Só Neymar, mas até quando?

Neymar desequilibrou no Pacaembu
SANTOS 1 x 0 CERRO PORTEÑO
O clima de fim de jogo dá a entender um resultado diferente do que realmente ocorreu. A torcida santista preocupada com mais uma vantagem mínima que seu time leva para o jogo de volta, enquanto os jogadores paraguaios comemoraram, de certa forma, a magra derrota, que lhes deixa vivos na Libertadores. De fato, haverá jogo em Assunção, mas o Santos encaminhou boa vantagem.

De fato, não era de se esperar algo muito diferente. Santos e Cerro Porteño têm sido econômicos nos gols nestes mata-matas. Os paulistas passaram com 1 a 0 e 0 a 0 contra o América mexicano, e 1 a 0 e 1 a 1 contra o Once Caldas; os paraguaios, com duplo 0 a 0 e pênaltis diante do Estudiantes, 1 a 1 e 1 a 0 contra o Jaguares. Dificilmente se verá partida aberta em Assunção, por mais que o Cerro tente imprimir pressão em La Olla.

Mas quem esperava o time azulgrana fechado hoje se deu mal. Os primeiros 30 minutos foram de equilíbrio levemente tendendo ao lado guarani. Com marcação adiantada no campo santista, a partir dos meias Torres e Julio dos Santos, além dos firmes volantes Cáceres e Villarreal, os paraguaios evitaram a pressão do Peixe, tão esperada pelos que foram ao Pacaembu. O Santos só começou a se soltar e controlar o jogo na parte final do primeiro tempo, e não é coincidência que tenha sido justamente quando houve o crescimento de Neymar.

O camisa 11 incendiou, fez de tudo. Sem Ganso, ele resolve sozinho - e dá conta do recado. Reclamou, no intervalo, ter levado dois tapas na cara durante o primeiro tempo. Mas não se encolheu: com personalidade, foi para cima sempre. Neymar desmontou a defesa paraguaia a dribles várias vezes. A jogada do gol de Edu Dracena foi toda dele. Quem for olhar os melhores momentos do jogo, atente para o posicionamento dos paraguaios. A jogada aguda de Neymar desarticula completamente um dos melhores sistemas defensivos desta Libertadores. Por sinal, um dos raros que o conseguiu parar hoje foi o péssimo árbitro Jorge Larrionda, mal posicionado.

No entanto, tendo apenas Neymar, o Santos corre riscos. Hoje ele cansou de driblar e deixar companheiros na cara do gol, mas mesmo assim eles perdiam chances. E não falo apenas da péssima fase do medíocre Zé Eduardo. Quem lembra do último lance do jogo, quando Alan Patrick perdeu chance sozinho na pequena área? É claro, com Ganso em campo e Elano jogando um pouco mais do que hoje, o Peixe ganha força. Por enquanto, tem sido um time que se defende bem (ao contrário do ano passado, fruto já do trabalho de Muricy) e que conta com um fora de série que resolve as paradas. Não sei se será suficiente para ganhar a Libertadores. Para passar do Cerro talvez seja.

O time paraguaio é muito bem montado, mas algumas escolhas de Leonardo Astrada são inexplicáveis. Iturbe tem sido reserva há algum tempo, e a colocação de Nanni, artilheiro da Libertadores, no banco beira o absurdo. El Jefe só lançou mão de seu melhor atacante aos 29 minutos do segundo tempo. Mal tocou na bola. Para o jogo de Assunção, será peça fundamental.

SANTOS (6,4)
Rafael: fez uma grande defesa meio que no susto logo após o gol de Edu Dracena. Nota 7
Pará: completamente envolvido no primeiro tempo, não comprometeu tanto no segundo. Nota 4
Edu Dracena: bem no combate aos atacantes, marcou o gol da vitória. Nota 8
Durval: compôs dupla segura com Edu Dracena. Discreto. Nota 6
Léo: participou bastante, como de costume. Nota 6
Adriano: penou no começo, mas mostrou a seriedade de sempre. Nota 6
Arouca: garante a estabilidade defensiva do time. Nota 7
Danilo: não é Ganso, mas é dinâmico e acrescenta qualidade na movimentação. Nota 7
Elano: já teve atuações melhores, mas sua experiência é um acréscimo indispensável. Nota 7
Neymar: melhor em campo, desconcertou a defesa paraguaia. Nota 9
Zé Eduardo: a fase de Keirrison é realmente péssima, pois é reserva dele em má fase. Nota 3


CERRO PORTEÑO (6,0)
Barreto: algumas grandes defesas garantiram a derrota por placar mínimo. Nota 8
Piris: seu azar foi que Neymar caiu pelo seu lado do campo. Nota 4
Uglessich: por vezes viril, comandou a defesa na difícil missão de hoje no Pacaembu. Nota 6
Pedro Benítez: bem na bola aérea. Nota 6
César Benítez: alguns bons apoios no primeiro tempo. Nota 6
Cáceres: firme na contenção e bem na distribuição de jogo. Nota 7
Villarreal: segundo volante com boa saída de bola. Nota 7
Júlio dos Santos: segue mostrando o caráter apático de sempre. Nota 4
Torres: mostrou técnica e velocidade, mas por vezes prendeu demais a bola. Nota 7
Fabbro: incomodou demais Pará no primeiro tempo. Nota 7
Bareiro: preso aos zagueiros, participou do jogo menos do que deveria. Nota 5
Nuñez: entrou no segundo tempo para conter os avanços santistas. Nota 5


Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo (SP)
Árbitro: Jorge Larrionda (URU)
Público: 31.434 pagantes
Gol: Edu Dracena 43 do 1º

Foto: Miquel Schincariol/Globo Esporte.

Comentários

Lique disse…
off topic, mas achei relevante: http://www.segundonagaucha.com/2011/05/perdigao-perde-em-sua-estreia-na.html#comments
Chico disse…
Acho que aquele golo que o Santos perdeu no fim do jogo vai fazer muita falta em La Olla.

Neymar fez toda a diferença na partida.