Os primeiros tropeços

Desta vez nem mesmo a escalação de dois volantes, num 4-4-2 mais ortodoxo, corrigiu os problemas defensivos do Grêmio. O time de Silas começou bem, mas bastou tomar um gol em lance inadmissível para que o drama voltasse. Trata-se de um problema estrutural grave. Hugo e (especialmente) Souza prendiam demais a bola. A carregavam demasiadamente. Quando dava certo, a saída de bola era lenta e o Veranópolis conseguia se recompor a ponto de bloquear com razoável facilidade as tentativas de ingresso de Jonas e Borges dentro da área. Quando erravam, perdiam a bola no meio e armavam o contra-golpe dos serranos. Túlio e Adílson não continham os avanços de Marcos Paraná, que deixava João Paulo ou Kito frequentemente no mano-a-mano com os zagueiros e até Victor, pois a defesa atuava preocupantemente em linha. O problema da lentidão na saída de bola o Grêmio tem desde o ano passado. Não será corrigido enquanto o time tiver em Souza um jogador individualista ao extremo, a ponto de raramente cruzar bolas em faltas ao lado da área, preferindo batê-las direto em gol, mesmo quando o ângulo é desfavorável. Também será difícil enquanto Ferdinando e Fábio Santos forem os laterais, pois ambos têm dificuldade de chegar à linha de fundo (o primeiro por ser um volante, o segundo por sua característica de fechar pelo meio e ser mais defensivo). Para não afunilar, não depender tanto de Souza e Hugo, são necessários laterais que saibam ao menos chegar à frente. Portanto, Lúcio está pedindo passagem no time. Não é à toa que os melhores momentos tricolores nos três primeiros jogos do ano tenham sido justamente a partir de sua entrada na esquerda. Mário Fernandes é o titular da direita, e certamente amenizaria o problema se já estivesse em condições de jogo. A volta de Willian Magrão, jogador dinâmico, parece próxima. Titularíssimo, sem espaço para contestação. Túlio é lento, desarma pouco e faz muitas faltas. A sua colocação atrás de Adílson, como primeiro homem, é um equívoco. O resultado, em si, foi ruim. Mas justo. O Veranópolis poderia ter feito muito mais que 1 a 0 no primeiro tempo, e o Grêmio, após o gol de Jonas, pressionou bastante também. Pelotas, Caxias e Veranópolis estão provavelmente entre os melhores times do interior, mas o tricolor teria de ter mostrado mais. Está em formação, porém, se acertando. Mas terá de jogar mais, e domingo que vem já será um bom começo para por esta ideia em prática. Inter/SM 1 x 1 Inter O Inter B cumpriu seu papel, ainda que não com 100%. Vi o primeiro tempo, onde dominou a maior parte do jogo contra o colorado santa-mariense. O empate foram os primeiros pontos perdidos do time, justamente quando jogou a primeira fora de casa, já que o Porto Alegre não tem torcida e a partida foi em campo neutro. O que mais importava na ideia de colocar os jovens a jogar eram duas coisas: largar a barca para os titulares em boas condições na tabela e dar opções a Fossati para compor o grupo da Libertadores. Com 7 pontos e Leandro Damião, as metas foram cumpridas. Quarta é dia de ver o verdadeiro Internacional contra um velho conhecido, o Juventude. E domingo um adversário ainda mais velho e conhecido, em Erechim. Botafogo 0 x 6 Vasco Inacreditável o resultado. Mesmo mal, o Botafogo é capaz de fazer frente a um Vasco que está retornando da Série B. Pelo menos no papel. Com todos os titulares alvinegros em campo, incluindo a dupla Herrera e Abreu, quem brilhou foi um velho conhecido da torcida botafoguense: Dodô, agora no Vasco, voltou fazendo 3 gols. Mesmo veteraníssimo e voltando de um ano e meio de suspensão, segue sendo um grande atacante. Ponto para Vagner Mancini. Cabañas Depois de perder Darío Silva, o futebol sul-americano corre risco de perder outro ótimo centroavante. Muita tristeza. Foto: Silas reclama do time nos primeiros pontos perdidos do Grêmio em 2010 (Lucas Uebel/Gazeta Press).