Acima de tudo, um grande Gre-Nal
Jonas x Glaydson, um dos duelos do Gre-Nal 383 |
O desavisado que passou em frente ao Olímpico na saída do Gre-Nal certamente pensou que o Inter havia ganhado o clássico. Porque via os gremistas, sérios, deixarem o estádio decepcionados com a vitória que escapou no fim. E os colorados, felizes, cantavam o resultado conseguido depois de estarem perdendo. Entretanto, o Grêmio, que quase ganhou (e deveria ter ganhado) o jogo, também escapou de perdê-lo; e o Inter, que esteve sempre atrás, podia ter vencido no fim, com 11 contra 10. Parece loucura, e talvez tenha sido. Pois foi um grande Gre-Nal, um dos mais emocionantes, dramáticos e dinâmicos dos últimos anos.
Pena que o resultado não foi, em termos de tabela, bom para nenhum dos lados. Mereciam, pelo que proporcionaram. Renato tem razão em sua avaliação do clássico: o Grêmio foi melhor na maior parte do tempo do 11 contra 11, e deixou de ganhar o jogo quando perdeu chances claras durante a igualdade numérica. O primeiro tempo começou equilibrado, com o Inter tomando a iniciativa, mas o time da casa equilibrando a seguir.
Quando André Lima fez 1 a 0, passe precioso de Douglas na bola parada, o Grêmio era levemente superior. Eram 36 minutos. Nos 10 restantes de primeiro tempo, massacrou o Inter na base da empolgação, sufocando o rival em seu próprio campo, e por pouco não definiu o jogo antes mesmo do intervalo. Boas atuações se destacavam: em especial, Fábio Santos, com verticais e impetuosas arrancadas. Douglas ia bem na articulação, Jonas dava trabalho à zaga e Gabriel ganhava o duelo com Kleber pela ala. Paulão, mais uma vez, anulava o centroavante adversário com belas antecipações e uma saúde poucas vezes vista.
Roth voltou para o intervalo sem Glaydson, com Sobis. O Inter perdeu seu melhor marcador do primeiro tempo, que protagonizou belo duelo com Jonas, e voltou dominado pelo Grêmio. Ali, nos primeiros 10 minutos da etapa final, foi onde o time de Renato deixou de vencer a partida. A equipe de Roth demorou a se encontrar em campo. Quando se achou, passou a criar perigo, liderada por D’Alessandro, que não tinha em Giuliano um parceiro à altura (pior em campo, sumido da partida). Após obrigar Victor a duas vezes, o argentino viu seu companheiro Índio prestes a fazer mais um gol em clássico, mas Rochemback encarnou Suárez e tirou com a mão na linha do gol. Pênalti e expulsão, indiscutível. O lance capital da partida, que tirava o domínio do Grêmio e dava o empate ao Inter, além da vantagem numérica. O favoritismo do clássico trocou de lado em questão de segundos.
Na base da raça, o Grêmio nem sequer sentiu o gol levado e já fazia 2 a 1, um justo prêmio a Fábio Santos, um golaço. Agora, o panorama esperado: Tricolor recuado esperando contra-golpes, Inter martelando em busca do gol. O time da Azenha se defendia muito bem e segurava uma justa vitória, até que deu espaço a D’Alessandro uma única vez. Foi o que bastou. Assim como a Fábio Santos, o melhor do Grêmio, o gol foi um prêmio ao melhor do Inter.
Ao Grêmio, um duro castigo. O time de Renato empolgou quando vencia por 1 a 0, conseguiu marcar o 2 a 1 mesmo com um homem a menos e todas as dificuldades que isso implica. Mas não conseguiu segurar o Inter, que demonstrou força enquanto esteve no 11 contra 10. De todo modo, lamentações tricolores à parte, foi um Gre-Nal como há muito não se via: aberto, disputado, com grandes atuações dos dois lados. Se houvesse de ter um vencedor seria o time de Renato, mas isso não caracteriza injustiça, apenas um desajuste que de tempos em tempos, bastante frequentes, ocorre.
E o resultado, embora não seja o ideal para ninguém, também não foi trágico. O Inter, que vê Roth gritar deseperadamente pela priorização do Mundial, segura o rival na briga pela Libertadores. E o Grêmio, embora estivesse em quarto lugar quando fazia 2 a 1, a cinco pontos do líder (e portanto muito na briga pelo título), diminuiu a distância para a ponta de oito para sete pontos. O problema é se voltar o G-3: o Corinthians, agora, está a seis pontos. Se o alvo for o Botafogo, a distância é só um pontinho. Nada de drama, portanto. Até porque o Grêmio está muito bem, e a atuação de hoje provou isso.
Campeonato Brasileiro 2010 – 31ª rodada
24/outubro/2010
GRÊMIO 2 x INTERNACIONAL 2
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS)
Público: 45.234
Renda: R$ 945.528,00
Gols: André Lima 36 do 1º; Alecsandro (pênalti) 20, Fábio Santos 24 e D’Alessandro 38 do 2º
Cartão amarelo: Adilson e Guiñazu
Expulsão: Fábio Rochemback 19 do 2º
GRÊMIO: Victor (6), Gabriel (6), Paulão (6,5), Rafael Marques (5,5) e Fábio Santos (7,5); Vilson (5,5), Fábio Rochemback (6,5), Lúcio (5,5) e Douglas (6) (Gílson, 41 do 2º - sem nota); Jonas (6) (Diego Clementino, 34 do 2º - 5,5) e André Lima (7) (Adilson, 25 do 2º - 5,5). Técnico: Renato Portaluppi (6,5)
INTERNACIONAL: Renan (5,5), Nei (5,5), Bolívar (5), Índio (6) e Kleber (5,5); Wilson Matias (5) (Leandro Damião, 45 do 2º - sem nota), Glaydson (5,5) (Rafael Sobis intervalo – 6), Guiñazu (6), Giuliano (4,5) (Andrezinho, 32 do 2º - 5,5) e D’Alessandro (7,5); Alecsandro (5,5). Técnico: Celso Roth (5)
Foto: Lucas Uebel.
