A mediocridade não passa impune

Grêmio, de Ferdinando, pode cair para penúltimo hoje (LC Moreira)

O mais trágico da derrota do Grêmio para o Ceará foi a atuação do time. E o fato de que o Tricolor ficou quase uma semana trabalhando apenas para este jogo, para apresentar algo próximo do zero absoluto em Fortaleza. O desempenho dentro de campo foi abaixo da linha do medíocre. O 2 a 1 saiu até mesmo barato, pois o time da casa poderia ter feito mais que dois gols, e o time gaúcho fez o seu de forma fortuita.

O 3-6-1 de Renato Portaluppi não estava preparado para ter que propor o jogo. Entretanto, o gol contra de Willian Magrão o obrigava a agir. Gols sofridos a 40 segundos de jogo costumam desestabilizar quem os sofre. Pior ainda é para quem entra pensando em se defender e contra-atacar. Todo o planejamento, toda a preleção, vai por água abaixo logo de cara. Mesmo assim, o Grêmio deu a sorte de achar o seu gol, também contra. Como naqueles 4 a 3 de 2005, dois gols contra no Castelão.

Foi a partir do 1 a 1 que começaram os problemas. Mesmo superprotegida (em tese) com dois volantes e dois laterais que mal sobem, a defesa gremista teve atuação simplesmente ridícula. Ozeia teve que sair no intervalo para não ser expulso, enquanto Rafael Marques e Neuton perdiam simplesmente todas na bola aérea para os não tão altos atacantes cearenses. O pênalti defendido por Victor, no entanto, não existiu. Uma invenção do péssimo árbitro da partida.

O “em tese” para o superprotegida vem porque, na realidade, a defesa, apesar dos vários defensores, esteve sempre aberta. Como Douglas e Souza, em vez de colaborarem na marcação ficavam apenas ensaiando dribles perigosos na frente da área de Victor, Ferdinando e Willian Magrão eram obrigados a se desdobrar. Não raro, erravam passes que encaixotavam o Grêmio em seu campo. Esta foi a tônica do segundo tempo.

Assim, mesmo substituindo bem Ozeia por Borges, Renato viu seu time completamente dominado e escapando de uma goleada histórica. Era constrangedora a falta de ambição de seu time. O técnico do Grêmio ainda tentou segurar o empate com Maylson e Fernando nos lugares de Douglas e Jonas, mas seria castigo demais para o Ceará não vencer o jogo. O gol veio aos 42, balaço de Geraldo no ângulo.

Pensar esse Grêmio de ontem, com essa defesa de ontem, diante do Santos na quarta-feira (já sem Robinho, André e Wesley, mas ainda com Ganso, Marquinhos e Neymar) é de deixar qualquer gremista desolado. O 3-6-1 emergencial de Renato deve ser revisto. Não deu consistência atrás e castrou o time na frente. O Grêmio precisa ajeitar sua defesa num esquema equilibrado, que deva ser repetido. O momento é difícil, mas jogar como ontem, como time minúsculo, que se contenta com um empate num jogo onde uma postura um pouco mais corajosa poderia lhe dar a vitória, é vergonhoso.

Comentários

Nosso problema maior, definitivamente, é a zaga. A frente dá até pra arrumar se voltarem os três volantes do primeiro semestre mais o Borges (voltando o 4-4-2). Ou, se continuar essa insistência pelo Souza, colocar ele na ala e formar um 3-5-2 com Souza e Lúcio nas alas e Adílson, Maylson e Douglas no meio. Acredito que haveria equilíbrio no setor e nas posições.

O maior problema da zaga é que não há um líder. É o mesmo problema da zaga do Mancini em 2008, com Léo e Wagner, dois jovens coadjuvantes. Uma zaga com mais de um xerifão não dá maiores problemas, mas uma zaga formada só com coadjuvantes tende ao fracasso. E os três zagueiros atuais (Ozeia, Neuton e RM) são coadjuvantes. E não vejo esse Vílson ou o Saimon (que foi capitão dos juniores) como soluções para essa "coadjuvância", infelizmente. O Rodrigo estava assumindo esse papel de líder, mas cagou no maiô e tomou um bilhete azul.

Não sei o que Renato vai inventar para sanar esse imbróglio, mas vai ter que fazer muito bem feito. O jogo de ontem era um jogo que, em outras épocas (até mesmo com o time jogando o que jogava semestre passado), os três pontos seriam garantidos se o time tivesse consistência, tanto no meio quanto na defesa.

Oremos para que a tempestade passe (não, Sr. Duda, ela não passou ainda), porque já estou praticamente convicto que viramos um Inter anos 90.
Vicente Fonseca disse…
Eu concordo.

Só acho que um meio com Souza, Adilson, Maylson, Douglas e Lúcio ficaria muito aberto.

Sou a favor de Victor, Gabriel, Rafael Marques, LUGANO e Neuton; Adilson, Magrão, Souza e Douglas; Jonas e Borges. Esse time não cai de modo algum.

(LUGANO = xerifão qualquer a contratar)
luís felipe disse…
sempre lembrando que não dá mais para contratar do exterior, graças à antecipação da janela.
Samir disse…
3-5-2 não pode ser usado. Sou da tese de que 3 zagueiros, qdo nenhum deles é grande coisa, é mto pior do que 2. Mais zagueiros não é sinal de melhora no sistema defensivo...

o 4-4-2 do início do ano, como frisou o Fred deve voltar. Souza e Douglas disputam a mesma posição. Gabriel entra na lateral direito, colocando o Neuton na esquerda como um lateral que fica mais, como era o Roger nos anos 90, ficando mais pro Arce se tocar ao ataque. Meio com Adilson, Magrão e Maylson, e no ataque jonas e borges.

