Como manda a mística
Marcelo Rospide fez em um jogo aquilo que Paulo Autuori em mais de 30 não fizera: organizou um time da defesa para o ataque, sólido atrás e de saídas rápidas para a frente, algo que venho pedindo há meses, desde que o ex-técnico assumiu o comando do elenco, em maio. Sem querer se impor pela maior posse de bola, o Grêmio conseguiu obter o resultado num jogo que esteve sob seu controle em boa parte do tempo.
Verdade que o sucesso da estratégia deu-se por um revés. Réver saiu lesionado, em seu lugar entrou Maylson. A mudança fez bem ao time. Thiego passou a ser zagueiro, Túlio foi deslocado para a lateral. As saídas pelo lado direito se qualificaram com Túlio, o meio ganhou em mobilidade com Maylson. Maxi López e Douglas Costa entraram no jogo. O primeiro tempo terminou com domínio gaúcho, após uma sustentação da pressão inicial mineira.
O segundo tempo não vi, apenas ouvi partes isoladas. Comentários no rádio davam conta de um panorama semelhante ao da etapa inicial: Cruzeiro com a bola, Grêmio fechado, sem correr riscos. Até o pênalti de Victor em Soares, o gol e as expulsões. Confesso que desisti de ouvir quando Fábio Santos levou o vermelho. Gremista não deve desistir, é o que manda a tradição. Fiquei surpreso, em êxtase, ao saber do empate heroico.
Sobraram atitude e competência defensiva. O time não sentiu um Mineirão lotado, fervendo, crente que a vitória chegaria naturalmente. Tudo o que faltou durante um campeonato inteiro, quando nos jogos longe do Olímpico abundavam posse de bola estéril e apatia, especialmente quando a equipe sofria um gol. Talvez seja por Rospide, talvez não. Pode ser psicológico mesmo. Mas que o Grêmio parece ter vendido mais caro o resultado hoje, não há dúvida. Como prefiro priorizar questões técnicas e táticas antes de fatores psicológicos dentro da análise de um jogo, o que posso dizer do que vi foi realmente um time que se defendeu melhor, que jogou como time pequeno no bom sentido da expressão. Uma equipe ciente do que deveria e poderia fazer em campo. Algo que faltou em quase todos os jogos longe da Azenha na Era Autuori. Mas pode ser determinismo demais explicar o 1 a 1 por isso, ainda mais que só vi metade do jogo.
O fato é que, se o Grêmio teve hoje "cara de Grêmio", por que não pensar em efetivar Marcelo Rospide? Talvez não fosse má ideia. É um homem que já fez boa campanha no breve espaço de tempo que comandou o time na Libertadores, trabalha no clube há quase 30 anos, é querido pelos jogadores, e trata-se de uma alternativa barata em meio a nomes nem tão vitoriosos que cobram cifras astronômicas, de semideuses. Mais uma vez, o Grêmio de Rospide foi o melhor Grêmio de 2009.
Em tempo:
- Não se sabe o que disse Túlio para merecer a expulsão. Mas se Fábio Santos levou vermelho, Gil também deveria. Agrediu Maxi López de forma grosseira e visível. Dois pesos e duas medidas da arbitragem neste caso. O pênalti de Victor em Soares foi claro.
- São Paulo rumo ao título. Mais uma vez.
- Inter pode entrar no G-4 amanhã. Basta fazer sua parte, que é o que tem sido mais difícil.
Verdade que o sucesso da estratégia deu-se por um revés. Réver saiu lesionado, em seu lugar entrou Maylson. A mudança fez bem ao time. Thiego passou a ser zagueiro, Túlio foi deslocado para a lateral. As saídas pelo lado direito se qualificaram com Túlio, o meio ganhou em mobilidade com Maylson. Maxi López e Douglas Costa entraram no jogo. O primeiro tempo terminou com domínio gaúcho, após uma sustentação da pressão inicial mineira.
O segundo tempo não vi, apenas ouvi partes isoladas. Comentários no rádio davam conta de um panorama semelhante ao da etapa inicial: Cruzeiro com a bola, Grêmio fechado, sem correr riscos. Até o pênalti de Victor em Soares, o gol e as expulsões. Confesso que desisti de ouvir quando Fábio Santos levou o vermelho. Gremista não deve desistir, é o que manda a tradição. Fiquei surpreso, em êxtase, ao saber do empate heroico.
Sobraram atitude e competência defensiva. O time não sentiu um Mineirão lotado, fervendo, crente que a vitória chegaria naturalmente. Tudo o que faltou durante um campeonato inteiro, quando nos jogos longe do Olímpico abundavam posse de bola estéril e apatia, especialmente quando a equipe sofria um gol. Talvez seja por Rospide, talvez não. Pode ser psicológico mesmo. Mas que o Grêmio parece ter vendido mais caro o resultado hoje, não há dúvida. Como prefiro priorizar questões técnicas e táticas antes de fatores psicológicos dentro da análise de um jogo, o que posso dizer do que vi foi realmente um time que se defendeu melhor, que jogou como time pequeno no bom sentido da expressão. Uma equipe ciente do que deveria e poderia fazer em campo. Algo que faltou em quase todos os jogos longe da Azenha na Era Autuori. Mas pode ser determinismo demais explicar o 1 a 1 por isso, ainda mais que só vi metade do jogo.