Comentários
No final das contas, em matéria de moral os dois times saíram vencedores. O Grêmio porque jogou muito bem a maior parte do tempo, inclusive fazendo gol com um a menos, e o Inter porque soube buscar duas vezes o placar, mesmo sendo dominado pelo adversário em alguns momentos. Os dois embalam pro fim do campeonato.
Não duvido que o Grêmio, caso continue com o retrospecto dado pelo Renato, não brigue por título nas últimas três rodadas...
E o Grêmio pode lutar pelo título, embora seja MUITO difícil. Se ganhar do Flu quinta, claro. Não ganhando, só Libertadores mesmo. Mas, pelo futebol que vem apresentando, tem chances sim.
Falando sério agora, concordo com tudo, e que BAITA JOGO!
Valeu, cara. Baita jogo sim. Evidente que bateu a frustração no gremista aqui, mas ela passou devido ao jogaço e à boa atuação do Grêmio. Além do mais, tudo é relativo: ser cruzeirense, são-paulino ou santista, hoje, deve estar sendo bem mais difícil...
Cheio de alternativas táticas, técnicas e situações de jogo emocionantes.
Roth mantém a tradição de mudar seu time às vésperas do Gre-Nal. Começou com um 3-6-1, praticamente. Glaydson não foi bem, pra mim. Jonas, sem marcação individual, no 2° tempo, incomodou menos.
O 2 a 2, como se desenhou, foi ótimo resultado para o Inter, que não pensa mais tanto no título, mas jogou o grenal valendo, sem tirar o pé, e teve a sorte de não perder ninguém machucado.
Frustrante para o Grêmio e para os gremistas, que estacionaram na tabela numa rodada que favorável.
Pra mim o Renato só errou em colocar o Gilson. Souza tava no banco e poderia ter entrado no lugar do Douglas ali no fim.
Mais sobre o que eu vi e achei do jogo, aqui: http://blogpoageral.blogspot.com/2010/10/2-2-e-um-grande-gre-nal.html
Vicente, o que achou da última atuação do Simon em clássico?
Não vi muitos problemas com o Simon dessa vez, Luiz. Claro que ele dar pênalti pro Inter e o Gre-Nal terminar empatado servirá de argumento para os gremistas, mas ele não tinha alternativa ali senão expulsar e dar pênalti. No resto do jogo, normal. Não achei falta alguma do André Lima no primeiro gol, como alguns colorados chegaram a reclamar. Ele é quem começa puxando, se formos levar tudo ao pé da letra.
Abraço!
Achei q o Simon foi bem, sim. Mas teve um lance no primeiro tempo que dá para protestar pênalti para o Grêmio. Aquele tipo de falta que se é fora da área ele marca.
Mas antes um 2 a 2 bem jogado que um 0 a 0 com banheiros queimados. Belo clássico.
E concordo, foi um grande jogo. Comparando com o do primeiro turno, aquele 0 a 0 horroroso, nem parece o mesmo esporte...
O melhor do Grêmio, para mim, foi Paulão (lembro de UM erro).
O Inter se desestruturou com o gol de uma maneira que há tempos não via. Onde está o time tranqüilo e seguro de si da Libertadores?
Não houve falha no segundo gol colorado. Méritos todos de um time que toca a bola e se movimenta para criar espaços.
O Gre-Nal foi um JOGAÇO!
Deixem como exclusividade pra uruguaio no último minuto do segundo tempo de prorrogação de um mata-mata de Copa do Mundo. No resto, deixa entrar e vai buscar o placar depois. Pra mim, foi o lance capital do gre-nal, determinou a mudança de dinâmica do jogo.
Mas, de resto, grande jogo. E o Grêmio fez uma boa partida mesmo sem Jonas e Douglas brilharem. Só, por favor, manda o Lúcio pra GAUCHITO treinar chute a gol...
Simon impecável.Gre-nal excelente também graças a ele.
Não dá pra dizer que foi impecável a atuação de um juíz que dá o primeiro amarelo aos 30, do 2º tempo! E não foi por falta de oportunidade.
Nem vou reclamar de um lance que o Renan ficou 15 segundos com a bola na mão. Um juíz que não marca quando o goleiro pega com as mãos uma bola recuada, jamais controlaria os 6 segundos, ainda mais do lado vermelho.
http://www.youtube.com/watch?v=zNR8vQFAwII&feature=sub
Pra mim claramente ele comemora. Se comemora a "defesa" de Rochemback ou o pênalti a favor do Inter, eu não sei. Mas certamente não está comemorando "a decisão acertada da arbitragem", cfe falou o Simon.
Teria que ver o lance com o áudio para ver se coincide com o momento.
Mas podia estar comemorando sim, o que seria mto genial, uashduashduashsau