para ver, foi uma partida horrorosa mesmo.

Não se se compartilho dessa indignação do Zezinho ou mesmo do conformismo professoral de Vicente Fonseca, porém. Acho que talvez, quem sabe, estejamos vendo o começo do que peço há anos: um time pensado a médio prazo. Tenho certeza que faremos um Brasileirão medíocre (fechando campanha lá entre a sétima e a décima-primeira colocação), mas dá para usar esse momento para pensar um time decente para a Copa do Brasil do ano que vem, talvez. De mais a mais, qual o último treinador que começou BEM no Grêmio? Não me venham com Vagner Mancini, por favor - tenho boa memória e lembro das vitórias tenebrosas que ele conquistou em sua invicta campanha.

Agora, tem uma coisa: o 4-4-1-1 com Leandro na segunda linha não está funcionando. Talvez seja hora de rever.
Lourenço disse…
Atuação rídicula ontem, o resultado médio. O time, pelo menos, parece menos exposto que o do Renato, mas não lembro de um jogo como esse, em que o Grêmio não criou uma chance de gol trabalhando a bola.
Zezinho disse…
Eu não estou indignado pelo fato do Grêmio estar na Zona do Limbo. Há alguns meses eu disse que preferiria isso do que uma luta transloucada que não acabará em nada, tipo Libertadores.

O que me indignou foi a atuação de PLASTRAS dos jogadores. Eu só queria poder queimar o salário do Gabriel e persegui-lo com uma carreta descendo a Serra.

Por mim, que se fizesse como 1993/94: times baratos, dignos, feijão-com-arroz, re-estruturando o clube e pagando as dívidas. Não torrando milhões de reais por mês para chegar em lugar algum e com esses ruminantes preguiçosos trotando em campo.

E mais: não adianta falar em apostar nos guris enquanto NABAS do quilate de William Magrão e Bérgson andarem a menos de 1 km da Azenha. Me formem um maldito centroavante!
Vicente Fonseca disse…
Tudo bem não gostar do Willian Magrão. Mas colocar ele no mesmo saco que BERGSON também não, né Zezinho? dshsdhdsah
Chico disse…
O Tricolor escapou da derrota por três motivos: Marcelo, sorte e ruindade do figayrense. No final, infelizmente, foi bom o empate.
Chico disse…
Até quando vamos ter de agüentar as bobagens ditas por Antônio Vicente Martins?

Quando vão contratar um zagueiro de verdade?
franke disse…
o grêmio tá jogando o brasileirão? não sabia