A cronologia de reversão do 2 a 0 na Copa do Brasil

Na história de 21 edições da Copa do Brasil, 57 confrontos de ida terminaram com o placar de 2 a 0 para o time da casa. A vitória corintiana sobre o Internacional foi o 58º. Estatisticamente, não há grandes motivos para comemorar. Em apenas 11 oportunidades (19,3%) o time que perdeu a primeira reverteu o resultado em casa. Além disso, muitas delas foram nas primeiras fases do torneio, onde há uma disparidade técnica maior entre os times.

Outro dado que não dá alento é o fato de que nas duas únicas finais que terminaram com o primeiro jogo em 2 a 0 para o time da casa não houve reversão de tendência: em 2005, o Paulista aplicou este escore no Fluminense e segurou um 0 a 0 no Rio de Janeiro; no ano seguinte, o Flamengo venceu o Vasco por este placar e ainda ganhou por 1 a 0 no outro jogo.

Mas há dados positivos. Duas dessas onze viradas foram do Internacional.

1997: após sofrer 2 a 0 na Vila Belmiro para o Santos, nas oitavas-de-final, os colorados lotaram o Beira-Rio acreditando na virada. Numa atuação impressionante, o time de Celso Roth devolveu o 2 a 0 e venceu dramaticamente nos pênaltis, com o goleiro André saindo de campo como o grande herói da classificação.

2008: bem mais recente na memória vermelha. Após levar 2 a 0 do Paraná na partida de ida e sofrer um gol logo no começo do jogo no Beira-Rio, o Inter virou para 5 a 1, destruindo as chances parananistas de chegar às quartas-de-final.

Em 2002, o Internacional levou 2 a 0 do Atlético-MG em Belo Horizonte, conseguiu vencer no Beira-Rio por 3 a 2, mas caiu fora. Ou seja, nas três vezes em que perdeu por este placar na primeira partida, o colorado conseguiu reverter a desvantagem em duas delas. Este é o dado positivo mais significativo que precisa ser considerado pela torcida rubra quando rumar à Padre Cacique na quarta-feira à noite.

As 11 reversões de 2 a 0 na Copa do Brasil
1997 - Oitavas - Santos 2 x 0 Internacional, Internacional 2 (3) x 0 (2) Santos
1998 - Preliminar - Remo 2 x 0 Portuguesa, Portuguesa 5 x 0 Remo
1999 - 1ª fase - Sergipe 2 x 0 Ponte Preta, Ponte Preta 5 x 2 Sergipe
2000 - 3ª fase - Remo 2 x 0 América-RN, América-RN 6 x 2 Remo
2001 - 1ª fase - Comercial 2 x 0 Juventude, Juventude 5 x 0 Comercial
2001 - 1ª fase - Treze 2 x 0 Atlético-PR, Atlético-PR 2 (3) x 0 (2) Treze
2003 - 1ª fase - São Raimundo 2 x 0 São Paulo, São Paulo 6 x 0 São Raimundo
2005 - 2ª fase - Paysandu 2 x 0 Ceará, Ceará 4 x 0 Paysandu
2005 - Oitavas - Corinthians 2 x 0 Figueirense, Figueirense 2 (3) x 0 (2) Corinthians
2008 - 2ª fase - Juventus 2 x 0 Náutico, Náutico 3 x 0 Juventus
2008 - Oitavas - Paraná 2 x 0 Internacional, Internacional 5 x 1 Paraná

Comentários

Little Potato disse…
Eu estava atrás do gol naquele Inter 3 X 2 Atlético-MG. Pensei seriamente em entrar em campo e cagar à pau o P.C. Oliveira, mas estava muito ocupado impedindo o Reche de fazer o mesmo...
Ponso disse…
Brilhante levantamento.
Vicente Fonseca disse…
Calma, Batata.

Abraço, Ponso.

