O jogo do ano

Infelizmente não pude acompanhar nada senão o compacto do maravilhoso jogo entre Chelsea e Liverpool realizado esta tarde, em Londres, válido pelas quartas-de-final da Liga dos Campeões. É quase garantido que este jogo estará entre os votados no último Carta na Mesa de 2009, na retrospectiva, como uma das melhores partidas de 2009.

Somente o resultado de 4 a 4 por si só já é um indicativo e tanto de que estivemos diante de um jogaço, mas a maneira como o placar foi construído é que chama a atenção. O obrigatório paralelismo do matamata, aberto com o 3 a 1 em favor do Chelsea no jogo da ida, em Liverpool, ao contrário de esfriar, só foi um tempero a mais.

Note-se também a qualidade das equipes e das jogadas produzidas. O primeiro gol, do melhor lateral-esquerdo brasileiro no momento, Fábio Aurélio, mostra toda sua perspicácia, qualidade e visão de jogo, ao surpreender o extraordinário Petr Cech em cobrança de falta direta. O 2 a 0 anotado por Xabi Alonso ainda não classificava o Liverpool, mas instalava o terror em Stamford Bridge. O terceiro não saiu por pouco, milagre de Cech, aos 44 iniciais.

Aí veio a reação do Chelsea: Drogba fez o primeiro em um lance que dá a impressão de frango de Reina num primeiro momento. Seu desvio sutil, porém, foi decisivo. Não havia reflexo capaz de impedir a reação do goleiro que culminou no gol. Logo a seguir, Alex fez golaço de falta, como nos tempos de Santos, empatando tudo. Lampard fez o terceiro, virando o jogo. E todos davam o Liverpool como finalmente morto, precisando de três gols em pouco mais de 20 minutos restantes.

Daí, nova reação, agora vermelha. Lucas empatou em chute de longe que desviou na zaga. Kuyt, aos 38, virou de novo, 4 a 3. Mais um gol classificava o Liverpool pelo saldo qualificado. Houve chances, mas no fim foi Lampard, aos 44, que classificou o Chelsea com novo golaço.

Não posso fazer qualquer análise, por isso fiz este texto descritivo. Ele pouco teve a contribuir em termos de exame da partida, mas servirá para daqui a alguns anos a gente lembrar como este jogo épico e fantástico ocorreu em Londres.

Em tempo:
- Sobre Bayern 1 x 1 Barcelona, atentem para o gol do Barça. Jogada coletiva de altíssima qualidade. Uma pintura.

- Chelsea x Barcelona é o jogaço das semifinais. Com Guus Hiddink no comando e um time em ascensão após tirar Juventus e Liverpool, aposto no título inédito para o clube de Londres.

- A lesão de Rogério Ceni afeta muito o São Paulo. Não tanto tecnicamente, apesar de tratar-se de um grande goleiro, pois será bem substituído pelo experiente Bosco. Mas em termos anímicos, certamente. Rogério é aquele para quem os 10 jogadores são-paulinos olham dentro de campo quando a coisa está ruim. É a referência psicológica, é o símbolo maior do tricolor paulista. Só quem ganha com esta parada forçada são seus adversários, tanto na Libertadores como no Paulistão. E até no Brasileiro, pois só deverá voltar aos gramados no returno, em outubro.

Foto: AP