Resultado da maturidade

Leandro Damião marcou seu 18º gol na temporada
PEÑAROL 1 x 1 INTERNACIONAL
O jogo foi difícil como se esperava, mas o Internacional obteve um grande resultado. O Peñarol, menosprezado por grande parte da imprensa brasileira, dominou o primeiro tempo. Realizou aquela pressão na primeira metade, mas foi justamente quando o Colorado equilibrava as ações que o gol de Corujo, no contra-ataque, saiu. No segundo tempo, porém, a história foi outra.

Não chegou a haver grande futebol de parte da equipe de Falcão. Mas houve algo tão importante quanto: maturidade. Poucos times na América do Sul, talvez nenhum, sabem disputar uma competição como a Libertadores quanto este experiente elenco do Inter. A equipe em nenhum momento se afobou. Passou a ter o controle do jogo sem sequer jogar muito bem: trocou passes com paciência, manteve a posse de bola, enervou os uruguaios, confiou na qualidade individual de seus jogadores.

Houve, evidentemente, sorte no lance do gol. Sorte, entretanto, não é demérito. Vejam: o Peñarol sofreu um gol de contra-ataque quando ganhava o jogo e mais se defendia que tentava o ataque. O Inter melhorou com a saída de Sobis e a entrada de Oscar: saiu um atacante que estava perdido no jogo e entrou um meia rápido, que facilitou a transição entre meio e ataque, algo que faltou durante todo o primeiro tempo. Além desta troca bem feita por Falcão, é de se ressaltar a bela atuação de Bolatti. Discreto e eficiente, como deve ser um bom volante.

O resultado é excelente. O Inter teria que fazer 2 a 0 no Beira-Rio para se classificar, e agora basta um empate sem gols. Mesmo assim, longe estamos de uma definição para o confronto. Embora o Inter tenha mais time e obtido um bom placar no Centenário, o Peñarol é extremamente traiçoeiro. Mier e Martinuccio, além da velocidade, são jogadores de qualidade no avanço. E hoje, lembremos, não jogou Olivera, principal peça ofensiva da equipe. Quem calçar salto-alto pode cair no meio do salão.

FLUMINENSE 3 x 1 LIBERTAD
Resultado absolutamente enganoso no Engenhão. O Fluminense fez um gol cedo com Rafael Moura, o que deu tranquilidade para uma boa atuação no primeiro tempo. Na etapa final, porém, os paraguaios encaixotaram o time de Enderson Moreira. Descobriram também a deficiência crônica de Ricardo Berna para sair debaixo das traves. O empate em 1 a 1 saiu ao natural e até era barato pelo que se desenhava.

O Flu, então, achou dois gols na qualidade individual de Marquinho e Conca - que vem jogando pouquíssimo. É um candidato ao título, sem dúvida, mas precisa de ajustes e não matou o confronto ainda. Tem sérios problemas defensivos (não só Berna, mas a zaga é falha por cima também), por exemplo. Outra coisa: um ataque com dois centroavantes, Fred e Rafael Moura, não se sustenta a longo prazo. Por mais qualificados que sejam, se anulam em campo em vez de se complementarem. Enderson terá que achar uma alternativa. Araújo talvez seja a mais concreta para o momento, embora não seja retorno garantido.


CAXIAS 0 x 1 CORITIBA
Resultado mais que esperado. Simplesmente a 22ª vitória consecutiva do Coxa, que é favorito no confronto contra o Palmeiras, pelas quartas de final.


Três meses, 12 jogos, um gol
Carlos Alberto foi dispensado pelo Grêmio. Tal qual Amoroso em 2007, veio para ser uma das estrelas do time na Libertadores, mas fracassou e foi embora antes do tempo. Quando chegou, em janeiro, torci o nariz num primeiro momento, embora admitisse que era a contratação de maior impacto do futebol gaúcho para a temporada - não só pelo aspecto polêmico, mas pelo futebol que um dia ele já jogou (e como jogou).

O que chama a atenção é sua saída ter ocorrido dois dias após a consumação da maior crise do Grêmio no ano, com o time prestes a ser eliminado da Libertadores. Surgirão inúmeros boatos, e é irresponsabilidade ficar conjecturando em cima do que se não tem certeza. A impressão que dá é que a direção realizou um diagnóstico das razões da crise, e talvez Carlos Alberto e seu comportamento intempestivo e problemático possa ser uma delas. Mais eu não posso avançar neste raciocínio, por falta de informações mais concretas.