À tarde, a retrospectiva de viradas que podem inspirar o Grêmio na Libertadores.
luís felipe disse…
Remo, Sergipe, Comercial, Juventus...

os únicos times grandes que sofreram isso foram o Santos (pelo Inter) e o Corinthians (pelo Figueirense). Esse é o dado mais impressionante.
Vicente Fonseca disse…
Este é outro dado importante a ser considerado.
André Kruse disse…
Vicente, jornalisticamente, o que tu achou dessa cobertura feita pela imprensa sobre DVD do Carvalho?
Vicente Fonseca disse…
Ouve o comentário em áudio ali, André. Acabei de postá-lo sobre este assunto.

Em suma, é um fato que anima a sociedade do espetáculo em que vivemos. Tudo o que puser lenha na fogueira entra na pauta, infelizmente.
Lourenço disse…
Creio que o Fernando Carvalho, por mais "picuinha" que seja, age bem como dirigente ao fazer isso. Sabe que a situação do Inter é muito difícil e tenta tirar o foco do campo, chama para ele e para a arbitragem a atenção. Como não há o caso Maxi Lopez no Inter, o FC está tentando criar o fato para criar o fato.
Lourenço disse…
criando o fato para criar o fato. Que frase.
Lourenço disse…
Em tempo: que bela pesquisa.
Vicente Fonseca disse…
Só o que eu acho brabo é que muitos vão exaltá-lo por isso, caso o Inter seja campeão. Só reconhecerei que deu certo (mesmo que eu siga discordando deste tipo de atitude) se o árbitro favorecer o Inter com seus erros.

Obrigado pelos elogios.
natusch disse…
Tem um outro elemento nessa história também, que é ser o Corinthians o adversário - o mesmo dos incidentes infames de 2005. Notem inclusive que o primeiro lance é justamente aquele famigerado pênalti não marcado sobre o Tinga, que é exibido para "ser exemplo", mas não tem nada a ver com a atual situação de "favorecimento" ao Corinthians. Trazendo essa questão para a mídia, o Carvalho faz com que o torcedor colorado relembre aqueles tempos e, possivelmente, se inflame ainda mais para o momento da decisão - sabem como é, o sentimento de revanche é um grande mobilizador, o Grêmio (e o Cruzeiro) que o diga.

Mesmo assim, acho uma medida no mínimo questionável do Carvalho. Esse papo de "queremos isenção" é um eufemismo para "vamos estar em cima, juiz", é uma tentativa canhestra de condicionamento de arbitragem. E para mim a exibição da faixa é uma palhaçada, simplesmente - como se NINGUÉM soubesse que isso é corrente em qualquer decisão e não caracteriza menosprezo ao adversário. De qualquer modo, para mim o jogo de cena é para a torcida, e não para os jogadores - e acho que estádio lotado e torcida colorada ensandecida já está garantido, a essa altura. Nesse ponto, Carvalho já ganhou - em todos os outros, acho que vai acabar perdendo, especialmente do ponto de vista político...
Lourenço disse…
Na verdade, eu acho que por mais que não haja um complô generalizado, os times de Rio e SP são mais beneficiados que os times periféricos, até pela repercussão naturalmente maior de lá.

Há tempos que defendo uma união institucional entre Grêmio e Internacional para a demanda de interesses comuns, questões de arbitragem, cotas de televisão, STJD, etc. No cenário nacional, temos muito mais em comum do que de diferente.

Como torcedor, vou secar o Inter. Se for roubado, melhor. Mas o que não dá é para ficarmos assim, um clube rindo e desprezando o outro quando é prejudicado, enquanto os demais se unem e se beneficiam da nossa desunião nessas horas.
Prestes disse…
Acho que o Inter tem que se preocupar é em jogar bola. Mas me colocando no lugar do Carvalho, penso que ele achou o seguinte: "Prefiro não me omitir. Melhor pecar fazendo algo, do que se arrepender de não ter feito depois".
Prestes disse…
Nem preciso dizer q acho do caralho os levantamentos VICENTINOS.

Aliás, tu é parente do Fonseca dono da rádio Putzgrila??
Vicente Fonseca disse…
Concordo que se omitir também não seria o ideal, e se falaria mal dele caso não agisse. É o contraponto. Mas DVD é exagero, a meu ver. E tirar foto com a faixa corintiana também - e concordo com o Igor, uma reclamação dessas piora até politicamente a situação dele. Repito: fosse Luigi ou Piffero, só se ouviria falar mal dessa estratégia.

