Os caldeirões cruciais

A briga pelo título nacional passará necessariamente por dois conhecidos caldeirões, aqueles estádios inóspitos para os visitantes por diversas razões: acanhamento, localização geográfica, clima, gramado, e outros fatores que criam um clima de pressão. As situações em cada um destes dois estádios é que difere.

O São Paulo vai a um São Januário explosivo, pulsante, inclemente. O Vasco luta contra o rebaixamento, e precisa demais de uma vitória hoje. Muito se dizia que as dificuldades encontradas pelos adversários do clube carioca lá eram por mandos e desmandos de Eurico Miranda. Muricy Ramalho, pelo que li em São Paulo, contesta. Aliás, fez muito mal em reclamar do estádio vascaíno: é o tipo de declaração que não ajuda em nada o seu próprio time, só cria mais dificuldades para ele: infla os ânimos vascaínos, tanto dos jogadores como da torcida, que deverá fazer uma pressão fortíssima hoje à tarde. Fora fatores extra-campo estilo Náutico/Aflitos, que lamentavelmente sempre podem surgir em épocas de extrema necessidade e nervosismo, apesar das garantias do irritado Dinamite.

Já o Grêmio jogará ao lado de um lixão, no calor do Barradão. Jogo onde se corre certo, nunca para mais. O Vitória não tem as necessidades do Vasco, e espera uma graninha (não creio em 1 milhão de reais, como se chegou a noticiar) que ainda não veio por parte do São Paulo. Precisa garantir vaga na Sul-Americana na matemática, mas a derrota do Santos ontem praticamente impede a não-passagem dos baianos ao segundo torneio continental. Vagner Mancini talvez queira dar uma resposta, mas seu time não irá com a mesma gana de um Vasco desesperado. O perigo passa muito pela pressão que paira sobre o Grêmio, e pelo descompromisso de um rubro-negro que jogará leve. Mas o time de Roth é favorito e, caso vença, só uma vitória paulista no Rio de Janeiro o tira da liderança. Vitória que, se ocorrer mesmo no campo vascaíno, caracterizará a autoridade de um grande campeão brasileiro.

Ainda existe a chance de os caldeirões colocarem ainda mais um candidato nesta briga, que seria o Flamengo. A chance é remota, mas existe. Para o time da Gávea retomar um lugar real na disputa do caneco, precisa que nenhum dos tricolores vença, mas ele próprio consiga derrotar o forte Cruzeiro, no Mineirão. A lógica nem sempre procede; os fatos indicam que os três primeiros jogam fora. E, logicamente, o Flamengo terá o adversário mais forte pela frente. Mas milagres existem, ainda que o empate seja ótimo e encaminhe os cariocas à Libertadores neste duelo direto, até porque o Palmeiras terá pela frente o quase rebaixado Ipatinga. E o domingo de hoje pode ser o mais importante de 2008, o que poderá ditar definitivamente aquilo que veremos no tão aguardado e cada vez mais próximo dia 7 de dezembro.

Galatto e Keirrison
Esta dupla que joga em Curitiba foi o destaque do sábado que abriu a 36ª rodada. Galatto fez defesas impressionantes, que garantiram o 2 a 2 do seu Atlético-PR (14º, 42) diante do Botafogo (9º, 49) no Engenhão, resultado que encaminha a permanência do rubro-negro na elite para 2009. Já o centroavante do Coritiba (6º, 53) deu a resposta a quem o critica por ter a cabeça no Palmeiras: marcou nada menos que 4 tentos nos 5 a 1 do seu time sobre o Santos (13º, 43). O fantasma do rebaixamento talvez perambule de novo a mente dos santistas, mas é algo extremamente improvável. Quem tem motivos para se preocupar de verdade é a torcida da Portuguesa (19º, 37), que ontem deu um imenso passo para voltar à Série B: ao empatar em 0 a 0 com o Goiás (7º, 52), no Canindé, a Lusa pôs um pé na Segundona. Seus dirigientes já adotam o discurso do "tanto faz se cair ou não". Conformismo de segunda.

Lamentável
A entrada do Barueri na elite brasileira de 2009 é a reafirmação da picaretagem de um clube de empresário. Mais uma equipe que incomodorá por um ou alguns poucos anos, mas sairá de cena, como o São Caetano ou o Brasiliense. Ao menos, louve-se a comunidade local, que adotou o time e vai ao estádio, ao contrário da população de São Caetano do Sul. Pior que isso é ver, a uma rodada do final, Criciúma e Fortaleza brigando para evitar a Série C.

Série C
A chance do Brasil subir passa por uma vitória em Rio Branco. Se vencer, olha Guarani x Águia: em caso de empate, o Brasil sobe. Se alguém vencer, das duas uma: ou o Campinense perde fora de casa do campeoníssimo Atlético-GO, ou o Duque de Caxias não vence o Confiança em Aracaju. Ou seja: com 3 pontos, a Série B é muito provável. Mas só com vitória. Qualquer outro resultado elimina o Xavante.

Comentários

Saulo disse…
Vasco x São Paulo vão fazer um jogo interessante.