Um Damião de gols

Minha sincera esperança é que a inoportuna flauta de Leandro Damião - que comemorou seu terceiro gol lembrando os oito minutos de acréscimo dados no jogo de quarta, entre Grêmio e Caxias - não se torne mais importante do que o belíssimo jogo de futebol que tivemos chance de assistir. Se é verdade que a decisão da Taça Piratini foi tão emocionante quanto, creio que hoje nós tivemos um confronto ainda mais intenso, do ponto de vista futebolístico, do que o da última quarta-feira. De um lado, a qualidade de jogo do Caxias, que mostra suas credenciais para assumir o posto vago de terceira força do futebol gaúcho. Do outro, Leandro Damião - que conseguiu brilhar acima de uma atuação confusa do Internacional, fazendo os três gols e ainda protagonizando a flauta que, talvez mais do que o jogo, ocupará as manchetes no começo desta semana.
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O Caxias foi mais ou menos o mesmo time que sufocou o Grêmio em boa parte do jogo de meio de semana. Firme na marcação, veloz nos contra-ataques, abrindo pelas pontas de forma sempre incisiva. Fez o gol cedo, com Itaqui, e podia até ter feito mais antes do empate colorado. O Inter, por sua vez, estava pesado em campo, tocando a bola com pouca agudez. Mas contava com o brilhantismo de Leandro Damião, que já fez quase 1,5 gol por jogo nessa temporada. Em uma sobra de bola do goleiro Sangalli, empatou a partida e recolocou o Inter nos eixos. O jogo equilibrou-se, ganhou em emoção, e a sucessão de ataques de lado a lado era de impressionar. Oscar, em ótima partida, foi decisivo nessa reação colorada. Zé Roberto, por sua vez, jogou pouco, e o pênalti que desperdiçou só veio ressaltar sua má jornada. De qualquer modo, o 2 a 2 parcial demonstrava muito bem todas as emoções de um ótimo primeiro tempo, dos melhores que o Gauchão viu nos últimos tempos.
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A segunda etapa, porém, testemunhou uma notável queda de ritmo. A diminuição de intensidade passou não apenas pela postura mais cautelosa dos dois times, mas também pela diminuição das falhas individuais - que contribuíram, elas também, para a rapidez insana da segunda metade do primeiro tempo. O terceiro gol colorado, em cabeceio impressionante do matador Leandro Damião, surgiu depois que Celso Roth mexeu no time, tirando o pouco efetivo Zé Roberto e colocando o interessado Rafael Sóbis. A expulsão tola de Lima, em uma falta absurda pela falta de noção, somava-se à desvantagem de gols e parecia deixar o Caxias sem forças para buscar o placar. Mas Everton, outro que jogou muito hoje, tirou um coelho da cartola e conseguiu empatar a partida. Um placar justo com o que foi o jogo - não apenas na quantidade de gols, mas também na igualdade de forças dentro da partida.
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Pena que Leandro Damião resolveu comemorar seu terceiro gol com uma corneta contra o Grêmio, ao invés de homenagear a própria torcida e atuação. Em um ambiente cada vez mais tenso (e sem graça) como o futebol, a provocação entre jogadores nunca é o melhor caminho. A falta de humor, infelizmente, é generalizada - sem contar que insinuar favorecimento ao Grêmio coloca na roda um árbitro que nada teve a ver com o jogo de hoje, o que é um tanto injusto na minha opinião.
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De qualquer modo, não é bom dar a esse incidente mais atenção do que merece. Damião está jogando uma enormidade, como há muito tempo não se via um centroavante fazer nas cercanias do Beira-Rio. E vale a pena ressaltar que Caxias 3 x 3 Inter foi mais uma ótima partida em um campeonato que é acusado, ano após ano, de não servir para nada - e que, ao menos em 2011, está nos presenteando com uma quantidade bem razoável de bons jogos. Que continue assim.
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Em tempo: notícias do RJ dão conta de que Muricy Ramalho estará disponível em breve, o que tem significado há anos o fim da estabilidade de qualquer treinador que esteja no Beira-Rio. Considerando a (de novo) questionável coletiva pós-jogo de Celso Roth - na qual incensou o pouco eficiente Zé Roberto e fez duras ressalvas à atuação de Oscar, prata da casa e boa atuação - não é tão absurdo assim imaginar que a sua estabilidade no cargo já tenha sido maior, mesmo sem nenhuma derrota realmente constrangedora em 2011. Vejamos como vai a convicção da direção colorada.
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Preguiça e fiasco
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No Olímpico, o Grêmio deu o tom do que será a sua participação na Taça Farroupilha: preguiçosa, distraída e pouco interessada. Jogando com um time bastante descaracterizado, perdeu por 2 a 0 para o bom e aplicado Cruzeiro-RS, um derrota absolutamente natural dentro das circunstâncias da partida. O primeiro tempo foi, além de fraquíssimo, equilibrado - mas na segunda etapa, já perdendo e com a fiasquenta expulsão de Carlos Alberto, a coisa degringolou de vez. Aliás, foi muito bem expulso, pois já tinha amarelo e simulou pênalti com todo o talento teatral de um Cigano Igor. Acrescente-se que Renato Portaluppi não tinha nada que invadir o campo para debochar do juiz, o que deixa tudo ainda mais constrangedor. O Cruzeiro lidera o grupo, tem saldo altíssimo de dez gols e credencia-se para disputar com boas chances o título da Farroupilha e a vaga na grande decisão, quem sabe até uma Copa do Brasil. Já o Grêmio deve aproveitar os jogos como uma boa preparação para a Libertadores - e que faça isso de verdade, ao invés de desperdiçar úteis cotejos colocando atletas que não jogam juntos nem em treino recreativo.

Comentários

Vicente Fonseca disse…
Sendo um pouco maldoso, acho que o Renato forçou a expulsão para não treinar em jogos no interior. hehe
Zezinho disse…
E esse Éverton, hein?
Praticamente o CRYUFF dessa Polenta Mecânica.

E ainda fez um gol à la Ghiggia.

É, Professor, quando não é o Itaqui velho, é o Itaqui novo quem pune. Sem falar do Itaqui sobrinho, nosso Gerethez

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Cruzeiro será o Campeão Citadino desse ano?

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Natusch, o Oscar não é prata-da-casa do Colorado. Se profissionalizou no São Paulo e, depois do imbróglio judicial, foi ganhar uma mariolas no Menino Deus.

Mas, sim, concordo com a crítica =]
samir disse…
Renato é gênio. Sabedouro que a expulsão de CarlosAlberto acarretaria em vaias ao jogador, q nada produziu, entrou em campo e passou a responsa pro juiz. Tanto é q a torcida, imediatamente aplaudiu o nosso eterno ponteiro. Preservou o jogador.

Renato é gênio!
Lique disse…
o renato protege o carlos alberto como se fosse seu FILHO.
Sancho disse…
Também achei que a atitude do Renato foi maquiavélica.

A comemoração do Damião deve ser ENALTECIDA. Na hora, não acreditei. O narrador do PPV nem sequer entendeu. Depois, fiquei bravo. No fim, dava risada lembrando.

Soma-se ao Renato de chapéu e charuto comemorando a vaga na final. É dessas coisas que o Gauchão PRECISA para ser revalorizado.