O poder da simplicidade

Júnior Viçosa tem 3 gols em apenas dois Gre-Nais
INTERNACIONAL 2 x 3 GRÊMIO
Perdeu o Gre-Nal quem mais se abalou com a eliminação na Libertadores. A derrota para o Peñarol fez muito mal ao Internacional. De time dominador do clássico de sete dias atrás, o Colorado se viu controlado pelo Grêmio durante parte do primeiro tempo e por toda a etapa final. Foi um time confuso, perdido, muito pior do que o nível dos seus jogadores sugere. Quase conseguiu sair com um empate que, embora ruim como resultado no conjunto da decisão, seria ótimo diante das circunstâncias. Mas nem para manter a igualdade por mais cinco minutos a equipe teve competência.

Renato Portaluppi escalou um time que era pedido desde a semana passada. Tivesse entrado com esta escalação no domingo passado e talvez nem tivéssemos tido Gre-Nal hoje. Nada de excepcional, apenas o simples. Os treinadores acertam quando não inventam. Vilson, de certa forma, resolveu o problema da bola aérea por hoje - o gol de Leandro Damião foi mais fortuito que propriamente uma falha. No meio, em vez de uma procissão de volantes, dois deles e mais Douglas. Abertos pelos lados, Leandro e Escudero, quase numa mesma linha, como meias/pontas. E Júnior Viçosa, o homem das mesmas iniciais de Jorge Veras, na frente.

O primeiro gol do Inter veio após um começo já de domínio azul. Do gol de Andrezinho ao empate de Viçosa ocorreu a meia hora onde o Colorado jogou futebol no Beira-Rio. Foi um primeiro tempo aberto, lá e cá. O Grêmio não se abalou com o tento sofrido e criou diversas chances até conseguir o justo empate, mas cedia espaços ao time da casa, que tinha em D'Alessandro um homem de intensa movimentação. Foi uma etapa inicial igual, de alternância de domínios, bom jogo.

Aí, veio o intervalo, e o apagão. É impossível não colocar boa parte da conta destas derrotas no nome de Paulo Roberto Falcão. É problema direto do treinador o time voltar do intervalo e levar gol aos 15 segundos, como contra o Peñarol, e aos 40 segundos, como hoje. É inadmissível que a situação (sofrer gol sem sequer tocar na bola na largada do segundo tempo) se repita quatro dias depois.

A diferença é que o apagão, que quarta passada durou 5 minutos, desta vez durou 45, mais os descontos. Só o Grêmio jogou no segundo tempo. Embora não seja melhor tecnicamente, foi ao menos organizado. A atuação do Internacional foi simplesmente constrangedora: erros de passes bisonhos, nenhuma criatividade, fragilidade defensiva. Leandro, muito boa atuação, marcou o gol na tabela com Júnior Viçosa. Os contra-ataques gremistas passavam por ele, ou por Douglas, quando distribuía. Com o sumiço de D'Alessandro, Mário Fernandes cresceu no jogo. O pecado gremista foi não ter matado o jogo. O 3 a 1 sempre esteve mais perto do placar que o 2 a 2.

O gol de Leandro Damião foi um castigo, a primeira chegada do Inter no segundo tempo com real perigo. Mas o gol de Júnior Viçosa, quase idêntico ao primeiro - falha clamorosa de Renan na saída do gol, coloca um placar que traduz o que foi de fato o jogo. O campeonato não está acabado. Falcão terá enfim uma semana para trabalhar e tentar uma virada consagradora no Estádio Olímpico. De toda forma, é um final de domingo muito diferente do que se imaginava há exatamente uma semana, quando o Grêmio achou um empate no Beira-Rio mesmo tendo atuação sofrível. Se faltam titulares e são esperados reforços que encorpem o elenco, ao menos Renato consegue descobrir um caminho para suplantar as carências atuais. Caminho que estava diante dos seus olhos, mas que ele teimava em não ver.

Foto: Edu Andrade/Gazeta Press.

