...e vice-versa

Gre-Nal é Gre-Nal. Um clássico tão tradicional que faz parte da cultura e do imaginário popular do Rio Grande do Sul. É onde o azul e o vermelho, que ficam se secando durante o ano todo, se cruzam em busca do resultado. Fazer um golo no rival é fazer um golo ao quadrado: é marcar um golo e, ao mesmo tempo, ver o rival sofrê-lo. Vencer o rival tem o peso semelhante a um título: quem ganha, se vangloria. Até o próximo Gre-Nal. Esta batalha perpassa o fato de ser simplesmente um jogo de futebol. Ela adquire todas as nuances que fazem o futebol ser o jogo mais espetacular: é um campeonato de 90 minutos, onde um detalhe é decisivo.


É por isso que se diz que Gre-Nal não tem favorito nunca. E, se alguém ousa apontar um, ele pode ser desmentido em campo, e todos vão achar isso natural. Por isso evitei falar em favoritismo nesta 370ª semana Gre-Nal. O futebol é tão dinâmico que, fosse este Gre-Nal há 60 dias e o Internacional dificilmente não levaria um teórico favoritismo absoluto; passados estes dois meses, o Grêmio vive um momento bastante superior. Tem um time organizado, ponteia a tabela, um jogador que vem desequilibrando e joga em casa. O Inter tem um bom grupo jogadores, melhor que o do rival em algumas posições, mas é um time em formação, perdeu jogadores importantes, seu treinador, a Copa do Brasil e vive situação oposta à do rival na classificação.


Ou seja: teoricamente, Grêmio favorito. Mas de que adianta rotular um como favorito e o outro como azarão? A resposta é empírica. Peguemos apenas episídios ocorridos nos últimos cinco anos.


Gauchão 2003: o Grêmio vinha com um time forte comandado por Tite, com 13 Gre-Nais invicto, disputando Libertadores no ano de seu centenário. O Internacional apostava em garotos e no então mediano Muricy Ramalho após um quase rebaixamento em 2002. No Olímpico, virada colorada de 2 a 1, jogo que iniciou a era de ouro do clube na década, e o inferno tricolor. No Beira-Rio, nova vitória por 1 a 0, ainda que esperada.


Brasileiro 2003: inacreditável que oito meses depois daquele fatídico Gre-Nal de Gauchão o Grêmio se encontrasse na lanterna absoluta do Brasileiro e o Inter próximo da zona da Libertadores, pronto para enviar o rival de vez na Segunda Divisão. Em junho, um Gre-Nal no Olímpico terminara empatado sem golos por conta de uma atuação fantástica de Danrlei, o que não refletiu o chocolate colorado naquela tarde fria. E, mesmo com um Beira-Rio lotado e pulsante naquele 12 de outubro, deu Grêmio, 1 a 0, invertendo a lógica daquele campeonato: salvou-se da queda e o rival não classificou-se entre os cinco melhores.


Gauchão 2006: o caso mais clássico. Na final do Gauchão os dois voltavam a se encontrar, depois de quase dois anos sem duelar. De um lado, o Internacional, líder de seu grupo na Libertadores, que vinha goleando a todos no Estadual, com um elenco maravilhoso. Os mais ufanistas diziam que seus reservas eram melhores que os titulares do Grêmio. O tricolor, recém promovido da Série B, era um time em formação para o Brasileirão e fora eliminado pelo 15 de Novembro da Copa do Brasil dez dias antes. No primeiro jogo, no Olímpico, empate de 0 a 0, com o Grêmio levemente superior. No Beira-Rio, o 1 a 1 deu o título ao tricolor, interrompendo a série de quatro campeonatos consecutivos do Inter.


O caso deste domingo não tem alguém em condições teoricamente tão superiores quanto nestas ocasiões acima. O Grêmio está bem melhor, mas o Internacional tem potencial para ser no mínimo equivalente. Nos três Gre-Nais que ocorreram desde que este blog foi fundado, somente em um deles acertei o vencedor, no último. Até porque arriscar placar em Gre-Nal, como em qualquer partida de futebol, não passa de mero palpite. Dêem os seus, se quiserem arriscar, para o jogo deste domingo.

Comentários

Anônimo disse…
http://www.youtube.com/watch?v=of77aw-rgK8

Fã incondicional do Nistelrooy depois dessa.
Unknown disse…
se ele jogasse no brasil o schimitt enquadrava ele...