O possível, o necessário

A pergunta que todos no Olímpico mais anseavam saber não foi respondida, afinal o clube ainda não tem novo técnico. E este clima ainda foi aumentado após o jogo porque a partida confirmou todas as expectativas pré-anunciadas. Só se daria prioridade ao jogo caso o resultado fosse incomum, mas tudo ocorreu conforme o esperado.

O Grêmio não precisou jogar bem ou fazer muita força para golear os bolivianos. Na verdade, o tricolor não poderia fazer nenhuma destas duas coisas: a atuação dificilmente encheria os olhos de todos, dado o nervosismo e a ansiedade que o grupo de jogadores concentrava antes da bola rolar. E fazer força era mais complicado ainda, devido ao desgaste gerado pelo Gre-Nal de 48 horas atrás.

Por isso, o gol marcado ainda no primeiro tempo por Rafael Marques foi importantíssimo. Antes dele, o Grêmio já criara algumas situações de perigo. Descontado o histórico de desperdício gremista nesta Libertadores, tudo levava a crer que abrir o placar era questão de tempo. As melhores subidas vinham com Makelele pela direita, ou enfiadas de Tcheco para Maxi López e Herrera se virarem contra os zagueiros do Aurora. Faltou Souza jogar, encostar nos atacantes, dar opções quando eles fizessem o pivô. Algo que aconteceu contra o Internacional, domingo.

O segundo tempo começou muito arrastado. O tricolor sabia que esta era a chance de abrir saldo, mas pareciam faltar pernas e vontade de aumentar a vantagem. Quando o Aurora começou a ameaçar tentar o empate e arrancar algumas vaias isoladas das sociais, o Grêmio fez o segundo gol. Possivelmente um dos momentos mais importantes da campanha dos gaúchos na Libertadores: não apenas por ter sido o primeiro gol da contratação mais cara do clube na temporada, mas porque talvez esteja surgindo uma jogada importante ofensiva do time da Azenha: o jogo aéreo explorando a altura, a força e o posicionamento do Toro Rubio Maxi López, que além de fazer boa partida mostrou que cabeceia muito bem. Há que se ressaltar a precisão do cruzamento de Herrera, também, o que salvou aquilo que era mais uma apagada atuação do argentino.

Ainda houve tempo para o gol de Réver, o da goleada. Resultado importante, que não foi conseguido com brilho. Nem poderia, nem precisava. O que mais o Grêmio precisava era da vitória, que lhe leva a 10 pontos, bom saldo, classificação encaminhada, liderança confirmada (dificilmente chegará à última rodada fora da primeira posição da chave) e uma das melhores campanhas da Libertadores até agora. Ao menos na Copa, o novo técnico gremista encontrará um terreno tranquilo.

Em tempo:
- Uma das piores atuações de Souza pelo Grêmio. Ganhou meio pontinho pela assistência a Rafael Marques, mas suas tentativas de entrar com bola e tudo no fim foram dignas de uma pelada no Ararigbóia.

- Muito bom público no Olímpico. Segundo o inigualável Chico, Rospide é a REGÊNCIA UNA após Roth.

- Última goleada do Grêmio em Libertadores havia sido em 2003: 3 a 0 no Olimpia, pelas oitavas-de-final.

- Quem viu o gol perdido pelo River Plate diante do Nacional nunca mais reclamará do ataque do Grêmio.

Taça Libertadores da América 2009 - Primeira Fase - Grupo 7 - 4ª rodada
7/abril/2009
GRÊMIO 3 x AURORA 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Carlos Arias (PAR)
Público: 30.238
Renda: R$ 543.352,00
Gols: Rafael Marques 32 do 1º; Maxi López 19 e Réver 36 do 2º
Cartão amarelo: Herrera, Tcheco, Fernández, Bongioanni e Sosa
GRÊMIO: Victor (5,5), Léo (6), Rafael Marques (6) e Réver (6); Makelele (5,5) (Diogo, 43 do 2º - sem nota), Adílson (5,5), Tcheco (5,5), Souza (4,5) e Fábio Santos (5) (Jadílson, 35 do 2º - sem nota); Herrera (5,5) (Orteman, 38 do 2º - sem nota) e Maxi López (7). Técnico: Marcelo Rospide (5,5)
AURORA: Dulcich (6), Huayhuata (5,5), Leonforte (4,5), Viviane (5) e Zenteno (4,5); Fernández (4), Escobar (5) (Castellón, 45 do 2º - sem nota), Hurtado (4) e Bongioanni (4,5) (Cardozo, 11 do 2º - 4,5); Paredes (5,5) e Sosa (4) (Gutierrez, 43 do 2º - sem nota). Técnico: Julio César Baldivieso (4,5)

Foto: José Doval/Grêmio