A diferença é seleção

Mais uma vez, o goleiro Victor foi o avalista da vitória tricolor. O jogo aberto a que o Grêmio se submeteu foi muito agradável para quem assiste, mas desinteressante para quem é o mandante e precisa do resultado com imposição. Portanto, o placar de 2 a 0 é enganoso se alguém olhá-lo isoladamente e concluir que o time de Autuori teve solidez defensiva.

O Coritiba não é ruim como sua pontuação indica. Já venho dizendo isso há alguns meses, mas o time teima em não sair da situação difícil em que está na tabela. Ney Franco tem aproveitamento de 54% nos 13 jogos em que comanda o alviverde paranaense, números melhores que o de Autuori aqui. Hoje, mais uma vez, mostrou qualidade no setor ofensivo. Marcelinho Paraíba é um demônio de cabelos descoloridos, deslocou-se por todos os lados do ataque e causou transtornos até o fim do jogo. Jogou numa zona morta, não foi marcado, e assessorou Marcos Aurélio, Renatinho e Thiago Gentil durante todo o primeiro tempo.

O Grêmio só cresceu a partir da melhor produção de Souza. Ali reequilibrou um jogo que estava adonado pelo Coritiba. Como Tcheco teve péssima atuação, errando quase tudo e tendo pouca iniciativa e vitória pessoal, foi Souza quem jogou e fez parte do time jogar. Maxi López melhorou, Mário Fernandes chegava muito bem à linha de fundo. Nada excepcional, longe disso, mas já eram seis chances criadas nos minutos finais do primeiro tempo. Porém, o Coxa seguia levando perigo e aproveitava os espaços que o Grêmio deixava. Foi a partir deste momento que o jogo aberto, de lá e cá, tomou forma - o que, reitero, não era interessante para quem precisa de uma vitória consistente.

O golaço de Perea, numa ótima jogada pessoal concluída em arremate típico seu, cruzado, forte e alto, mais a expulsão de Renatinho no começo do segundo tempo, eram a certeza de que o jogo seria mais tranquilo para os gremistas. Mas Ney Franco, que a esta altura já liberara Carlinhos Paraíba das tarefas defensivas que lhe sobravam, manteve seu time em cima. Sabia que atacar o Grêmio no Olímpico, como fizeram Flamengo, Santos, Sport, Vitória e o próprio Coxa na primeira etapa, é uma boa maneira de tirar pontos do melhor mandante do campeonato. Colocou Rômulo, que foi parado por Victor em dois milagres, um deles lembrando a histórica defesa realizada em jogo contra o Vitória no ano passado. Só depois de desperdiçadas algumas chances pelo Coxa, sempre tendo Marcelinho Paraíba como centralizador das ações ofensivas, é que o Grêmio definiu o jogo, com Souza.

O mais importante era mesmo a vitória, pois não vinha há quatro jogos, quase um mês. Devido a algumas individualidades (Maxi López, sempre perigosíssimo, Souza e Perea pelos gols e Mário Fernandes), o Grêmio produziu até bastante ofensivamente. Porém, quando Tcheco vai mal, a qualidade do trabalho coletivo na frente cai drasticamente. Como o sistema defensivo há tempos tem problemas, e Paulo Autuori não faz questão de tentar corrigi-los (talvez por confiar demais em seu ataque), tivemos uma tarde problemática do Grêmio em quase todos os setores. Lúcio ainda não se achou e Fábio Rochemback pareceu perdido - ainda que o lançamento para o gol de Perea tenha sido belíssimo. Mas foi um bom resultado, ainda mais se levarmos em conta que o Coritiba vem jogando bem e conseguindo pontos contra equipes da ponta de cima da tabela recentemente, como São Paulo (2 a 2 no Morumbi) e Internacional.

Em tempo:
- Cartão injusto e absurdo a Maxi López, que nem falta fez. Sem ele e Tcheco, além do lesionado Jonas, o Grêmio perde muita força ofensiva para o Gre-Nal de domingo. Souza terá grande importância, e Douglas Costa deve voltar ao time. Para sorte tricolor, ao menos o melhor zagueiro colorado, Fabiano Eller, também levou terceiro cartão no Rio.

Campeonato Brasileiro 2009 - 30ª rodada
18/outubro/2009
GRÊMIO 2 x CORITIBA 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Célio Amorim (SC)
Público: 15.631
Renda: R$ 253.373,00
Gols: Perea 46 do 1º; Souza 37 do 2º
Cartão amarelo: Túlio, Maxi López, Tcheco, Perea, Pereira, Thiago Gentil, Ângelo e Edson Bastos
Expulsão: Renatinho 9 do 2º
GRÊMIO: Victor (8,5), Mário Fernandes (6,5), Léo (4,5), Réver (6) e Lúcio (4,5); Túlio (5,5), Fábio Rochemback (5,5), Tcheco (4) (Renato Cajá, 14 do 2º - 5) e Souza (6,5); Perea (6) (Roberson, 36 do 2º - sem nota) e Maxi López (6,5). Técnico: Paulo Autuori (5)
CORITIBA: Edson Bastos (6,5), Ângelo (5), Jeci (5), Pereira (6) e Luciano Amaral (4,5); Leandro Donizete (4,5), Carlinhos Paraíba (5) (Rômulo, 20 do 2º - 5,5) e Renatinho (4); Marcelinho Paraíba (7), Thiago Gentil (5,5) e Marcos Aurélio (5,5) (Makelele, 17 do 2º - 5). Técnico: Ney Franco (6)

Foto: Perea chuta para marcar o primeiro gol do Grêmio na vitória sobre o Coritiba (José Doval/Grêmio).

