Goleada para deslanchar

Uma bola espirrada na zaga que sobrou limpa para os pés de Valdívia, aos 28 minutos de jogo, mudou toda a história da partida entre Palmeiras e Cruzeiro. Até aquele momento os mineiros venciam por 1 a 0, golo de pênalti de Guilherme, dominavam completamente a partida, não corriam riscos e jogavam à vontade mesmo no Palestra Itália. Ali, o chileno cavou um pênalti e a expulsão do zagueiro Thiago Martinelli, e começou a arquitetar a vitória paulista.

Os 27 minutos anteriores foram um reflexo das campanhas que Palmeiras e Cruzeiro vêm fazendo. O alviverde perdido, tentando se encontrar contra um adversário forte, organizado e com personalidade. Aos 29, Alex Mineiro bateu o pênalti e empatou. Luxemburgo resolveu tirar Léo Lima para pôr Diego Souza. Melhor teria sido escalá-lo desde o início. Para fazer esta função híbrida entre segundo volante e meia, Dieguito é o mais indicado: tem boa chegada de trás e maior poder de combate. Mas, colocado à frente de Pierre e Martinez, Diego jogou como nos tempos de Grêmio. E como jogou.

O primeiro tempo ainda terminou equilibrado. Adílson tirou o atacante Marcinho para recompor a defesa com Léo Fortunatto. Mas exagerou no intervalo. Retirando Guilherme para a entrada do limitado volante Henrique, acabou com a única saída de ataque do Cruzeiro, colocou um jogador contestado em campo e ainda chamou o Palmeiras para a pressão. O resultado não poderia ter sido outro.

Valdívia e Diego Souza infernizaram os mineiros, fazendo uma dupla esplêndida de articulação. Primeiro, Valdívia recebeu passe de Diego e fez de primeira o 2 a 1, aos 12. Dez minutos depois, retribuiu a gentileza para Dieguito, que fez o terceiro. As tabelas entre os dois desestabilizaram completamente o esquema "tomara-que-me-comam" de Adílson Batista. Charles ainda descontou, aos 32, num frangaço de Marcos. Mas Henrique, em cruzamento de Leandro aos 33, e Alex Mineiro, em assistência de Pierre aos 42, definiram a goleada, que disse bem o que foi o jogo após as desastradas substituições do comandante da Raposa.

A expulsão de Martinelli atrapalhou, mas foram as trocas de Adílson que fizeram o Cruzeiro parecer que tinha quatro homens a menos, ao invés de apenas um. Contestado em Minas, o treinador cruzeirense terá muito o que se explicar para sua torcida. Já o Palmeiras assume a quinta posição, com 10 pontos, e pode ter conseguido hoje sua grande vitória para deslanchar. O esquema com dois volantes, mais Diego Souza e Valdívia se mostrou realmente o melhor e mais equilibrado para os alviverdes fazerem a grande campanha que têm condições de desenvolver neste Campeonato Brasileiro.

Em tempo:
- Atlético-MG (6º, 9) faz 4 a 2 no Ipatinga (16º, 5) e se recupera da derrota no Morumbi. Já o Fluminense (20º, 2) deixou a vitória escapar no Maracanã no minuto final. O 1 a 1 com o Santos (15º, 5) mantém o finalista da Libertadores na lanterna do Brasileirão.

- Boa troca de Apodi por Carlinhos. O Cruzeiro ganha um reserva para Jadílson e o Santos ganha um titular para a lateral-direita, ocupada atualmente de improviso pelo zagueiro Betão.

Campeonato Brasileiro 2008 - 6ª rodada
12/junho/2008
PALMEIRAS 5 x CRUZEIRO 2
Local: Palestra Itália, São Paulo (SP)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (PR)
Público: 6.272
Renda: R$ 161.195,00
Golos: Guilherme (pênalti) 16 e Alex Mineiro (pênalti) 29 do 1º; Valdívia 12, Diego Souza 22, Charles 32, Henrique (PAL) 34 e Alex Mineiro 42 do 2º
Cartão amarelo: Gustavo, Diego Souza, Martinez, Ramires e Weldon
Expulsão: Thiago Martinelli 28 do 1º
PALMEIRAS: Marcos (4,5), Élder Granja (5) (Fabinho Capixaba, 37 do 2º - sem nota), Gustavo (5,5), Henrique (6,5) e Leandro (6,5); Pierre (6,5), Martinez (5,5) (Wendel, 37 do 2º - sem nota), Léo Lima (5) (Diego Souza, 32 do 1º - 7,5) e Valdívia (8); Kléber (5) e Alex Mineiro (7). Treinador: Vanderlei Luxemburgo (6,5)
CRUZEIRO: Fábio (5,5), Marquinhos Paraná (5), Thiago Heleno (5), Thiago Martinelli (4) e Jadílson (5); Fabrício (5), Charles (5,5), Ramires (5,5) e Wagner (5) (Weldon, 24 do 2º - 5); Marcinho (5,5) (Léo Fortunatto, 31 do 1º - 5) e Guilherme (6) (Henrique, intervalo - 4,5). Treinador: Adílson Batista (3)

Foto: Cristian Schneider/Futura Press