Eterno Bi-vice
Se vencer o Santo André no domingo, o Internacional será vice-campeão brasileiro em 2010.
Errei o ano? Não, companheiro. É isso mesmo.
Desde que temos um campeonato nacional, o Colorado jamais deixou de ser bi-vice, quando alçou um segundo lugar. Foi assim em 1987, quando a equipe mediana, treinada por Ênio Andrade, perdeu para o Flamengo de Zico, Bebeto e Renato Gaúcho; seguido por 1988, naquele trágico empate com o Bahia de Bobô e Charles, o primeiro dos quase de Abel Braga.
Foi assim em 2005 e 2006, dois vices bem distintos. O primeiro causou indignação, ainda bem viva na memória de todos. O Internacional catalisou esta raiva e abocanhou a Libertadores. Após se redimir da eliminação para o Olímpia em 89, Abel conseguiria seu segundo vice-campeonato brasileiro pelo Inter. Mas este não doeu, pois como diria Renato Gaúcho, o clube apenas brincou no certame.
Mas a tradição começou muito antes, aliás começou junto com o embrião do campeonato nacional. Nem bem o Robertão começara, o Internacional já mostrava que o negócio era mesmo ser bi-vice. São boas as lembranças sobre 1967 e 1968.
Preocupado com a construção do Beira-Rio, o clube gastava pouco dinheiro com o futebol e apostava na base. Garotos como Bráulio, Dorinho e Claudiomiro davam o ar de sua graça. Com eles, o Colorado voltava a jogar de igual para igual com o Grêmio, mas perdia os Gauchões no interior.
Entretanto, o time mais experiente do Tricolor começava mesmo era a ficar velho. Aos colorados, bastaria alguns anos depois contratar alguns nomes já rodados, para dominar os cenários gaúcho e nacional. Domínio que ia se ensaiando no Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
Como os velhos do Grêmio não davam chance de o Inter disputar a Taça Brasil – o Colorado só disputou uma vez - o clube praticamente estreava em certames nacionais. Novas glórias eram alcançadas, como a vitória sobre o Corinthians no Pacaembu, em 1967 – a primeira de um time gaúcho sobre um paulista em São Paulo. Vitória que eternizou o nome de Lambari.
Reconstituir brevemente estes torneios é exercício legal, já que pouco se fala a respeito. Em 1967, o torneio tinha quinze clubes. Os “doze” mais Bangu, Portuguesa e Ferroviário, do Paraná (um dos avôs do Paraná Clube). Todos jogavam contra todos, mas os clubes eram divididos em dois grupos.
Foi essa distorção que classificou o Internacional, de Sérgio Torres. Com 16 pontos em 14 jogos (cinco vitórias e seis empates), clube gaúcho ficou em quinto na classificação geral, mas foi segundo da sua chave. A Portuguesa bailou, e o quadrangular final colocava frente a frente os rivais Grêmio e Inter, Corinthians e Palmeiras.
Essa disputa tem sido lembrada nesta semana, porque o Grêmio poderia ter ajudado o co-irmão com uma vitória sobre o Palmeiras na última rodada. Mas o Palestra de Djalma Santos, Dudu e Ademir da Guia – comandados por Aymoré Moreira – era mesmo superior e conseguiu o título.
Em 1968, ninguém podia segurar o Santos. O Internacional perdeu a primeira partida do quadrangular final em casa (provavelmente no Estádio Olímpico) por 2 a 1, com gols d’Ele e de Carlos Alberto Torres. O time litorâneo bateu também Vasco da Gama e Palmeiras. Entre esses clubes e o Inter cada um venceu uma partida.
O Internacional, de Daltro Menezes, assegurou o vice-campeonato – pelo saldo de gols - com uma goleada no Palmeiras. Três a zero, em Porto Alegre, no dia 10 de dezembro de 68. O artilheiro do certame foi Toninho Guerreiro, do Santos, com 18 gols, seguido por Pelé, com 12. Atrás do Rei vinha Claudiomiro com nove gols.
Além do matador, despontavam no Colorado dois bons goleiros, Schneider e Gainete; defensores como Pontes, Scala e Sadi (este último chegou à seleção brasileira); meias como Bráulio, Dorinho e Tovar; atacantes como Valdomiro. Posso jurar que esse time ainda vai dar o que falar.
Foto: Internacional de 1968 com Schneider, Sadi, Pontes, Scala, Elton e Laurício; Carlitos, Bráulio, Claudiomiro, Tovar e Dorinho. (Site do Milton Neves)
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