Avanço bolivariano

CHILE 1 x 2 VENEZUELA
"Ay compadreeeeeee!!!! Que Golazoooooooooooo! Bravo Venezuela!! Gloria al Bravo Pueblo!!! Rindamos tributo supremo a nuestros muchachos de la Gloriosa Vinotinto!! Viva Venezuela!! Viviremos y Venceremos!!"
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A citação acima, tirada da conta de Hugo Chávez no Twitter, mostra bem a dimensão eufórica que a classificação venezuelana diante do Chile assume para o país. Trata-se de um sinal marcante de expansão da Revolução Bolivariana, e não digo isso apenas em sentido figurado. Quando a Venezuela era mais politicamente voltada para o Caribe, em especial nos tempos pré-comunismo, o baseball e o basquete imperavam por lá; agora, que a América do Sul é cada vez mais esquerdista e Chávez olha com crescente interesse para o Cone Sul, nada mais natural do que dar gás e incentivo ao esporte que move os corações por aqui - o futebol. Pensem no investimento de Cuba em esportes como vôlei e atletismo e talvez fique um pouco mais claro o que quero dizer.
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Sinais de tal expansão vimos muitos nos últimos tempos - a própria seleção venezuelana tinha vencido o Brasil em alguns amistosos por aí, e não foi a troco de nada que o Caracas deu um suadouro tremendo no Grêmio algumas Libertadores atrás. De qualquer modo, evidente está que essa sensacional classificação para as semifinais da Copa América, além de ser o maior triunfo do futebol venezuelano em todos os tempos, é o mais marcante sinal de que o futebol passou a ser o primeiro esporte no coração do país. E também aponta que, se a coisa continuar nesse pé, podemos estar ganhando um adversário daqueles para um futuro não muito distante.
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Na partida de hoje, é preciso deixar bem claro: não foi uma Venezuela retrancada que venceu o jogo, pelo contrário. Ainda que bastante disciplinado atrás, o time vinotinto chegava sempre que possível, contando especialmente com uma bela jornada de Arango. Saiu ganhando, cabeceio certeiro de Vizcarrondo, e foi aos vestiários dando pinta de que, mais do surpreender, poderia fazê-lo com relativa tranquilidade.
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No segundo tempo, porém, o Chile melhorou. De uma equipe frouxa e atônita, que assistia os avanços venezuelanos e mal chegava à frente, os chilenos metamorfosearam-se e voltaram a ser o bom time que fez campanha sólida na primeira fase. Comandados pelo recém-ingresso Valdivia, os chilenos foram para cima, fazendo por merecer o empate e chegando a ter chances de virar a partida. Só que, aqui entre nós: que futebol vocacionado para a tragédia, o do Chile. Fez uma falta marota, meio longe da área, e apenas assistiu o arqueiro Bravo bater roupa e Chichero, em um carrinho que mais pareceu um golpe marcial, empurrar de sola de chuteira a bola para dentro das redes.
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Chichero, que já havia salvo uma bola em cima da linha quando estava 1 a 0 para a Venezuela, voltou a fazê-lo no finzinho de jogo, quando o Chile jogou-se feito um cão faminto em busca do empate. Surpreendida pela própria apatia no momento decisivo, a seleção chilena acabou tombando diante de uma Venezuela que, para muitos, era pouco mais que uma curiosidade entre os disputantes das quartas-de-final. Não era bem o caso, como agora se vê com bastante clareza. E para os que ainda acham que a esquadra vinotinto está tendo mais sorte que juízo, vale lembrar que o Paraguai ainda não venceu nenhuma partida na Copa América e praticamente não chutou a gol contra o Brasil. Cravar os guaranis como favoritos pode ser tentador, mas não é uma aposta tão garantida assim - e pode dar mais motivos para que Hugo Chávez tuite loucamente, diante de uma TV de plasma no Palácio de Miraflores.
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Comentários

O que mais impressiona e anima no futebol venezuelano é que, quando precisa, eles vão lá e marcam. Coisa que nenhum time da competição parece conseguir ter: proposta de jogo.

Justa semi-final.