De toda forma, não fará falta. O Carlos Alberto de 2003 a 2005 seria grande reforço, mas o atual não colaborava com quase nada. O Vasco, aliás, já avisou que não quer vê-lo nem banhado a ouro.


Foto: Alexandre Lops.

Comentários

Luiz Paulo Teló disse…
Óbvio que não fará mágica no Grêmio a saída do Carlos Alberto. Mas o jornalista Lúcio de Castro, da ESPN, um cara sério, que não diz bobagem nem notícia inventada, veio com a informação, há uma semana, dando conta que, de dentro do Vasco, muitos atribuem à saída do CA como um dos principais fatores da melhora do time e do ambiente.
Sancho Juarez Roth disse…
Quer dizer que o time melhorou com um atacnte só e um meia a mais?!
André Kruse disse…
é irresponsabilidade ficar conjecturando em cima do que se não tem certeza

Parabens pela postura.

Sancho,

Era meia ou um era um "winger"?
Vicente Fonseca disse…
Valeu, André.

Era "winger", a meu ver.
Luiz Paulo Teló disse…
Para "Pedros Ernestos Denardines" da vida, se ganha e perde jogo simplesmente por ter 1 ou 2 atacantes e/ou 2 ou 3 volantes.

Isso tem me incomodado bastante.
Sancho disse…
É difícil denominar.

"Winger", no meu entender, é ala. O problema é que nossos laterais já são ofensivos por natureza, e o ala que só faz o corredor -normal na Europa- se confunde com aqueles por aqui. Aí, tem que ler aquelas bobagens do tipo que ala, para ser ala, tem que fechar pelo meio (CARLET, Wianey).

Ademais, jogador muitas vezes não ocupa uma única faixa do campo, e pode mudar de posição diversas vezes.

Para facilitar: se abre nas laterais e chega no fundo, é ala/winger; se joga pelo meio, e articula as jogadas de ataque é armador/enganche; se carrega a bola e se junta aos atacantes, é ponta-de-lança/meia-atacante (ou até "falso-nove").
Sancho disse…
Para visualizar, o Inter de 2006 é um bom exemplo:

a) ala - Jorge Wagner;
b) enganche - Alex;
c) ponta-de-lança - Fernandão.
Zezinho disse…
o jogo foi bem isso que o Vicente falou. Assino embaixo, sobretudo em relação ao 'copeirismo' do Inter e à qualidade do Bolatti.

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O zagueiro do Peñarol cometeu um erro infantil no gol do Inter. O Damião esperou a bola ir ao seu encontro, e não o contrário. O defensor deveria ter se antecipado e a cortado ou, ao menos, encurtar o espaço.

Mas não. Ele deixou o Damião dominar, recuou até a entrada da área e fez-se o crime.

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Passagem do Carlos Alberto foi melhor que a do Leandro

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Claro que há muitos méritos em se conquistar 22 vitórias consecutivas. O Coxa tem um bom time, sobretudo do meio pra frente. Rápido, entrosado e fazendo várias triangulações.

No entanto, falta um lateral-direito confiável, um centroavante mais regular e banco. E Marcos Aurélio, principal jogador do time, para por algumas semanas.

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Tem torcedor do Coxa querendo se comparar ao Palmeiras, para ver quem é o verdadeiro 'Verdão'.

Mas os últimos títulos expressivos do Coxa são a invencibilidade de mais de 1000 dias no AtleTiba e o recorde de 22 vitória consecutivas contra Bambalas e Arimatéias; do Atlético, estar há 16 anos consecutivos na Primeira Divisão.

É a velha síndrome do PINSCHER que pensa ser um PITBULL
Zezinho disse…
Sancho,

Acho que a diferença conceitual entre ala e winger é que o ala é o jogador de lado na linha de 5 do 3-5-2, com uma atribuição mais defensiva, embora não tão defensiva como o ala brasileiro, que quase faz um 5-3-2.

O winger é o meio-campista de lado da linha de 4 do 4-4-2. Tal como o ala original, ele só joga do meio para frente, mas suas atribuições são essencialmente ofensivas, visto que o lateral pouco sabe. Seria como se os ponteiros do 4-2-4 fossem recuados para o meio-campo.

O enganche é o velho ponta-de-lança, o quarto homem de meio-campo do 4-4-2 em losango ou o 4-1-2-1-2.

O Fernandão é um belo exemplo de falso-9. Faz o papel de um pivô de basquete, tal como o Tostão fez em 1970.

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Para mim, o Oscar foi segundo ponta