Comentários

luís felipe disse…
os gols passaram agora no Fantástico.

deu pra ver a grande atuação de Renan, que salvou o Inter de levar mais gols.
Igor Natusch disse…
O segundo gol do Inter foi um dos lances mais fortuitos que vi no futebol em um bom tempo. O Inter simplesmente não existiu no segundo tempo, enquanto time de futebol. Fiquei sinceramente impressionado com a falta de fibra do Inter hoje, sério mesmo, sem flauta. Mesmo quando o jogo era igual (e o jogo foi no máximo igual, em momento algum o Inter foi mais time que o Grêmio), o Internacional chegava apenas no contra ataque, sem imposição técnica - o que, considerando a diferença de classe dos dois times, seria praticamente uma obrigação para o colorado. Mas OK, Renan abusou do fator DIRCEU BORBOLETA hoje, sem dúvida =P

Escudero e Leandro só podem sentar no banco na medida em que forem contratadas opções melhores. No momento, ambos se impõem como titulares - e me entristece ver que esse mesmíssimo time podia ter sido escalado no Chile, com melhores chances de um bom resultado do que o covarde e desinteressado Grêmio que cedeu a vaga na Liber 2011 como uma criança medrosa cede o dinheiro do lanche ao valentão no recreio.

Júnior Viçosa = Jorge Veras.
Sem mais.
Samir disse…
Escudero fez um excelente primeiro tempo, no segundo caiu um pouco.

Viçosa fez dois e podia ter feito 4, mas absolvido pela inteligência nos dois gols q fez. Metade dos atacantes tentaria dominar a bola.

Segundo gol do Inter foi fortuito, e foi erro de Gilson, que ficou dando condições qdo toda a zaga saiu.

Mario fez um bom segundo tempo, Fernando fez a melhor partida com a camisa do Grêmio e Rockemback foi ele, mais uma vez.

Sinto o mesmo que o Igor, uma raiva por saber q um time mto parecido poderia ter entrado em campo na quarta e, qm sabe, nossa sorte fosse diferente.

Por fim, um dos melhores grenais, principalmente na primeira etapa, que vi na vida. Se jogou futebol, franco, ofensivo. Gostei mto
Vicente Fonseca disse…
Eu achei o Fernando mal. Ok, ele distribui bem o jogo, mas perde bolas fáceis, errou alguns passes perigosos e desarma pouco. Mas já vi quem concordasse contigo, Samir.

O Gre-Nal foi um dos melhores que vi pelo resultado e pela BAGUNÇA que fizemos no tapete da casa do Marcos Pfeifer hoje.
samir disse…
Concordo q em alguns momentos ele foi bem relapso, inclusive armou um contra-ataque do inter q andrezinho concluiu pra boa defesa do MArcelo. Mas acho q é algo q pode ser aprendido. Mas a qualidade da saída de jogo com ele e com Rockemback é de outro nível.
Marcelo disse…
Achei o Fernando horrível. Considero a suspensão dele para o próximo grenal como reforço. Rockembach continua jogando muito, e o Marcelo novamente crescendo no grenal.
Sancho disse…
Os Gre-Nal vêm sendo bons como regra há algum tempo...
luís felipe disse…
vendo agora o compacto no Lance Final, passo a concordar integralmente com Igor Natusch: Renan foi apenas um mero e simples detalhe do clássico.

Seu posicionamento, inclusive, era adequado nos dois gols. No primeiro gol, ele tentou deixar o atacante do Grêmio em impedimento e não chegou a tempo; no segundo gol, ele tentou apenas bater o recorde mundial de gols de cabeça sofridos fora da área. Hoje ele chegou aos 10 e superou o recorde anterior, de Gonzalves Castellano, goleiro do Atlético Huila em 1986.

Renan é realmente um injustiçado. Peço perdão a todos.
Igor Natusch disse…
Se eu soubesse que meu humilde comentário iria te provocar tanta DOR PSICOLÓGICA, eu teria declinado de fazê-lo, meu amigo ^^

Renan falhou nos dois gols - em especial no segundo, que foi de fato fruto de um posicionamento bizarríssimo do arqueiro colorado. Mas perceba que, por ex, o Renan ficou cara a cara com o atacante gremista nos três gols sofridos - isso sem contar pelo menos dois lances na etapa inicial, onde a providência e a falta de mira de Viçosa foram decisivas. Ou seja, Renan foi exposto em sua ruindade por um sistema defensivo dos mais claudicantes, que não achou a marcação em momento algum da partida. E por aí se começa a explicar a derrota do Internacional - que certamente passou por Renan, mas que não foi de forma alguma resultado exclusivo das duas trapalhadas do arqueiro colorado.
Vicente Fonseca disse…
Pois é, Renan se especializando em tomar gols de cabeça de fora da área. Culpadíssimo, mas concordo com o Igor quando aponta que os zagueiros também têm culpa. No terceiro gol, até os volantes são culpados: o Lúcio tem espaço livre para conduzir a bola e cruzar lá do meio-campo.
Zezinho disse…
Importante ressaltar que o possível fracasso do 4-4-2 britânico de Falcão e essa diagramação tática do Grêmio, com dois ponteiros, foram profetizados e pedidos, respectivamente, aqui no Carta na Manga.

