Bendita expulsão

Incrivelmente, o Grêmio melhorou e definiu sua tranquila vitória sobre o Avaí justamente no momento em que o jogo se desenhava como dramático. Quando Fábio Rochemback foi expulso, o tricolor vencia por apenas 1 a 0, gol de pênalti de Tcheco, e o que tinha de melhor era justamente esse gol. Nos primeiros minutos, teve inúmeros problemas para conter um Avaí mais confiante e repleto de meio-campistas. Agora, com um homem a mais, o time de Silas tinha tudo para buscar o resultado.

Mas não foi assim. O Grêmio terminou o primeiro tempo melhor, mas sofreu com a postura mais agressiva do Avaí na volta do intervalo. Disposto a desfazer a vantagem gaúcha, os catarinenses ocuparam o campo tricolor na busca do empate, tendo em Marquinhos o condutor das ações. Autuori, então, sacou Perea e apostou em Douglas Costa. Acertou em cheio. Em vez de retrancar seu time, colocou mais um meia para dar consistência ao setor, retirando um atacante inoperante e já sem função tática para apostar num jovem com gás e velocidade. Pela primeira vez no Campeonato Brasileiro de 2009, o Grêmio de Paulo Autuori apostava no contra-ataque.

E como deu certo. Primeiro, Adílson recebeu lançamento após o time retomar a bola, fez o arranque e a bola sobrou para Maxi López ampliar. Com um a menos. Depois, Douglas Costa ganhou na velocidade e deixou Souza livre. Ele driblou Eduardo Martini e fez um golaço. Com um a menos. Em dois contra-golpes, algo que o time não teve em momento algum do Brasileirão, a goleada. Com um a menos. O desconto catarinense foi mero detalhe, pois o jogo já estava morto.

Paulo Autuori baseia na posse de bola sua ideia de futebol, mas mostrou que sabe armar bem um time para contra-golpear. Se o Grêmio tivesse jogado assim em alguns poucos jogos fora do Olímpico, talvez pudesse estar brigando de fato por algo maior neste campeonato. Rever alguns conceitos, de vez em quando, faz bem. Ajustar-se à situação de um jogo, de um elenco, saber fazer esta leitura. São todos méritos de um treinador também, e não apenas a afirmação do seu ideal a respeito do futebol.

Sobre o andamento do jogo, primeiro tempo cheio de erros e ansiedade do Grêmio. Após o gol, veio certa tranquilidade. Decepcionou-me o Avaí. Esperava mais do time catarinense - que, diga-se, não teve seus dois atacantes titulares hoje. Mas é complicado ser quase goleado diante de um adversário com um homem a menos por quase uma hora de jogo. No tricolor, destaques para Mário Fernandes, Adílson e Maxi López, principalmente. Victor, Réver, Tcheco e Douglas Costa também tiveram boas atuações.

Em tempo:
- Noite das mais agradáveis no Olímpico, temperatura espetacular, brisa suave. Jogos com estádio vazio nunca representam algo de fato importante, mas facilitam deveras a logística.

Campeonato Brasileiro 2009 - 32ª rodada
28/outubro/2009
GRÊMIO 3 x AVAÍ 1
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Péricles Cortez (RJ)
Público: 9.391
Renda: R$ 118.733,00
Gols: Tcheco (pênalti) 30 do 1º; Maxi López 15, Souza 17 e Emerson 32 do 2º
Cartão amarelo: Adílson, Souza, Perea, Maxi López, Eduardo Martini, Augusto e Eltinho
Expulsão: Fábio Rochemback 32 do 1º
GRÊMIO: Victor (6,5), Mário Fernandes (6,5) (Saimon, 13 do 2º - 5), Thiego (6), Réver (6,5) e Lúcio (4,5); Adílson (6,5), Fábio Rochemback (3), Tcheco (6,5) e Souza (6,5) (Maylson, 47 do 2º - sem nota); Perea (5) (Douglas Costa, 1o do 2º - 6,5) e Maxi López (7). Técnico: Paulo Autuori (6,5)
AVAÍ: Eduardo Martini (5), Augusto (4) (Fabinho Capixaba, intervalo - 5), Rogélio (4) e Emerson (5); Luís Ricardo (5) (Jandson, 22 do 2º - 5), Ferdinando (4,5), Léo Gago (5), Marquinhos (5), Caio (5,5) e Eltinho (5); Leonardo (4) (Cristian, intervalo - 4,5). Técnico: Silas (4)