Só boas notícias
Foi mais um teste complicado que o Grêmio superou muito bem. O Vitória é uma equipe que joga de forma insinuante, com o toque de bola rápido e solto típico do futebol nordestino. Foi o único time que ousou ir para cima do tricolor no Estádio Olímpico e encará-lo de igual para igual, tentando (e por vezes conseguindo) propor o jogo.
O primeiro tempo acabou em 1 a 0 para o Grêmio, mas o placar não diz exatamente o que foi o jogo. Grande jogo aliás, muito bem jogado de parte a parte, com jogadas coletivas de alta qualidade. Duas escolas de futebol se defrontando de forma exemplar é sempre algo interessante de se notar. Os 45 iniciais foram equilibrados. O Vitória começou tomando a iniciativa, mas os gaúchos logo passaram a comandar. Willian Magrão fez seu golo aos 16, cedo, o que era dava uma tranqüilidade importante. Sair na frente numa partida difícil como essa é fundamental. Jogada bastante discutível, aliás, pois ele parece deslocar o zagueiro na subida.
O Vitória retomou as rédeas, tanto nas subidas de Marcelo Cordeiro quanto nas tramas de Jackson (aquele mesmo, ex-Inter, Sport e Palmeiras) e Marco Antônio, bons jogadores. Marquinhos passou a vir buscar mais o jogo. Desvencilhou-se, assim, da eficiente marcação de Thiego, e passou a criar diversos transtornos. A melhor chance baiana, porém, foi numa cabeçada do zagueiro Leonardo Silva, em que Victor fez mais uma de suas defesas memoráveis, pegando um verdadeiro chute de cabeça com uma mão só. No lance seguinte, Perea ganhou de Viáfara na dividida e tocou para o golo vazio, mas a zaga salvou em cima da linha. Jogada só possível porque eram dois atletas colombianos.
No segundo tempo, Roth corrigiu um dos principais problemas do primeiro: a falta de uma marcação mais ofensiva, que começava por Paulo Sérgio e Anderson Pico na saída de bola do Vitória. A bola raramente chegava aos meias do time de Mancini, pois Rafael Carioca e Willian Magrão, enfim, encaixaram a marcação. Com Tcheco em tarde inspirada, o time dominou a segunda etapa de forma incontestável. O jogo equilibrado do primeiro tempo estava desfeito, mas o placar mínimo e o bom toque de bola (ainda que não lograsse êxito) do Vitória ainda deixavam no Olímpico um ar de preocupação.
Ar que foi desfeito aos 42 do segundo tempo, quando os dois jogadores que entraram no segundo tempo resolveram a parada. Souza, de boa estréia, lançou Reinaldo, o talismã. O centroavante limpou e marcou num tirambaço. Réver ainda quase partiu a trave ao meio aos 45. O 2 a 0 disse bem o que foi o jogo, especialmente pelo segundo tempo.
A tarde só não foi de festa completa pela vitória do Cruzeiro sobre o Flamengo, que mantém a diferença do Grêmio para o vice-líder de apenas dois pontos (35 a 33). Mesmo assim, já são 6 pontos em relação ao quinto colocado, o próprio Vitória. Mas a grande notícia, mais uma vez, foi não somente o resultado como a atuação gremista. Outra vez um time organizado, que chegou, é verdade, a ser ameaçado algumas vezes, algo que não vinha ocorrendo, mas que mesmo assim funcionou bem em todos os setores, com várias individualidades que tiveram seu brilho. Victor, pela defesa maravilhosa e segurança de sempre; os três zagueiros, pela seriedade e eficiência nas bolas aéreas e por baixo; a dupla de volantes, o diferencial de qualidade na saída de jogo; Tcheco, o dono do time. E Souza e Reinaldo, mostrando que Celso Roth já começa a dispor de um respeitável banco de reservas.
Campeonato Brasileiro 2008 - 17ª rodada
3/agosto/2008
GRÊMIO 2 x VITÓRIA 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Sálvio Spinola Fagundes Filho (SP)
Público: 37.784
Renda: R$ 638.585,50
Golos: Willian Magrão 16 do 1º; Reinaldo 42 do 2º
Cartão amarelo: Paulo Sérgio, Rafael Carioca, Leonardo Silva e Anderson Martins
GRÊMIO: Victor (7,5), Thiego (6,5), Pereira (6,5) e Réver (6,5); Paulo Sérgio (6), Rafael Carioca (6,5), Willian Magrão (7), Tcheco (7) (Makelele, 45 do 2º - sem nota) e Anderson Pico (5,5); Perea (6) (Souza, 30 do 2º - 6) e Marcel (5,5) (Reinaldo, 30 do 2º - 6,5). Treinador: Celso Roth (7,5)
VITÓRIA: Viáfara (5,5), Marco Aurélio (5), Leonardo Silva (5,5), Anderson Martins (5) e Marcelo Cordeiro (5,5); Wallace (5), Renan (5,5) (Leandro Domingues, 23 do 2º - 5,5), Jackson (5,5) (Ricardinho, 17 do 2º - 4,5) e Marco Antônio (6); Marquinhos (6) e Rodrigão (5) (Adriano, 30 do 2º - 4,5). Treinador: Vagner Mancini (5,5)
Foto: José Doval/Grêmio
Comentários
O Vitória escapou de uma goleada.
injustiça aquela bola não ter entrado.
esse campeonato tá tão gremista que até os jogadores que o grêmio deu/emprestou/vendeu estão fazendo bom campeonato: hugo no sp, diego souza no palmeiras, tadeu no figueira, jonas e patricio na lusa, romulo marcou pelo cruzeiro. até o vagner mancini tá fazendo bonito, pelo vitoria.
No mais, atuação excelente do Imortal, mais uma vez. Defesa encaixada (com destaque para o pouco lembrado Thiego, jogou demais), meio de campo quase sempre soberano (e Tcheco em outra atuação de luxo) e ataque sempre perigoso - aliás, muito injusta a nota 5 do Perea na ZH, pois foi um jogador que sempre incomodou a defesa do Vitória, bem mais que o Marcel. Se o Grêmio vence o Ipatinga e o Cruzeiro não vence o colorado, o Imortal terminará o primeiro turno na liderança de maneira inapelável, independente do que acontecer na última rodada. E se conseguirmos 41 pontos, bastará uma campanha MEDÍOCRE na segunda fase para garantir a Libertadores 2009. Nada mal para um "cavalo paraguaio", convenhamos...
Ouvi um antigo me dizer que ele se parece com o BENÍTEZ, por ser alto, ágil e firme. Outra coisa semelhante entre os dois é que o Benítez jogava preso debaixo dos paus, não dois passos adiantado (Danrlei, Saja, Renan).
2 - Continuo achando que não chega na taça. O grupo do Grêmio tem muito poucas alternativas qualificadas, e teve a sorte de repetir o time muitas vezes. Destaque-se o trabalho excelente do Flávio de Oliveira.
O Grêmio teve mesmo sorte em repetir bastante o time, o que sem dúvida é mérito da preparação física. Acho também que as alternativas têm dado boa resposta, o que é até surpreedente. Só gostaria de saber se uma eventual lesão de um dos dois volantes não afetará muito o rendimento do time. Esta é a grande incógnita. Makelele tem ido bem ao entrar, mas acho que mais um jogador ali talvez pudesse vir. Ou quem sabe alguém da base.
Temos que preencher nossa cota com o tribunal máximo do futebol brasileiro e, só por causa disso, acredito que não sairemos campeões.