Comentários

Gustavo disse…
Não adianta: com Victor, tudo é bem diferente. Impressionante como é seguro o arqueiro tricolor. Ainda bem.

Não consigo entender como a defesa, outrora segura, vaza tanto nos últimos jogos. Acho que tem a ver com sistema de jogo, mais do que com as atuações individuais.

Totalmente absurdo o cartão ao Maxi. Achei que ele seria expulso pela forma como reclamou, mas foi realmente indignante levar um cartão numa jogada que nem falta foi.

A torcida largou de mão, (des)motivada por uma direção que também aparenta ter feito o mesmo. Justo num ano em que os líderes só vacilam e a diferença de pontos pro G4 é totalmente plausível de ser descontada. Triste.
Vicente Fonseca disse…
A defesa tem ficado mais exposta sim, e isso não é culpa individual dos zagueiros, como tu bem citou. O Grêmio leva poucos gols, mas leva quase sempre.

O desânimo da torcida é compreensível, mas não acho ruim o trabalho da direção no futebol. Claro que os resultados não foram os esperados, mas acho que é preciso ir um pouco além na análise. A direção contratou, foi atrás de jogadores para posições carentes. Algumas contratação dão certo e outras não, e isso é do jogo.

Gustavo, o Duda Kroeff até falou em Libertadores na Band essa semana e foi meio que ridicularizado. Ao menos no discurso não atirou a toalha. Difícil vai ser convencer a torcida de que ainda é possível chegar no G-4 caso o time perca o Gre-Nal, já que o Meira disse que o clássico vai matar as pretensões de quem perder.
Unknown disse…
perea me escutou e chutou aquela bola pro gol. bem como uma, no segundo tempo, de perna esquerda. pena que o perea não é o jonas.

no mais, a dúvida é se o meio campo vai ser ADILSON TULIO ROCHEMBACK SOUZA, com DOUGLAS COSTA no ataque ou troca TULIO por ADILSON, poe o DOUGLAS e PEREA E HERRERA no ataque.
Unknown disse…
mas, CLARO, o pior resultado da rodada foi DRAGÃO 0X1 LUSA.

atlético saiu do g4, e entrou o FIGAYRENSE!!!!

¬¬
Vicente Fonseca disse…
Herrera, pelo que sei, está machucado. Não sei se consegue recuperar-se a tempo. Por isso imagino a primeira opção de time que tu citou como a mais provável, a não ser que a coisa mude.

Com o que Mário Sérgio anda escalando no Inter, botando SEIS homens para tentar conter GUM, o 0 a 0 que previ para o Gre-Nal ganha força. O 2 a 2 de ontem já ocorreu, bem como a vitória gremista por dois gols de diferença.
Vicente Fonseca disse…
Clássico catarinense na Série A em 2010 é FATO. Ano que vem são dois times por estado da região Sul. Com a queda provável do Santo André e a volta do Guarani, serão seis paulistas novamente.
Unknown disse…
dghsadfkfg...

o problema da primeira escalação é que o DCOSTA não é atacante...
Vicente Fonseca disse…
Mas entre ele, que já foi testado ali, e Roberson, acredito que Autuori preferirá Douglas Costa.

E não sei se ele não serve como atacante. Como meia, com maiores obrigações, não tem dado conta.
André Kruse disse…
Realmente o Grêmio foi bem quando o Souza foi bem, mas acho que o alagoano foi muito irregular, aparecendo pouco.

Victor segue escondendo as falhas defensivas.

Na impossibilidade do Herrera, eu iria com tres volantes e Douglas Costa no "ataque" (um 4-5-1)
Vicente Fonseca disse…
Concordo, tanto sobre o Souza quanto ao Victor e à tua ideia de escalação.
Vicente Fonseca disse…
Aliás, André. Tu, que deves ter ido no jogo. Que tal o telão atrás do gol da Cascatinha?
André Kruse disse…
Não fui no jogo, vi o telao no sabado só.

Tem uma boa qualidade, mas pelo que disseram estava em testes, só passava propaganda e imagens da torcida.
Chico disse…
Superclássico Grenal!
Gustavo disse…
No jogo de ontem, a dupla de meias voltou a ser "problematica". A diferença é que Tcheco não teve nenhum lampejo desde o apito inicial até ser substituido. Souza, em algum momento do segundo tempo, resolveu "entrar" no jogo e mandou um sapataço pra bela defesa do Edson Bastos e depois fez um bonito gol.

Essa é a diferença: Souza, mesmo jogando mal, consegue brilhar em lances isolados. O Tcheco, não.

Prefiro um Marcelinho Paraíba, que joga bem todos os jogos, sempre.

(claro que eu não vi todos os jogos do Coritiba, longe disso. Mas os que eu vi, o Marcelinho DESTRUIU).
Gustavo disse…
Antes que eu me esqueça: porque Rochemback TEM QUE JOGAR? Até agora, não vi muita coisa que justifique sua permanência no time titular.
Vicente Fonseca disse…
Sobre Tcheco e Souza: é verdade. Até porque o Tcheco não é o cara do lance individual, é o cara que faz os outros jogarem. Quando não consegue isso, some mesmo. E o Marcelinho é craque, ainda me serve muito - mesmo que no Grêmio dificilmente ele teria um esquema que privilegie só pra ele como tem no Coxa, o que faria diferença.

A questão do Rochemback é que ele é tecnicamente muito superior aos outros dois da posição. Então é de quem se pode esperar algo a mais. Ontem fez um belo lançamento que culminou no primeiro gol. Então, mesmo que não esteja na plenitude, pode acrescentar mais.
Lourenço disse…
O Herrera não está machucado, estava suspenso.
Vicente Fonseca disse…
Bom, eu ouvi que estava lesionado, no rádio. Pode voltar então.