Esses jogadores minimamente organizados certamente não nos rebaixarão.
Vicente Fonseca disse…
Sim, sim, verdade. Maylson joga, Souza e Douglas disputam uma posição. Duvido que isso cá acontecer, mas seria justo.
Vicente Fonseca disse…
Que isso VÁ acontecer...
Samir disse…
hum, o que pode surgir tb é o gabriel no meio campo, na 3ª função.. ele vinha jogando mais a frente no futebol grego... não acho que seja necessário ali, mas o Renato pode colocá-lo ali sim...
Vicente Fonseca disse…
É que já há Souza, Douglas e Maylson por ali. São meias demais para precisar de improvisação.

Só em último caso, tipo Lúcio de meia em 2007.

O Gabriel possibilita o 3-5-2. O problema é justamente a questão dos zagueiros.
Samir disse…
na realidade praquela função há só o maylson, até pq achoq todos concordamos que souza e douglas fazem a mesma. Mas tb acho q ele é mais útil na lateral.
Vicente Fonseca disse…
Sim, mas é melhor "improvisar" Souza e Douglas na do Maylson que o Gabriel, em tese.

Saudades do ALESSANDRO. Como meia, fez um ótimo Brasileirão em 2006.
Lourenço disse…
Ontem fiquei assustado. Vocês falam da zaga, realmente hoje é o setor mais fragilizado, mas ontem foi mais um daqueles jogos em que nenhum setor funcionou. Os volantes jogaram mal, os laterais SÃO ruins, os meias inoperantes, só Jonas na frente é uma excrescência.

Sempre achei que o Grêmio não tinha time para cair, mas é preciso melhorar muito e rapidamente, porque está naquela fase em que até os bons estão sucumbindo.
Lourenço disse…
Acho que o Grêmio deveria ainda assim tentar algum zagueiro do exterior, a janela a gente já viu que não é respeitada mesmo.
Sancho disse…
Se continuar assim, cai. Simples assim.

Não adianta bolar solução mirabolantes, os jogadores são esses, temos que sair dessa com eles.

O problema não é de bola. Futebol, eles mostraram por seis meses que tem. E não será a torcida quem dará o algo mais para os jogadores saírem dessa.

Se a defesa é ruim, é melhor botar o time p[atra atacar.

Em princípio, escalaria o time (com todos os jogadores em condições), num 3-4-1-2: Victor (que melhorou sem a braçadeira); Ozéia, R. Marques e Neuton; Gabriel, Maylson, Adílson e Lúcio; Douglas; Jonas e Borges.

Não é nenhum luxo, principalmente a defesa, mas se bem treinado, pode dar algum resutado.
Vicente Fonseca disse…
Victor melhorou sem a braçadeira. FATO.
Vicente Fonseca disse…
Eu também acho que esse time têm de ambicionar mais, Sancho. Nada justifica aquela postura do segundo tempo de ontem.

Falta muita coisa. Mas, pelos jogadores que tem, não deve cair. Tem de onde tirar. Só falta tirar, hehe.
Igor Natusch disse…
O Grêmio foi HORRENDO contra o Ceará. Nada menos que HORRENDO. Juro para vocês que quase no fim do jogo pensei "esse timeco não merece nem empatar" e uns dez segs depois saiu o gol da vitória cearense. Nem é questão do Ceará ter jogado melhor, eles JOGARAM e ponto. Esse foi o diferencial: a vontade de jogar futebol, em oposição a uma equipe patética que empatou milagrosamente a partida e passou imediatamente a contar os CENTÉSIMOS DE SEGUNDO para o jogo acabar.

Acho que o caminho é um 4-4-2 mesmo. Contratar um zagueiro capaz de colocar HOMBRIDADE na defesa é uma imposição. A lateral direita deve melhorar, e pelamordedeus transformem Lúcio em um CIBORGUE mas coloquem ele em campo de uma vez. Jonas e Borges precisam um do outro, Maylson precisa ser titular e Douglas e Souza precisam do banco de reservas. Tragam MITHYUÊ de volta. Fim.
Vicente Fonseca disse…
Com Gabriel e Lúcio nas laterais, dada a fragilidade da zaga, impõem-se 3 volantes. Ficaria muito aberto. Se a zaga fosse boa, ou os volantes estivessem em boa forma, daria.

Neuton na lateral, Lúcio na meia. Era uma.
Lourenço disse…
Respondendo ao teu twitter, Vicente, lembro que o Corinthians ficou, recentemente, 4 anos sem ganhar do São Paulo, de 2003 a 2007.
Na boa, até o MÁRCIO ALEMÃO resolveria o problema dessa zaga. Botaria o Neuton no serviço, melhoraria a defesa na jogada aérea e ainda gritaria com os laterais e os volantes. E, de quebra, ainda daria uns safanões naquele carcinoma que atende pela alcunha de FÁBIO SANTOS toda vez que ele tivesse medo de ir pra cima do meia direita que fizesse um salseiro no nosso lado esquerdo.

Arrumou a defesa, o resto vem ao natural. E aí é ver o que dá pra se aproveitar desse ano.
Lourenço, teve um 5x1 pros bambis num Majestoso de 2005, que, se não me engano, selou a demissão do Passarella do comando técnico gambá.
Vicente Fonseca disse…
Sim, foi a maior sequência do Corinthians sem ganhar do São Paulo. Só que agora é uma das maiores inversamente. Lembro que aquele gol do BETÃO, Corinthians (rebaixado) 1 x 0 São Paulo (bicampeão) foi a partida que iniciou essa série. Isso foi outubro ou novembro de 2007, quase 3 anos.
Sancho disse…
Fácil falar, difícil fazer, mas com essa zaga precisamos defender com a bola; aquele joguinho chato de passes curtos. Melhor que encher de volantes...