Agradeço os elogios, mas não tenho parentes na mídia, nem o Divino é meu parente. Hehe.
luís felipe disse…
Vicente, sociedade do espetáculo, showrnalismo, tudo bem.

Agora, imagina se sai a Zero Hora tendo como matéria principal os teus levvantamentos, o 3-5-2 que o Tite pode escalar e sei lá, a volta dos caras da Seleção.

Do lado, na banca, tá o Correio do Povo: "Carvalho lança dossiê com erros de arbitragem pró Corinthians".

eu e tu, que acessamos a internet e já lemos sobre o assunto, compramos a Zero Hora.

o cara que não tem internet, compra o Correio do Povo.
Vicente Fonseca disse…
Concordo, Luís. Mas acho que no fundo essa tua constatação só vem ao encontro do que eu disse: o espetáculo falará mais alto.

O que quero dizer é que o ideal é que este tipo de coisa não fosse manchete em lugar algum, mas sei que é impossível. Só que conceitualmente eu discordo do espaço exagerado dado a isso, mesmo que eu saiba que é inevitável. E o Fernando Carvalho só faz isso porque sabe que este tipo de coisa ganha espaço. É um uso hábil.
André Kruse disse…
agora sim ouvi o comentário, muito bom.

Acho que tu cometeu um equívoco só. Ninguém no Corinthians fez dossiê. Foram torcedores os responsáveis:
http://dossietimaona.blogspot.com/

Fernando Carvalho não tem nada a perder. Se ganhar, vira heroi. Se perder, já tem uma desculpa.

Mas eu volto a questionar a cobertura da imprensa.

Fosse eu o responsavel por um jornal ou rádio, não mandaria ninguém cobrir uma coisa dessas.

Mas aí entra o exemplo dado pelo LF, que, válido ou não, é sempre a desculpa dada.

Mas ainda que vira uma obrigação a cobertura, ela poderia ser feita de outra forma.

Por exemplo, na linha "se tá no inferno, se abraça com o diabo" poderiam pedir pro FC mostrar a tal da carta. Será que ela existe.

Ou poderiam lembrar aquela frase dele de que o Grêmio nunca perde...

Mas não foi isso que aconteceu. Tem jornalista fazendo coisa que até a assessoria de imprensa teria vergonha de fazer.

A ZH foi revoltante. Essa de pedir pro Chico Garcia (sempre ele) comentar os lances do DVD foi brincadeira.

No fim, quem quer (e quem sabe) sempre consegue usar a imprensa.
Vicente Fonseca disse…
Pois é André, eu vi depois a partir do teu blog que não era coisa oficial do Corinthians. A informação que eu tinha ouvido semana passada (sexta, acho) dava a impressão de que era coisa oficial.

Essa do Chico Garcia é uma política da RBS em valorizar quem é deles. Já foi usada em diversos outros casos.

Só sei que, realmente, ele não poderá mais falar quando o Grêmio ou outro time qualquer reclamar da arbitragem. Ou poderá, já que a bravata é livre e todo mundo esquece tudo.
Vicente Fonseca disse…
No último parágrafo do comentário acima, "ele" é o Fernando Carvalho.
André Kruse disse…
Chico Garcia luta contra a imagem.

como naquele pênalti no Soares.

Ou a bola rolando no Grenal dos 4x1:

Garcia alerta ainda para a diferença entre esse lance e o gol de Alex com passe de D’Alessandro, marcado no Gre-Nal dos 4 a 1 em 28 de setembro de 2008, no Beira-Rio:

– Não há nada de errado em cobrar a falta com rapidez se a bola estiver parada, como fez o D’Alessandro. A diferença é o movimento da bola.

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2550779.xml&template=3898.dwt&edition=12547&section=1010

DAlessandro coloca a bola no chão mas depois que ele tira a mão a bola está rolando lentamente, caracterizando uma infração clara
http://www.youtube.com/watch?v=77uttFSf6AI&feature=related
Vicente Fonseca disse…
É, aquele caso do Soares foi o mais célebre dele.

