Os gigantes e as taças

O fim-de-semana foi dos gigantes. No sábado, o Boca Juniors encaminhou o título argentino; no domingo, o Manchester United conquistou o planeta pela segunda vez.

A segunda partida do triangular decisivo do Apertura foi no Cilindro, do Racing, que só tinha público atrás das goleiras, por medida de segurança. Partida bastante tensa no princípio. O choque entre Silvera e Forlín, e a convulsão deste último após duas batidas fortes na cabeça, foram o ápice da tensão que envolvia Avellaneda. Apesar do susto com o xeneize, que mas perdeu tática e tecnicamente com a dupla substituição foi o San Lorenzo. Tudo indicava que o gol surgiria só num erro pontual, em bola parada, e foi justamente assim, num escanteio.

O segundo tempo tinha a maior iniciativa do Ciclón, sem penetração, porém. O gol veio num frangaço de García, e dali em diante só deu San Lorenzo. Porém, o arqueiro do Boca se redimiu iniciando a jogada do segundo gol, fazendo um lançamento a Dátolo, que dominou como craque e achou Riquelme, que deu primeira a Palacio, que concluiu de primeira. Quatro toques e um gol genial. O time de Boedo ainda teve dois expulsos, e ficou naquele dilema: ou ia para cima e garantia a vantagem na rodada final ou segurava-se atrás, pois levar mais um gol o eliminaria. Levou mais um, de Chávez, e está eliminado.

Agora, a disputa fica entre Boca Juniors e Tigre, que jogam amanhã à noite. O Boca é campeão caso perca por até um gol de diferença. Com 2 ou mais de vantagem o Tigre vence o Apertura. Imperdível.

Mundial Interclubes
Para aqueles que achavam que seria um passeio inglês no Hyde Park, foi surpreendente. Aos que conhecem um pouco de futebol sul-americano, foi mais ou menos dentro do esperado. Um jogo de certa maneira equilibrado, decidido no detalhe. Desta vez, pesou a indiscutível maior qualidade técnica do time britânico, que nem sempre é o que decide uma final. E aí está a maior incompreensão daqueles que vêem um abismo entre os dois continentes, que na realidade está apenas no lado financeiro.

Ao contrário do que já andei ouvindo, o Manchester não jogou de freio-de-mão puxado fazendo o suficiente para vencer o jogo. Jogou sim com bastante vontade (outro mito que se perpetua), pressionou a LDU no primeiro tempo inteiro e poderia ter aberto o placar nos 45 iniciais, não fosse pela bela atuação de Cevallos e a segurança do belo zagueiro Campos. A Liga teve uma chance de ouro desperdiçada no começo, e só. Ficou acuada, sustentando o empate. Cristiano Ronaldo fez boa partida, como na semifinal.

O segundo tempo começou equilibrado, e a expulsão de Carrick deu campo e chances à LDU. Os equatorianos detiveram o controle do jogo e criaram mais chances. Estiveram mais perto da vitória que os ingleses em boa parte dos 45 finais. Van der Sar ia bem e salvou pelo menos dois bons arremates de Manso, um dos nomes do jogo. Para os times brasileiros que reclamam a falta de um meio-campista que saia de trás e chegue com qualidade à frente, inclusive no arremate, eis aí uma belíssima opção. Prendeu demais, por vezes, mas era o grande maestro do time de Quito em campo.

Foi numa jogada isolada que o time inglês fez seu gol, na base da qualidade, com Cristiano Ronaldo servindo Rooney que, de primeira, matou Cevallos. A LDU, com um a mais, saiu mais para o jogo. Talvez no primeiro tempo não tivesse levado este gol. Não se trata de culpar a expulsão de um adversário, não é um paradoxo. Mas venceu o melhor, com o aperto habitual.

Comentários

Anônimo disse…
Achei curiosa a escalação do Ferguson, tirando os velhos do time (Giggs, Scholes e Neville). Mas fez sentido, não permitiu que o LDU fizesse uma correria pra cima do seu time.

No mais é realmente muito chato esses mitos que vem se perpetuando em relação ao mundial (A suposta falta de entusiasmo na comemoração "inglesa" foi o tema dominante do pós-jogo de ontem)
Ô vivente, o expulso foi o Vidic, não o Carrick.

Manso e Cevallos foram os nomes da LDU nessa final. Lamentei o gol do Rooney, mas o Manchester jogou muito melhor, concluiu o dobro de vezes que a Liga e demonstrou vontade em vencer o torneio.

Marcelinho Paraíba virá?
Anônimo disse…
O Posselt tem razão quando fala da vontade. A LDU não mostrou lá muito empenho pra ganhar o jogo, como fizeram São Paulo e Inter em 2005 e 2006. Tivesse se preparado melhor, analisado o adversário, treinado jogadas diferentes, etc, poderia ter aberto o placar durante o segundo tempo. Mas jogou na base da calma psicológica, e não foi suficiente. Uma pena os equatorianos não terem ganho.

O Inter bem que poderia trazer esse Manso. Joga muito, além de meter cada coice na bola que se não acaba em golaço, dá uma bela defesa de goleiro. Que o diga Van der Sar.

E dá-lhe Tigre!
Vicente Fonseca disse…
Verdade, Fred. Foi o Vidic mesmo.
Anônimo disse…
Não vi a final do Mundial. Acordei na entrega da taça. Quanto ao Argentino, o Boca já é praticamente campeão. Agora, como é esdruxula essa fórmula de desempate no campeonato argentino. Se dois empatam tudo bem, tudo se decide em uma final em campo neutro. Mas se três empatam, surge esse triangular completamente desequilibrado. O San Lorenzo, que ficou em primeiro pelos critérios, ficou em desvantagem por jogar os dois primeiros jogos e agora já não tem mais chance de ser campeão. Mas no final, com a vitória do Boca, não foi tão ruim assim, pois vai ter uma final entre Boca e Tigre. Mas com outros resultados ontem, vejam as situações que poderiam ocorrer:
- Vitória do San Lorenzo ontem: Boca x Tigre não teria nenhum sentido.
- Empate ontem: Boca jogaria o último jogo sabendo quanto precisaria fazer e contra um Tigre cumprindo tabela.
- Vitória do Boca ontem por 2x1: Se o Tigre ganhasse o último, seria tudo decidido nos critérios de desempate, que é justamente o que não se quer com o triangular. Além disso, seriam usados os critérios do triangular e não do campeonato. Pior: Se o Tigre vencesse por 1x0, Boca e Tigre sairiam chorando e o SL daria a volta olimpica em volta do sofa da sala! Ridículo! Prefiro como é no Campeonato Brasileiro.
Anônimo disse…
Comemorações:
- brasileiros fazem fiasco
- ingleses BEBEM