Bom cochilo

Confesso com toda a sinceridade que acabei embromando um bocado antes de começar a escrever a crítica do jogo entre Inter e Novo Hamburgo, válido pela Taça Farroupilha. Por vários motivos, mas um deles em especial: o jogo foi chato demais. Arrastado, sem alternativas, sem acontecimentos dignos de nota, uma verdadeira marcha solene do nada rumo a coisa alguma. Seria até justo se os quase 12 mil abnegados que foram ao Beira-Rio recebessem, ao sair do estádio, um vale, que pudessem usar para entrar gratuitamente em alguma outra partida do Gauchão. Porque essa, definitivamente, não valeu o ingresso.
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Nada a questionar quanto à escolha colorada por reservas - afinal, o Inter jogou na Bolívia no meio de semana, nada mais natural que dar um respiro aos atletas titulares depois da desgastante viagem. Mas dá para tecer críticas, por exemplo, ao meio-campo com três jogadores de cacoete defensivo (Wilson Matias, Guiñazu e Glaydson) e apenas um corajoso e solitário articulador (Andrezinho). Talvez a ideia de Celso Roth fosse usar Rafael Sobis como uma espécie de bengala de Andrezinho, recuando mais, oscilando nos limites de um 4-5-1. Mas, se a ideia era essa, dá para dizer que definitivamente não funcionou. O Internacional virou um 4-3-1-2 meio despropositado, já que a robustez defensiva não encontrava qualquer contrapartida no Novo Hamburgo, que demonstrou o tempo todo que ficaria bem feliz com um empate sem gols. Ou seja, uma equipe não atacava por falta de quem tomasse iniciativa, a outra porque não fazia lá muita questão. Querer gols em uma partida dessas era, no mínimo, demonstração cabal de wishful thinking.
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Oscar entrou, mas não conseguiu render o que se esperava dele - talvez pelo cansaço da viagem, talvez pela marcação severa do Noia, provavelmente pela soma desses dois fatores. A entrada de Leandro Damião foi igualmente inútil, e a opção pela saída de Cavenaghi, quando Rafael Sóbis era bem menos produtivo, entra na conta das substituições questionáveis de Celso Roth - uma conta que, como sabemos, tende ao infinito. Quando Damião entrou, o treinador Julinho Camargo neutralizou imediatamente a alteração, colocando Vinícius como terceiro zagueiro. Aliás, o Novo Hamburgo praticamente não fustigou o Internacional, mas merece elogios por ter proposto um modo de jogo e segui-lo até o fim, marcando sempre forte e com profunda disciplina tática. Queria o empate, e saiu com o empate - ou seja, foi bem sucedido.
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Não dá para fazer muitas teorias em cima de um jogo como esse. Foi uma partida ruim, daquelas de dar sono, ainda mais com o ligeiro calor na tarde de Porto Alegre. Não é um bom resultado para o Inter - está em segundo lugar no Grupo 1, com cinco pontos, e o líder Lajeadense ainda vai jogar com o Caxias, no domingo. Mas convenhamos que também está bem longe de ser uma tragédia capaz de provocar estupor e desespero nas cercanias do Beira-Rio. O anilado, por sua vez, volta na bagagem com um pontinho dos mais satisfatórios e merecidos. E ficamos por isso mesmo, que esse jogo já rendeu texto até demais.
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Foto: Bruno Colombo/ECNH

Comentários

Zezinho disse…
Pois é, Presidente, confirmou-se aquilo que eu imaginava: no primeiro teste de fogo, Leandro Damião falhou e não conseguiu vazar Eduardo Martini.

Nóia marcou muito bem, soube tocar a bola com extrema inteligência e acurácia na saída de jogo, fazendo triangulações pelos lado do campo, sobretudo o direito. No entanto, pecou em demasia no último passe.

Russo fez boa partida - o que não é de seu feitio. A dupla de zaga, após um começo vacilante, ganhou todas dos avantes colorados. Fabinho, por sua vez, foi mal, sobretudo no apoio.

Bosco também fez uma partida anormalmente boa, além de bater muito. Márcio Hahn é segundo o melhor volante do Gauchão, atrás somente de Rockembach. Eduardinho é o motorzinho anilado.

Os problemas, como se viu, estão na frente. Em seu terceiro jogo como titular, Juba foi bem, voluntarioso, saiu para dar combate, chamou o jogo. No entanto, quando saía, o Nóia perdia seu homem de referência. Michel ficava isolado na ponta e pecava demais no momento da assistência. Rodrigo Mendes jogou como armador, longe de seu habitát natural, a grande área.

Essa é uma tecla que eu bato insistentemente. Michel está sem futebol e físico para ser titular do Nóia - portanto, faria gol no Grêmio. A dupla de ataque deveria ser Juba e Rodrigo Mendes, pois ambos sabem ser jogador de lado e de referência. Na articulação, Eduardinho; como apoiador Juninho. Um time rápido para explorar contra-ataques.

No lado alvi-rubro, más jornadas de Rodrigo Coca-Cola e Rafaem Sóbis. Juan, na lateral, foi bem.

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Se o Novo Hamburgo vencer o Canoas/Uniesquina, será o campeão metropolitano de 2011, repetindo o feito de 1937

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Lamentável o título do texto. Estava apelando pro Lexotan cada vez que uma raposa felpuda encarnada pegava a bola - e xingando todas as gerações de progenitoras promíscuas de Fabinho e Michel quando estes erravam passes fáceis
Milton Ribeiro disse…
Quase dormi na arquibancada. Vi as obras, conversei com os caras que vendem picolés, com amigos. Num momento fiquei de costas para o campo por uns 10 minutos. Nada aconteceu.
Milton Ribeiro disse…
A propósito, para que serve essa bomba de campeonato?
Sancho disse…
Para ser campeão. Não é para isso que campeonatos servem?

Times fracos servem para serem sacrificados; enfiar 4, 5. Para a crtainaçada achar que torce para uma versão local do Barcelona.

Quem não aproveita isso são os grandes. É o Internacional quem não jogou nada. A culpa não é exclusiva do campeonato.