Todos sabem minha opinião a respeito da figura do analista de arbitragem. Mas a RBS sempre utilizou seus próprios especialistas preferencialmente, não só na editoria de esportes.
luís felipe disse…
eu falei com o Chico Garcia ontem sobre o lance do Soares. Ele me disse que nunca foi tão cobrado PELA EMPRESA como naquele fato. Também disse que ganhou "maturidade" com o lance - "o torcedor não quer saber a posição do árbitro, quer saber se seu time foi prejudicado ou não. É isso que eu faço hoje, é isso que não fiz aquele dia".

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AK, isso aí é bem mais que uma desculpa. É a própria essência do jornalismo das empresas privadas. Se não vende e o concorrente vende, estão fodidos.

A pauta do FC é boa, é ótima. O cara pode ter feito uma idiotice absoluta, mas rende tanto assunto que até tu, gremista de quatro costados, está aqui comentando. Tu acha que o gremista mais empedernido de Tapejara, que não se informou sobre coisa alguma durante o dia, não vai comprar o jornal que traz esse tipo de coisa na padaria de manhã, nem que seja só para se irritar com o "coloradismo" da RBS?

O Marco Antônio Schuster fez uma tese sobre o quanto o Barrionuevo tinha influência nas decisões do PT nos anos 90. Mesmo sendo detestado por todos. O jornalismo vende isso, AK, não adianta. Lembra quanto assunto rendeu aquele caso das "bestas-feras" do Atlético-PR em 2007? Todos os que opinaram condenaram o fato, sem exceção alguma. Ninguém ignorou. Pq é uma pauta excelente.
natusch disse…
Concordo com o LF, mas concordo também com o Kruse =P

Dava perfeitamente para fazer uma cobertura bem menos "chapa branca" no caso - não simplesmente questionar se o Carvalho tem razão nas reclamações (como o ex do Chico Garcia comentando o DVD escancara), mas questionando a legitimidade mesmo de fazer um DVD e convocar uma coletiva, para citar um exemplo. Ou fazer um trabalho em cima do status atual da arbitragem brasileira, tão questionada ao ponto de render uma denúncia pública de favorecimento e um DVD às vésperas da decisão da Copa do Brasil. Mesmo porque meramente ver se o choro tem razão não adianta nada - supondo que tudo tem procedência, e daí? Isso prova o quê? Eis o problema, embora ele seja inevitável no modelo jornalístico empresarial - embarca-se mansamente numa canoa furada, só para dar às pessoas o que supostamente elas querem. No caso, a imprensa do RS foi nada menos que refém do Carvalho - e isso não é bonito, não mesmo. Pode ser inevitável, mas não é bonito.

E a imprensa de SP me parece que não deu muita pelota para o caso. Saiu uma pequena matéria de canto de pagina na Folha, uma notinha no Estadão, e acho que foi isso. Não vi o Globo Esporte hoje, se alguém assistiu poderia confirmar (ou refutar) essa minha impressão. Só reforçando minha idéia de que o esquema não foi para o mundo, e sim para consumo interno - e se assim foi, convenhamos que tá funcionando...
Prestes disse…
Entendo teu argumento, Luis, mas igual temos que criticar os jornais.
Vicente Fonseca disse…
No Globo Esporte deram mais destaque à reclamações do Ronaldo quanto ao longo período de concentrações que ao DVD.

Justiça seja feita: o Nando Gross foi o único cara que vi realmente criticar essa ideia do DVD, sexta passada, logo que a informação foi passada.
Chico disse…
Dessa vez o eles se superaram! Agora choram antes da partida...e depois dizem que "acreditam".

O antigo presidente deles inaugura uma nova fase de um velho hábito: o condicionamento de arbitragem.

E eu que pensava que o time mais chorão era o Botafogo.

Choradeira multi-mídia.
luís felipe disse…
Prestes, eu só vejo motivo de crítica se faria diferente. Não é o caso aqui, pois eu sei que estaria frito se fizesse diferente.