17 malditos minutos

A atuação sofrível do primeiro tempo pode custar o título da Libertadores ao Fluminense. Especialmente os 17 últimos minutos, dos 28 aos 45, quando os equatorianos dominaram completamente os cariocas e abriram uma impensável vantagem de três golos já na ida para o intervalo. Alguns elementos surgidos no segundo tempo, porém, autorizam os tricolores a ter fé na conquista inédita.

Tudo começou conforme o figurino desta campanha do Flu. A LDU marcou de cara com Bieler, 1 minuto, se antecipando à zaga com grande oportunismo. Mas o time não sentiu o impacto e foi para cima, empatando com Conca aos 11, de falta. Mais uma reação rápida, como fora contra o São Paulo e contra o Boca Juniors. O que se seguiu foi um domínio do time de Portaluppi, que criou chances para virar. Parecia o prenúncio de uma noite feliz, mas que acabou não se confirmando.

Sem tomar conhecimento do adversário, o Flu só foi cometer sua primeira falta aos 27. Justamente dela surgiu o bate-rebate que resultou no golo de Guerrón. O golo inesperado, quando a equipe jogava melhor, abateu muito o tricolor carioca. A torcida incendiou o clima no Casa Blanca. Guerrón infernizava com suas arrancadas, Bolaños estava imparável, Manso jogava muito. O terceiro veio aos 33, com Campos desviando escanteio no primeiro pau e encobrindo Fernando Henrique.

Nada dava certo. O Fluminense não conseguia sair de seu campo de defesa, tamanha a pressão. Encurralado pela encaixada marcação equatoriana, levou ainda o quarto, o da goleada, feito por Urrutia, em lance similar ao terceiro golo. Era muito erro em bola aérea para um jogo só.

O segundo tempo voltou igual, mas o Flu conseguiu descontar com Thiago Neves, logo aos 6 minutos. A equipe viveu cerca de 10 minutos de domínio, mas aos poucos foi tirando o pé. Tinha o controle do jogo pela queda de rendimento físico dos equatorianos, mas a goleada do primeiro tempo foi tão traumática que o 4 a 2 passou a ser considerado um bom resultado. No finzinho, Fernando Henrique ainda salvou o quinto.

Não creio que tenha havido soberba, a não ser por parte da imprensa carioca, que cansou de exaltar uma superioridade tão gigantesca quanto errônea do Fluminense sobre a LDU. A desvantagem é passível de reversão porque o tricolor é mais time, mas desde que faça valer isso no campo de jogo. Um clichê básico, mas que sempre pode ser aplicado. Se a superioridade física do segundo tempo se repetir, é mais um ponto a favor. O Maracanã fervilhante, recebendo pela primeira vez uma finalíssima de Libertadores, é outro.

Copa Libertadores da América 2008 - Final - 1º jogo
25/junho/2008
LDU 4 x FLUMINENSE 2
Local: Casa Blanca, Quito (EQU)
Árbitro: Carlos Chandía (CHI)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Golos: Bieler 1, Conca 11, Guerrón 28, Campos 33 e Urrutia 45 do 1º; Thiago Neves 6 do 2º
Cartão amarelo: Vera, Bieler, Norberto Araujo, Arouca, Ygor e Washington
LDU: Cevallos (5,5), Campos (7), Calle (6) e Norberto Araujo (5,5); Guerrón (7,5), Urrutia (7), Vera (6), Manso (7) (William Araujo, 28 do 2º - 5,5), Bolaños (7) e Ambrosi (6,5); Bieler (7) (Delgado, 36 do 2º - sem nota). Treinador: Edgardo Bauza (7,5)
FLUMINENSE: Fernando Henrique (6,5), Gabriel (4), Thiago Silva (4), Luiz Alberto (4,5) e Júnior César (4,5); Ygor (4,5), Arouca (4,5) (Maurício, 21 do 2º - 5), Conca (6), Thiago Neves (6) (Roger, 44 do 2º - sem nota) e Cícero (4,5); Washington (4) (Dodô, 26 do 2º - 4,5). Treinador: Renato Portaluppi (4)

Foto: AFP