O verdadeiro adversário gremista

A mudança do grande inimigo gremista na busca pelo título pode ter dois lados. O negativo é que se trata de um time de muita chegada, atual bicampeão brasileiro, que vive uma fase de crescimento e terá vários adversários na ponta de baixo da tabela pela frente. Este é o mais óbvio e que assusta boa parte da torcida do tricolor gaúcho. Porém, há o lado reverso, que autoriza a esperança dos torcedores do escrete da Azenha de que a taça nacional virá, 12 anos depois.

O primeiro dos argumentos é a própria troca do rival: já foi o Flamengo, na maior parte do tempo o Palmeiras, semana passada era o Cruzeiro, agora é o São Paulo. Com exceção do alviverde, todos chegam perto do Grêmio, e nunca o ultrapassam. Caem antes disso. A Lei da Inércia costuma funcionar nas retas finais do Brasileirão. A equipe que se mantém por mais rodadas na liderança normalmente vence o campeonato. Claro que agora o adversário parece ser o mais capacitado de todos para suplantar a esquadra de Roth. Mas é bom lembrar que, como o Grêmio, a equipe de Muricy vem conseguindo seus resultados sem grandes atuações. E talvez tenha atingido já o seu teto, como foi com o Flamengo no início e o Palmeiras no começo do returno. Só o Cruzeiro se mantém estável.

O Grêmio, por outro lado, mantém uma campanha apenas razoável no returno, que já foi bem pior. Está com 50% de aproveitamento. Já passou por seu pior momento, que foi no fatídico Gre-Nal dos 4 a 1, quando tinha 38%. Fez 9 dos 12 últimos pontos, uma marca esperada. Pegará agora uma seqüência complicada, com Cruzeiro, Figueirense e Palmeiras. Se fizer 3 pontos (perder as duas fora), só perde a ponta se alguém fizer 7 pontos; se conseguir um empate fora e ganhar a de casa, só perde a liderança se alguém vencer as próximas três, fizer 9 de 9 pontos. Se conseguir manter a liderança após o duelo do Palestra Itália, encaminha de vez o caneco: seus quatro últimos adversários provavelmente não terão muito mais o que fazer na competição. Ou seja: trazendo ponto (s) do Mineirão na quarta, as coisas começam a se encaminhar concretamente.

Tudo porque a vantagem adquirida no turno está servindo de escudo para que ninguém consiga ultrapassar de fato o time de Celso Roth. O Grêmio caiu de produção, mas não o suficiente para ser deixado para trás. Inclusive, parece já ter superado o seu pior momento. O Palmeiras foi quem mais esteve perto de deixá-lo comendo poeira, chegou a tirar o tricolor da liderança pelos critérios, mas nunca por pontos. Logo a seguir, teve sua queda, contrastando com a recuperação gremista. Hoje é o quinto, quatro pontos atrás do líder. Que é o Grêmio, ainda.

Como o tricolor da Azenha pode perder o Brasileiro? Provavelmente para ele mesmo. Apesar das últimas más atuações e de alguns tropeços lamentáveis, é o time de campanha mais eficiente e convincente; o único que em determinado momento do campeonato teve cara de campeão. Discordo da utilização de um time diferente por jogo, como parece que pode implantar o técnico Celso Roth. Claro que isto seria muito mais grave num começo de temporada, mas mesmo assim o time sofreu para vencer o Sport na quinta muito em função disso. Jogadores longe um do outro (especialmente Tcheco e Douglas Costa) e dificuldades de acertar o sistema de marcação em determinados momentos e foram alguns dos sintomas. Talvez seja mesmo a hora da experiência e da tarimba, mas sem alterar profundamente aquilo que deu certo nas quase 30 rodadas anteriores.

Comentários

Anônimo disse…
Já se falou, inclusive, no Grêmio passar a se postar de acordo com o jogo do adversário. Penso que, pelo menos contra Palmeiras e Cruzeiro, isso não é de todo absurdo.
Anônimo disse…
Bom, pelo menos prefiro o 3-6-1 (que andou sendo ventilado ontem e hoje) ao 4-5-1 que estava se desenhando antes. Embora ainda continue com o sério pecado de achar que dá para suprir a falta de um ala empilhando jogadores do lado esquerdo, me parece uma invenção menos nociva do que uma volta fajuta ao 4-4-2, por manter os três zagueiros e a esquematização "normal" do time. Mas ainda prefiro o velho 3-5-2, que funcionou na maior parte do tempo e que não tem quase nada a ver com a queda de rendimento do time, por mais que alguns insistam nisso.
Anônimo disse…
Acabei de me dar conta de uma coisa: o Palmeiras não chegou a ultrapassar o Grêmio, pelo menos, não em pontos. Só em CONCEITO.
çfkljas
Ponso disse…
Tenho muito medo dessas invencionices a esta altura do campeonato. Altera-se todo o posicionamento da zaga, compromete-se o meio-campo que estava encaixado com os alas e, pior, volta-se com Paulo Sérgio. Difícil não ser pessimista, mas acho que esta estratégia de alterar o time a esta altura é a derradeira tentativa de Roth de ser ele mesmo. Zeh está certo, quem tem Roth tem medo.
Anônimo disse…
Sinceramente, ao invés de lamentarmos o fato de o São Paulo não pegar mais adversários diretos, temos que nos contentar que, pelo menos, os dois confrontos com eles já passaram. Imagina quão catastróficas seriam as previsões se ainda houvesse, pela frente, um São Paulo x Grêmio, por exemplo. Faltam 21 pontos, e o SP precisa fazer 4 a mais que nós. Até agora, no returno, fez 5 pontos a mais em 36. Terá que ampliar a diferença.
Anônimo disse…
eu estou certo POR ENQUANTO. rezo todo santo "every fuckin day" dia pra estar errado, como NUNCA ANTES na minha vida...

será q o makelelelelelele joga, ou pelo menos é relacionado?
Anônimo disse…
Cadê o Carta na Mesa?
Anônimo disse…
Acho esse jogo contra o Botafogo no Engenhão chave para as pretensões do São Paulo. Veremos se está focado mesmo, se vai incomodar mesmo. O São Paulo dos últimos dois anos costumava ganhar SEMPRE esse tipo de partida. Esse ano, o jogo contra o Grêmio era um desses e perdeu. A ver...
Anônimo disse…
O Grêmio só depende de si, portanto não chega a ser jogo chave, mas creio que os gremistas têm dois motivos para secar o Inter contra o Boca. O primeiro é o fato de ser o Inter, já dizia meu pai: "Se o Grêmio joga contra um time de cachorros eu vou ao campo latir". Creio que a recíproca seja verdadeira.

Sem mais delongas, o segundo motivo é que a classificação do Inter - somada a agora líquida e certa impossibilidade de Liber - justifica utilizar os FRALDINHAS contra São Paulo e Grêmio. Inter que seria o adversário mais complicado a se enfrentar dos que não disputam título, tivesse ainda disputando algo no campeonato.
Anônimo disse…
Errata: Contra SP e Cruzeiro.
Anônimo disse…
Cassol, a gravação será amanhã. Foi adiada devido ao Dia do Servidor Público, que fechou o estúdio e impossibilitou a gravação.

[e a mensagem de confirmação para essa mensagem foi REEZE. Rezaremos sim, podexá o.O]
Makelele está relacionado sim, Zeh. Aliás, engraçado que depois daquela partida contra a Portuguesa, Orteman sumiu e Makelele voltou ao elenco.

Definitivamente, Roth ouve o Carta na Mesa. Rá!