O fato é que, se o Grêmio teve hoje "cara de Grêmio", por que não pensar em efetivar Marcelo Rospide? Talvez não fosse má ideia. É um homem que já fez boa campanha no breve espaço de tempo que comandou o time na Libertadores, trabalha no clube há quase 30 anos, é querido pelos jogadores, e trata-se de uma alternativa barata em meio a nomes nem tão vitoriosos que cobram cifras astronômicas, de semideuses. Mais uma vez, o Grêmio de Rospide foi o melhor Grêmio de 2009.
Em tempo:
- Não se sabe o que disse Túlio para merecer a expulsão. Mas se Fábio Santos levou vermelho, Gil também deveria. Agrediu Maxi López de forma grosseira e visível. Dois pesos e duas medidas da arbitragem neste caso. O pênalti de Victor em Soares foi claro.
- São Paulo rumo ao título. Mais uma vez.
- Inter pode entrar no G-4 amanhã. Basta fazer sua parte, que é o que tem sido mais difícil.
Foto: duelo entre o Grêmio de Thiego e o Cruzeiro de Wellington Paulista termina 2009 com uma vitória para cada lado e dois empates (Vipcomm/Divulgação).
Comentários
Esse ponto a mais não fez diferença alguma para o Grêmio, ajudou muito o Inter. Mas é difícil não comemorar um gol aos 46 contra o Cruzeiro no Mineirão estando com um a menos.
Soares se machucou pela décima quinta vez e deixou o Cruzeiro com 10 faltando uns 10 minutos, eu acho.
Chupa, Zeh!
AGUANTE URUGUAY CARAJO!!!!
NUNCA DUVIDEM DO URUGUAI!!!!!
claro que nao vai acontecer. mas, se ocorrer, lembrem-se que EU AVISEI.
FORZA CELESTE!
Para mim, efetivar Rospide seria um grande equívoco, pura e simplesmente. Seria uma aposta arriscada num profissional inexperiente e que, nesse momento, não tem metade do potencial de um Andrade, por ex. E explico.
Primeiro, puxemos pela memória e lembremos do que ele fez na primeira vez, antes de Autuori. Manteve o mesmo padrão tático do Roth, sem mexer em absolutamente nada; era engessado nas trocas (lembram quantas vezes ele colocou o Orteman em campo?) e sempre tentava solucionar problemas do mesmo jeito, parecendo pouco agudo na hora de "ler" o jogo; e enfrentou as mesmas equipes tidas como fracas que o Roth pegou, obtendo os mesmos resultados - vencendo todo mundo, basicamente. Olhando pelos números, foi ótima a passagem dele; mas como todos sabemos, números podem enganar, e aquela aparição de Rospide não teve nada de especial. NADA.
Agora, pensemos em ontem, no jogo que muitos rotulam de "a volta da raça" gremista e tal. Montou um time com 3 volantes, que no início de jogo cedeu todo o campo ao Cruzeiro e, mesmo congestionando atrás, era forçado a segurar as calças com as mãos a cada lance de ataque do time da casa. Douglas voltava toda hora para apoiar a defesa, e Máxi, coitado, ficava a um Saara de distância dos demais. Com a entrada de Maylson, sim, o time melhorou - boa sacada do Rospide? Que nada: ele simplesmente NÃO TINHA ZAGUEIROS no banco, e foi forçado a colocar o meia com a lesão do Réver, puxando o Thiego para a zaga e Túlio na lateral. Foi um acerto forçado pelas circunstâncias, pois. Tirou Tcheco num momento importante do jogo, de novo abrindo uma clareira entre meio e ataque - e o gol do Grêmio, embora tenha sido uma DELÍCIA, foi fruto de uma jogada isolada de frente - antes, o Imortal corria com a bola até a intermediária e, previsivelmente, perdia irremediavelmente todas as jogadas. Ou seja, um placar empolgante contra um time antipático, mas muito, muito longe de ser um enorme mérito do Rospide.
Minha conclusão: é ainda muito, mas muito cedo para jogar uma temporada da equipe principal nas mãos do Rospide. Simplesmente porque ele ainda tem muita, muita coisa para provar. Mesmo.
E tenho dito! =P
Antes que seja tarde: não estou defendendo a permanência do Rospide, apenas colocando o assunto em discussão. Acho que merece um debate, já que alguns dos melhores técnicos do campeonato nunca foram antes (Andrade, Jorginho) e há uma exorbitância financeira no mercado de treinadores brasileiro.
No mais, acho ótimo abrir espaço para o debate. Aceito argumentos em contrário, mas sou totalmente contra Rospide comandando o Grêmio em 2010 - a não ser que ele cale minha boca e monte um time empolgante para os próximos jogos, o que eu duvido, mas enfim. Contra o Palmeiras teremos vários desfalques - é uma boa chance de avaliar a capacidade dele em uma situação mais complicada e que exigirá mais do seu intelecto e da sua leitura de jogo. Veremos.