Um tapinha na chatice
A moda agora no futebol é uma ânsia punitiva. O STJD aparece na reta final do Campeonato Brasileiro punindo jogadores de clubes diferentes com pesos diferentes para casos muitas vezes semelhantes. O comentarista, a cada falta um pouco mais dura, já pede cartão, não raro o vermelho. O árbitro que erra pega geladeira. O dirigente, técnico ou jogador que reclama idem. Muitas vezes as punições são justas, mas em outras tantas elas só atendem ao afã rigoroso que dá a impressão de por ordem na casa quando, na verdade, é nada mais que uma moral de cuecas.
E agora, após França x Irlanda, já começaram os brados contra Thierry Henry. Antes de mais nada, deixo clara minha opinião: o que ocorreu foi um absurdo, foi cruel. A Irlanda encarou uma medíocre e medrosa França de igual para igual, poderia ter vencido por diferença ainda maior no tempo normal e não merecia, de forma alguma, sofrer um gol do jeito que sofreu: um impedimento não dado seguido de uma mão na bola por parte de Henry que possibilitou a conclusão de Gallas para o gol. Também me tomei de raiva na hora, senti pena dos irlandeses, estava torcendo por eles.
Entretanto, punir Henry seria mais um passo em direção à chatice suprema que os moralistas de plantão querem implantar no futebol. O que queriam? Que o jogador negasse que usou a mão para fazer o gol? Seria hipócrita da parte dele negar o inegável, como fez o jogador do Paraná naquela cortada de vôlei que o juiz não viu no jogo contra o Ceará. Henry confirmou o uso da mão e disse que isso é um problema do árbitro se não viu. E é mesmo. O que deveria ter havido é uma punição dentro do campo, com a falta marcada a favor da Irlanda e um cartão amarelo a Henry por atitude antidesportiva. Fazer justiça agora, fora de jogo, com o auxílio das câmeras, é concordar com o STJD brasileiro, que pune quem sai da linha como o público faz em votações do Big Brother Brasil, quase nunca com coerência e desautorizando por completo a decisão do árbitro. Quem precisa ser punida com rigor é a arbitragem, que não viu um lance clamoroso desses.
Henry não está certo em botar a mão na bola. Não concordarei nunca com tais artifícios. Mas eles devem ser punidos dentro de campo, na lei do jogo. Hoje em dia, quando alguém cai no gramado, é "obrigação moral" o atleta adversário, mesmo no fim de um jogo decisivo, botar a bola para fora para que o rival seja atendido (quando muitas vezes isso não passa de cera técnica). Até jogo na Inglaterra já foi anulado por conta desse absurdo. Alguns dribles viraram ofensa pessoal. Técnico não pode falar palavrão à beira do campo porque dá mau exemplo aos jovens que estão vendo pela TV. E agora um jogador que comete uma falta é visto como antiético quando, muito mais que isso, o árbitro que não viu o lance é que é um incompetente. Anular um jogo por causa disso é um absurdo. Se cada erro grave de arbitragem anulasse um jogo, estaríamos aqui no Brasil, em 2009, vendo ainda, talvez, o quadrangular final do Robertão de 1968.
O futebol é um jogo e tem suas regras. Mas é um jogo. Injusto, por vezes, sim. Mas não pode virar um espetáculo de moralismo onde todos devem se portar como mocinhos e uns poucos bandidos devem servir de exemplo para serem açoitados. E não há nada mais chato que ser moralista ou politicamente correto ao extremo, especialmente no futebol. Daqui a pouco teremos de pedir licença para fazer gol, pois é um ato que prejudica o trabalho dos adversários, que são honestos trabalhadores.
E agora, após França x Irlanda, já começaram os brados contra Thierry Henry. Antes de mais nada, deixo clara minha opinião: o que ocorreu foi um absurdo, foi cruel. A Irlanda encarou uma medíocre e medrosa França de igual para igual, poderia ter vencido por diferença ainda maior no tempo normal e não merecia, de forma alguma, sofrer um gol do jeito que sofreu: um impedimento não dado seguido de uma mão na bola por parte de Henry que possibilitou a conclusão de Gallas para o gol. Também me tomei de raiva na hora, senti pena dos irlandeses, estava torcendo por eles.
Entretanto, punir Henry seria mais um passo em direção à chatice suprema que os moralistas de plantão querem implantar no futebol. O que queriam? Que o jogador negasse que usou a mão para fazer o gol? Seria hipócrita da parte dele negar o inegável, como fez o jogador do Paraná naquela cortada de vôlei que o juiz não viu no jogo contra o Ceará. Henry confirmou o uso da mão e disse que isso é um problema do árbitro se não viu. E é mesmo. O que deveria ter havido é uma punição dentro do campo, com a falta marcada a favor da Irlanda e um cartão amarelo a Henry por atitude antidesportiva. Fazer justiça agora, fora de jogo, com o auxílio das câmeras, é concordar com o STJD brasileiro, que pune quem sai da linha como o público faz em votações do Big Brother Brasil, quase nunca com coerência e desautorizando por completo a decisão do árbitro. Quem precisa ser punida com rigor é a arbitragem, que não viu um lance clamoroso desses.
Henry não está certo em botar a mão na bola. Não concordarei nunca com tais artifícios. Mas eles devem ser punidos dentro de campo, na lei do jogo. Hoje em dia, quando alguém cai no gramado, é "obrigação moral" o atleta adversário, mesmo no fim de um jogo decisivo, botar a bola para fora para que o rival seja atendido (quando muitas vezes isso não passa de cera técnica). Até jogo na Inglaterra já foi anulado por conta desse absurdo. Alguns dribles viraram ofensa pessoal. Técnico não pode falar palavrão à beira do campo porque dá mau exemplo aos jovens que estão vendo pela TV. E agora um jogador que comete uma falta é visto como antiético quando, muito mais que isso, o árbitro que não viu o lance é que é um incompetente. Anular um jogo por causa disso é um absurdo. Se cada erro grave de arbitragem anulasse um jogo, estaríamos aqui no Brasil, em 2009, vendo ainda, talvez, o quadrangular final do Robertão de 1968.
O futebol é um jogo e tem suas regras. Mas é um jogo. Injusto, por vezes, sim. Mas não pode virar um espetáculo de moralismo onde todos devem se portar como mocinhos e uns poucos bandidos devem servir de exemplo para serem açoitados. E não há nada mais chato que ser moralista ou politicamente correto ao extremo, especialmente no futebol. Daqui a pouco teremos de pedir licença para fazer gol, pois é um ato que prejudica o trabalho dos adversários, que são honestos trabalhadores.
Comentários
Isso é um elogio.
E concordo com o que disseste Vicente, a punição tem que ser dentro das 4 linhas. Se o juiz não viu, ponto final.
Pena que esse gol vai acabar por desclassificar o Brasil no jogo das semifinais da Copa de 2010 contra os franceses. E eu me arrependerei profundamente de não ter dito que Henry, que fará o gol da vitória francesa, deveria ter sido banido do esporte!
mas tu tá considerando impedimento pela participação passiva do squilacci no gol? por que o henry veio beeem de trás.
Um jogo pegadaço, como tivemos vários, e os caras criticando a violência, a catimba, biriri, ao invés de exaltar a disputa.
P.S.: VdeP de hoje: AIRBIG. Um parente do airbag?
Sabia que havia esse risco, presidente. Mas resolvi aproveitar o ENSEJO.
mas eu fico realmente pensando nos irlandeses.