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Fernando foi terrível mais uma vez. Criou um contra-ataque desnecessário para o Inter quando o jogo estava 1x0 e errou muitos passes no primeiro tempo. Embora eu o xingue muito no Twitter (abraço, fãs do Restart), prefiro que ele seja testado e amadureça, mas sem comprometer tanto.

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Discordo dos amigos quanto ao erro de Gílson. No gol do Inter houve erro de posicionamento. Ele fez o certo, ficou marcando o adversário dentro da área, ao invés de marcar a bola. Ali era para estar Vílson, Neuton ou Viçosa.

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As falhas do 4-4-2 britânico em muito consistem na diferente cultura do futebol brasileiro.

A primeira linha de 4 não pode ser formada por 4 defensores lentos. Qualquer ataque que passa 2-1, triangulações ou ultrapassagem em velocidade irá envolvê-la.

E a cultura do Brasil prescinde de um camisa 10 típico, armador, que centralize o jogo, que seja o protagonista, como D'Alessandro. Na segunda linha de 4, essa figura desaparece. Não à toa, o principal jogador do Inter tem sido o Andrezinho

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Eu já havia comentado com o Vicente que eu achava que o Sobis não seria um bom reforço pro Inter, caso renovasse. Ele perdeu o arranque, seu diferencial.

Bolívar, Tinga e D'Alessandro estão jogando no carteiraço. Nei e Renan, estão jogando por falta de opções.

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Medo dessa semana GreNal.

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Quem é Borges? (DE BRITO, Juliana. Twitter pós-GreNal, 2011)
Vicente Fonseca disse…
Pois é, eu estou me entregando quanto ao Sobis. O Tinga há tempos não é o mesmo, mas o Sobis eu esperava resposta bem superior.
André Kruse disse…
Eu gostei do Fernando ontem e no Grenal anterior. E sou um dos que vi com desconfiança os elogios feito a ele no início do ano.

Ele errou alguns passes no primeiro tempo, mas contribuiu muito pra grande partida do Rochemback. Os dois se revezaram bem na 1ª e 2ª funçoes do meio campo.
felipesfranke disse…
Os Grenal foi mto bom pela movimentação, no jogo e no placar. Mas ainda foi muito ruim tecnicamente. Note-se que 3 dos 5 gols ocorreram mais por falha que por méritos.

Ao campeão ficará o risco do fardo de achar que é um bom time e que está pronto para o Brasileirão. A vantagem é que, nesse início de ano, não vejo nenhum time próprio - independentemente da ruindade dos outros - com cacife pra ser campeão, para o qual talvez uns 35 pontos sejam suficientes.
felipesfranke disse…
Seja como for, o que MAIS gostei, DISPARADO, no Grêmio, foi levar gols DUAS vezes - sempre quando jogava melhor - e NÃO SE ABATER. Se o time jogar assim, já fico feliz e compro camisetaS.

(No Inter, o que mais gostei foi o Renan.)
Mário disse…
Gílson, além de ruim, é azarado. Explico: o lance do segundo gol do Inter surgiu de um escanteio entregue pelo Gílson (ele foi dominar, fazer alguma coisa estranha perto da linha de fundo e deixou a bola escapar). Na sequência, sobra de bola pro Kleber, chuveirinho e o Leandro Damião cabeceia. A bola iria nas mãos do Marcelo Grohe - não fosse a presença agourenta dele, Gílson, pra desviar a bola para o canto do gol.

Esse tipo de furo não pode passar despercebido, apesar da boa atuação do time. Ainda não vi o Fernando fazer uma atuação no nível das que fez no sub20.

De resto, acho que o Renato simplificou: colocou o Escudero pra fazer a função que o Lúcio sempre desempenhou nos melhores momentos do Grêmio de 2010, substituiu um zagueiro que vinha falhando (Rafael Marques) por um mais seguro (Vílson) e trocou um centroavante que vinha jogando no nome por um no mínimo esforçado.

Uma questão: Mário Fernandes não foi nada extraordinário, mas não foi melhor do que o Gabriel de 2011?
Paul disse…
O carta na mesa volta hoje ao seu horário normal (pelas 14:00hs), ou vai continuar saindo só no final do dia?