Uma esperança em troca de R$ 2,5 milhões

Willian Magrão, após marcar gols contra o Goiás, em 2010
A venda de Willian Magrão para o Corinthians, praticamente concretizada, tem seu lado positivo. Afinal, é um jogador de 24 anos, que está em sua quinta temporada, vem de graves lesões em sequência e não conseguiu recuperar o alto nível de seu futebol desde fevereiro de 2009, quando se machucou pela primeira vez. Para o mercado, trata-se de um produto desvalorizado. Sair por R$ 6 milhões, sendo que 40% deste valor fica no Olímpico, é uma quantia relevante.

No entanto, quem viu Willian Magrão brilhar ao lado (e não por causa) de Rafael Carioca no Campeonato Brasileiro de 2008 sempre manteve as esperanças de que um dia ele poderia voltar a render aquilo que conseguira num passado não muito distante. É daqueles jogadores que precisa estar na ponta dos cascos para jogar o que sabe: depende muito do físico. A roubada de bola e a saída rápida para o ataque, através de suas passadas largas, sempre foram suas melhores características. É um jogador alto, mas veloz. Num time que tinha por costume marcar a saída de bola adversária de cima, como o Grêmio de 2008, Willian Magrão era um encaixe perfeito.

Não seria o caso de emprestá-lo? O Grêmio acha que não, e rechaçou o primeiro pedido corintiano, que teria sido de empréstimo. No entanto, poderia ser ótimo para ele e para o Tricolor num futuro próximo. Muitas vezes, novos ares são essenciais para que um jogador cresça e volte melhorado: Tinga, Cláudio Pitbull, Jonas e mais recentemente Bruno Collaço, são exemplos pinçados apenas do Olímpico. Há inúmeros, por toda a parte.

Condenar a não inscrição dele na Libertadores é complicado, embora o próprio Renato tenha admitido culpa nesta história. Magrão ainda era visto sob forte desconfiança do ponto de visto clínico no começo do ano. Talvez ainda exista esse ceticismo, e pode ser o motivo de sua venda. Mas teve algumas boas atuações no Gauchão, que alimentaram a esperança de que pudesse voltar a ser o promissor volante de três anos atrás. Como Adilson experimenta certa irregularidade neste começo de ano, seria uma reposição natural, se fosse o caso. Este papel agora deve caber ao jovem Fernando, 19 anos, destaque da seleção sub-20, que já teve algumas chances no ano passado.

Quem o levou para o Corinthians é William, que ganhou o sobrenome Machado desde que pendurou as chuteiras e vestiu terno, na direção de futebol. Jogou com Magrão no Grêmio, em 2007, sabe de seu potencial. É uma aposta, cara, mas que pode dar certo. Tendo sequência e livre dos problemas que atormentaram sua carreira, pode ser o que era Jucilei na campanha do ano passado.

Se dará certo, ninguém sabe. O Grêmio não pagou para ver. Pelo contrário, recebeu, talvez cansado de esperar.

Foto: Globo Esporte.

Comentários

Zezinho disse…
Bem por aí, Vicente.

Chega uma determinada idade, tempo como profissional de um mesmo clube, que se o jogador não se firmou, é melhor vendê-lo à primeira oportunidade.

O Fernando Carvalho costuma teorizar que o clube pode ser rentável se vender jogadores médios ao longo do ano, e não os craques - no máximo, um por ano. Eu concordo com isto.

William Magrão é bom jogador, mas, sinceramente, não o acho tão bom quanto a maioria da torcida pensa. Questão de opinião. Sempre achei o Adílson mais jogador, mais consistente.

O melhor momento para vendê-lo seria após o Brasileirão de 2008, mas como o Carioca foi antes, a direção manteve-o - acertadamente - para a Libertadores.

Sua lesão foi dia 15 de Fevereiro. Lembro bem, pois no dia 13 (sexta-feira) eu tinha me submetido à cirurgia de reconstrução do LCA do joelho esquerdo. Estava deitado na cama, mal conseguindo dormir, cheio de dor, vendo pela TV o Magrão se lesionar.

Pozolha tchê, eu não duvido de algum erro na recuperação dele. Questão de fisioterapia e recondicionamento físico. Rompimento de LCA é uma lesão comum.

Eu voltei a jogar depois de 8 meses - isto que estudava, fazia estágio e tinha aulas de campo, não vivia apenas do futebol. Por sua vez, o Magrão só foi ter uma sequência razoável de jogos depois de 1 ano. É quase impossível um jogador profissional, hoje em dia, levar 12 meses para jogar futebol após uma cirurgia dessas. Vejam o Rodrigo Mendes.

Para o Grêmio, foi um bom negócio. Para o jogador, não sei. O Corinthians é um eterno teto de vidro. Preferiria ir pro Exterior e fazer um pé-de-meia, mesmo que longe dos holofotes
Vicente Fonseca disse…
Essa recuperação dele foi muito lenta mesmo, acima do que devia. Lembro que, em 15/02, falavam em sete meses de parada. Só jogou contra o Palmeiras, no fim de novembro, e mesmo assim visivelmente descontado.
Lourenço disse…
Não concordo com a venda, por ser daqueles que sempre acreditou nele e por achar que o Corinthians é uma vitrine boa (o que recomenda um empréstimo). Talvez o Grêmio precisasse vender um jogador logo, apareceu uma proposta razoável por um jogador que não seria utilizado em um futuro próximo e assim a transação caiu como uma luva, mas acho que reforçamos um adversário.
Vicente Fonseca disse…
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