O Corinthians precisa de velocidade

A entrada de Dentinho no time do Corinthians é imperiosa. Não porque ele seja um jogadoraço; tampouco quero parecer oportunista em falar isso agora que ele salvou o Timão da derrota na Colômbia. Mas o rapaz é o fôlego de um time de veteranos, que deixou há muito tempo de praticar aquele futebol dinâmico e campeão da Copa do Brasil do ano passado. Sem Dentinho, o Corinthians peca ao extremo pela lentidão. Com ele, ganha jogadas nas duas pontas, já que Jorge Henrique compensa, na canhota, a vagareza de Roberto Carlos.

O jogo de ontem, em Bogotá, mas contra o Independiente de Medellín, foi emblemático. O primeiro tempo coube dentro da proposta de escalação de Mano Menezes: jogando fora de casa, contra um adversário de nível razoável, o Corinthians foi um time que amorcegava o jogo e segurava o ímpeto colombiano, com trocas de passe demoradas e posse de bola no campo inimigo. Atacar de verdade, surpreender o adversário? Muito difícil. Apenas em raras escapadas de Elias, e, até, Roberto Carlos, que fez uma boa partida desta vez.

Mano só colocou Dentinho aos 16 do segundo tempo, no lugar de Danilo. Uma tentativa de contra-golpear, já que o ritmo do jogo, pausado na etapa inicial, não era mais ditado pelo Corinthians, e sim pelo Independiente. Dentinho resolveu as coisas, mas não exatamente na velocidade, e sim em chutaço de fora da área.

O melhor Corinthians possível, ao menos no mundo das ideias, é bem conhecido da Fiel: um espelho do time de 2009, com Marcelo Mattos, Elias e Danilo no meio, Dentinho, Jorge Henrique nas pontas, Ronaldo no comando do ataque. Como Elias tem se destacado demais no apoio ao ataque, Mano trocou este 4-3-3 por um 4-4-2, para melhor aproveitá-lo: no modelo de 2009 ficaria sub-aproveitado como segundo volante, mas também não tem o cacoete para ser “o” criador. É uma equação a ser resolvida.

Apesar do futebol mediano, os resultados aparecem aos poucos. O ponto ganho na Colômbia foi ótimo, principalmente devido às circunstâncias – sair atrás aos 30 do segundo tempo, jogando pior. A atuação segura do primeiro tempo foi comprometedora no segundo, especialmente após a entrada do veloz Valoyes, que fez a festa em cima de William, lento e exposto. E Ronaldo, nas três ou quatro vezes que tocou na bola, estava sempre impedido. Sem trocadilhos infames ou maldosos, em 2010 ele tem sido muito mais um peso para o time que uma solução.

Caracas 1 x 3 Flamengo

Se Adriano não se encontra fora de campo, Vagner Love dá show dentro. Foram dele dois dos três gols na belíssima vitória rubro-negra na Venezuela, desta vez com Petkovic em cancha. Mas ainda descreio do título dos cariocas se Adriano não atuar na campanha, a menos que Andrade consiga encontrar uma forma diferente para um time dependente do Imperador desde o ano passado. Esta fórmula começa por Love – e por Pet.

Hexa-eliminado

É a sexta vez seguida que o Real Madrid é eliminado nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Em 2005 a derrota foi para a Juventus; em 2006 para o Arsenal; em 2007 para o Bayern München; em 2008 para a Roma; em 2009 para o Liverpool; e agora para o Lyon. Todas as eliminações foram com treinadores diferentes. Se houver outra, em 2011, tudo indica que será outro técnico, mais uma vez. A manchete do Marca após o jogo era “Adiós Champions, adiós Pellegrini”.

Foi a única vez que Kaká saiu de campo reclamando de substituição que se tenha lembrança. Manuel Pellegrini claramente tentou se eximir de qualquer culpa pelo mau resultado e jogá-la no brasileiro ao substituí-lo por Raúl, logo após o empate dos franceses. Kaká foi vaiado, não vinha bem, mas para tentar a vitória havia pelo menos três ou quatro jogadores menos decisivos que poderiam dar lugar a Raúl: Guti, Sergio Ramos, Diarra, Arbeloa...

É mais um fracasso madrilenho, mais alguns milhões de euros no ralo. A Liga Espanhola virou obrigação.

Massacre

Se Dunga for se basear pelo jogo de ontem, em Old Trafford, Ronaldinho está fora da Copa. Atuação omissa e minúscula. Mas em Milão, na ida, ele fora estupendo, e nem isso foi capaz de brecar a equipe de Ferguson. A verdade é que, mesmo com Pirlo dando uma aula de sabedoria na distribuição de jogo, o Manchester United é muito superior.

Cristiano Ronaldo saiu, mas Rooney assumiu a bronca. Já fez 30 gols na temporada, e cada vez tem sede de mais bola na rede. Chegará à África do Sul como uma das estrelas da competição. Ninguém tem jogado mais que ele no mundo atualmente. Nem mesmo Messi.

Copa do Brasil

Seria melhor o Naviraiense ter sofrido o 2 a 0 na ida mesmo. Evitava o fiasco de levar 10 a 0 na Vila Belmiro, contra um Santos que treinou como numa pelada de colégio. Só não foi a maior goleada da história da Copa do Brasil porque, em 1991, o Atlético-MG fez 11 a 0 no Caiçara, do Piauí. Mas passou perto.

Foto: Dentinho comemora o gol que deu o empate ao Corinthians em Bogotá (Globo Esporte).