Sobre titulares, mistos e reservas

Hoje uma interessante reportagem da Zero Hora mostrou como os times brasileiros que estão na Libertadores estão tratando os seus respectivos estaduais. De todos, somente o Sport está utilizando titulares nos jogos do Pernambucano. Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e São Paulo alternam titulares e colocam força máxima apenas na Libertadores.

Cada um tem as suas estratégias. É importante dar sequência ao time considerado titular, não há dúvidas disso. Mesmo times entrosados de anos anteriores sofrem nos primeiros jogos da temporada seguinte. O Internacional cometeu um erro grave causado por certa soberba, que comprometeu sua campanha na Libertadores de 2007: poupou os titulares campeões do mundo em todos os primeiros jogos do Gauchão, estreando sua equipe na temporada diante do Nacional, primeiro jogo da competição sul-americana. O final, todos conhecemos.

É fundamental dar ritmo de jogo e entrosamento ao time titular nos primeiros jogos do ano, mas há a hora em que as prioridades precisam ser estabelecidas. Para pegar outro exemplo local, o Grêmio tratou muito bem esta questão de planejamento na mesma Libertadores de 2007: escalava os titulares no Gauchão no começo do ano, mas na hora do mata-mata da competição continental, preteriu as primeiras rodadas do Brasileirão. Os times bem sucedidos no torneio sul-americano fizeram isso, e não apenas os três títulos de clubes gaúchos: é temerário disputar duas competições com o mesmo time ao mesmo tempo. Ainda mais a Libertadores, que é a mais importante e que mais exige fisicamente dos atletas.

Isso explica o sprint que o tricolor tentou dar no turno do Gauchão: ali, a concomitância com a Libertadores seria bem menor. Neste momento, é preciso pensar com cuidado quem entra em campo, mesmo que o turno tenha sido perdido e o título, ao final, não venha. Não há mais necessidade de colocar a equipe para jogar com tanta frequência, na medida em que já há um entrosamento interessante. É claro que relegar a segundo plano um torneio em favor de outro é arriscado, mas é ainda mais arriscado entrar com tudo nos dois e perdê-los por causa disso. E não caiam nessa que andam espalhando, de que o Grêmio teria jogado a morrer no Gauchão mesmo com a disputa da Libertadores em 1995, pois não é verdade. Até em favor da Copa do Brasil, disputada meses antes, o time de Felipão relegou o regional.

Pontualmente, no caso desta semana, seria interessante que Sport, Grêmio e Palmeiras joguem com seus times titulares pelos seus estaduais. Isto porque não terão, nos próximos dias, jogos pelo que realmente interessa neste semestre. Não se pode também deixar o time parado, sem jogar junto, e entrar em uma neurose. Seria pecar pelo outro extremo. No caso de pernambucanos e paulistas, colocar a equipe principal se torna ainda mais interessante, pois ambos só jogarão novamente pela Libertadores em abril.

Portanto, como o duelo contra o Aurora é só quarta que vem, seria interessante ver o time titular do tricolor amanhã, contra o São José. Colocar todos os titulares em alguns jogos é melhor que mesclar com reservas sempre, para não atrapalhar a mecânica de jogo. Ver o real time do Grêmio jogar apenas uma vez a cada duas semanas, pela Libertadores, não é a melhor alternativa.

Comentários

Totalmente off-post, mas alguém viu a foto do Arílson hoje na ZH?

Um cara daquele tamanho que foi meio-campista substituto do Émerson em 95 não pode dizer que está com sua condição física em 70%. A não ser pra jogar Segundona Gaúcha, mesmo.
Vicente Fonseca disse…
70% da capacidade de um atleta de fim-de-semana.

Triste ver o que a falta de orientação pode fazer com alguém. Jogava muito.
Anônimo disse…
Vale lembrar que o Grêmio chegou "morto" para enfrentar o corinthians na final daquela copa do brasil, time do 1º jogo:
Danrlei, Arce, Rivarola, Luciano e Carlos Miguel; Dinho(Gélson), Adílson, Luís Carlos Goiano e Alexandre; Paulo Nunes
(Vágner Mancini) e Jardel.

Time do 2º jogo: Danrlei, Arce, Rivarola, Adílson e Carlos Miguel;
Dinho (Alexandre), Gélson, Luís Carlos Goiano e Arílson;
Paulo Nunes e Jardel.

A parada da copa américa foi determinante para o time retomar o preparo físico para libertadores.
luís felipe disse…
1. Time que tem grupo faz mistão na competição menor.

2. Time que tem grupo quer ganhar tudo.

3. As prioridades variam durante as competições. Se o Grêmio pegar a última rodada da Libertadores com tudo já decidido e ao mesmo tempo tiver um grenal de final de turno, alguém duvida que escalam os titulares no Gauchão e os reservas na Libertadores?

Acho que não tem por que ser cartesiano aqui. Eu só sou contra escalar um time inteiro de terceiros reservas e juniores. Fora isso...
Vicente Fonseca disse…
É claro, há que se pensar caso a caso. O exemplo que tu deste, Luís, é válido. Sou contra também escalar times completamente descaracterizados. O que não se pode fazer é colocar em risco uma competição maior por causa de uma menor. No caso atual do Grêmio, acho que o ideal é ir escalando os titulares nas semanas em que não há jogos de Libertadores (caso deste jogo com o Zequinha), preservá-los logo após viagens desgastantes ou aqueles mais cansados antes de jogos da Liber e mesclar nos demais. Jogo a jogo, portanto. Mais ou menos o que o Inter fez no Gauchão de 2006, antes das finais com o Grêmio.