Noite de desfalques, noite difícil

A quarta-feira promete problemas. Mais por causa dos desfalques que propriamente dos adversários. Isso vale ainda mais para o Grêmio, que seria favorito se estivesse com plena força. Mas não terá Gabriel; joga Edilson, que é muito menos. Fábio Santos por Gílson não é ganho nem perda, mas poderia jogar Lúcio ali, o que seria vantagem.

Entretanto, a lesão de Rochemback obriga Lúcio a ir para o meio, o que tira combatividade neste setor e qualidade pelo lado do campo. A falta de volantes, mais que problema, é praga no Grêmio-2010. Fernando, Willian Magrão e Ferdinando também não poderão jogar, o que obriga a improvisação. Como Gílson definitivamente não deu certo ali, o jeito é apelar para Lúcio, mais experiente.

Tudo isso enfraquece o Grêmio, mas o São Paulo vem ainda pior: tão desfalcado quanto, só que em crise. Fernandão jogaria pela primeira vez no Olímpico desde que deixou o Inter, mas fica de fora. Rodrigo Souto poderá ser zagueiro. Há improvisações fortes também, portanto. É um jogo que podia ser muito grande, mas perde em importância pela campanha mediana de ambos e em qualidade pelos desfalques. Uns 30 mil gremistas poderiam fazer a diferença em favor do time.

Para o Inter, o adversário pesa mais como fator de dificuldade que no caso gremista. O Palmeiras não é superior ao São Paulo, mas vem em melhor momento (embora tenha perdido um clássico para este mesmo rival há dez dias). E joga em casa, o que faz diferença.

Sem Roth, Nei, Índio, D’Alessandro e Tinga, o Inter vai com um meio de Giuliano, Andrezinho e Edu. É uma curiosidade saber como funcionará um time que, embora muito entrosado, perde suas duas principais peças. Até que ponto o Inter independe de seus dois centros técnicos? O quanto eles são importantes para o time? O quanto o time pode render mesmo sem eles? Tudo será respondido logo mais à noite.

Tensão e a crise de Silas
Goiás e Flamengo foi um jogo com todos os ingredientes: chuva, times desesperados, gol no fim. O time carioca dificilmente terminará a rodada entre os quatro últimos, pois precisa que o Avaí empate com o Fluminense no Rio e que o Atlético/GO vença o Cruzeiro em Minas. Mas o clima é tenso, e o futuro não muito promissor.

Embora tenha um grupo razoável na mão, Silas não consegue dar padrão de jogo ao time. Tem 7 pontos em 9 jogos no comando do Fla, apenas uma vitória, 25,9% de aproveitamento. Terminou 2009 como um treinador ascendente, que iria para seu primeiro clube grande. Pode terminá-lo colocando o segundo time de expressão na zona de rebaixamento. Neste Brasileirão, tem 3 vitórias, 10 empates e 9 derrotas. São 19 pontos em 22 jogos, um aproveitamento de 28,8%, semelhante ao do Atlético/MG.

A torcida rubro-negra pede sua saída. Contra isso, Silas só pode fazer uma coisa: insistir numa ideia de time e tentar repeti-la. Não é possível que uma equipe com Léo Moura, Juan, Maldonado, Willians, Corrêa, Kleberson, Renato Abreu e Petkovic esteja entre as quatro piores da elite. O principal, que são jogadores, há na Gávea – não como antes, é verdade, mas o suficiente para evitar um fiasco maior. Talvez falte tempo e paciência, além de um pouco de coerência do técnico, que tem feito substituições bastante criticadas.

A rodada
Fluminense e Cruzeiro têm compromissos “tranquilos”. O adjetivo ganha aspas porque estamos entrando no último terço do campeonato, onde as forças se igualam na medida das necessidades. Avaí e Atlético/GO estão lutando contra o descenso, e podem engrossar. Mas é inegável que o Botafogo, adversário do Corinthians, pode oferecer mais problemas. Por isso, é fundamental que o Timão vença. Até porque, depois, virá uma sequência bem mais amena, com Ceará, Atlético/MG, Atlético/GO e Guarani, antes do clássico com o Palmeiras. Será a hora de abrir a vantagem que lhe garantirá o título.

Um outro jogo chama a atenção pela dramaticidade: Ceará x Atlético/MG, 22:00, no Castelão. Apesar de o time nordestino ter 30 pontos e o mineiro 21, é duelo de seis pontos. Porque o Vovô vem em queda brusca, levou 5 a 0 do Avaí, e lutará mesmo para não cair. É a grande chance do Galo, com técnico ainda novo, aproveitar para vencer e começar sua subida. Até porque não dá mais para esperar, e já no sábado à noite terá pela frente o Dragão, outro inimigo direto. 

Comentários

augusto g. disse…
Não entendi pq o Maylson não é uma opção pro lugar do Rochemback. Eu sei que o Renato não gosta do futebol dele, mas será que nem numa emergência dessas dá pra contar com ele??
Vicente Fonseca disse…
Talvez o posicionamento dele no jogo de domingo explique, Augusto: Renato colocou o Maylson quase como ponta direita, bem aberto, como fazia o Silas. Na cabeça do Renato talvez seja um jogador ofensivo demais para atuar como segundo volante.

Só não sei porque o Souza já jogou ali, e ele não.

Uma coisa, porém, tem que ser dita: já é o quinto ou sexto técnico que o Maylson pega no Grêmio, e mais uma vez ele não tem sequência. Só conseguiu isso com o Silas, e por um ou dois meses. Talvez o problema seja do guri mesmo, e não dos técnicos.