Para evitar a terceira história

Duas velhas e tristes histórias para os colorados se repetiram na noite de hoje. A primeira, a touca: o Paraná, mesmo inferior, fez 2 a 0 no Internacional. A segunda é relativa ao treinador: Abel Braga, em desvantagem, fez uma lambança tática imensa no segundo tempo e a equipe não respondeu bem, levando inclusive o segundo golo. Uma terceira pode se concretizar na semana que vem, mas o Inter ainda tem chance de evitá-la: cair mais uma vez na Copa do Brasil para um time menor que ele.

O primeiro tempo foi um forte teste para a resistência dos espectadores. Jogo absolutamente modorrento, com muito esforço dos times em campo, mas poucos lances de importância. O Paraná começou tentando exercer uma pressão no começo, algo obrigatório para um mandante honrado. Não obtendo resultado, viu os gaúchos equilibrarem as ações, controlando o meio.

O esquema proposto por Abel Braga, com Roger e Alex nas meias de um 4-4-2, funcionava razoavelmente. O Internacional não chegava com mais perigo por conta de uma noite pouco inspirada de seus quatro homens mais avançados, mas defendia-se bem. O problema foi o golo sofrido no início do segundo tempo: Ângelo, bom lateral-direito que reestreou hoje após um ano no estrangeiro, bateu a falta que desviou na barreira. Clemer escorregou na tentativa de voltar e a bola entrou mansa e bisonhamente no fundo das redes.

Abel Braga fez o que qualquer treinador faria: substituições para dar força ofensiva ao time. Adriano entrou no lugar do apagado Iarley aos 20, e dali aos 30 o colorado atacou e teve momentos de domínio, sem chances reais de golo, porém. Justamente aos 30 o Inter começava a morrer: Nilmar saiu para a entrada de Gil, substituição plausível, já que o Golden Boy de Ribeiro Neto estava sumido; mas a entrada de Tales no lugar de Bustos causou um transtorno irreversível ao time.

Confesso a vocês que não consegui entender os posicionamentos a partir daí. Não consegui ler o esquema colorado. O que vi, mal e porcamente, foi que Roger, de meia pela esquerda, passou a fazer uma espécie ala-direito. Índio era meio que um volante, Magrão era visto como um zagueiro pela direita. Não foi o acúmulo de atacantes o problema dessa vez. Foi uma desconjuntura que assolou a defesa e o meio. O time, que já não trocava muitos passes antes - fugindo de seu estilo habitual, passou a viver do chutão. Esses erros de posicionamento podem ter sido a origem do segundo golo, quando Giuliano fintou os zagueiros e deu a Fábio Luís, absolutamente sozinho, marcar o segundo.

Não ficou impossível, mas complicou bastante. O Paraná não é nada demais. Teve duas chances de golo e fez, ótimo aproveitamento. Se o Internacional perdesse de 1 a 0 já seria complicado, mas levar o segundo golo no finzinho da partida torna a tentativa de reversão do resultado uma tarefa complicada, que exigirá do time um esforço muito grande, quase heróico, num Beira-Rio que precisará trepidar.

Em tempo:
- Que coisa lamentável.

Copa do Brasil 2008 - Oitavas-de-final - Jogo de ida
16/abril/2008
PARANÁ 2 x INTERNACIONAL 0
Local: Vila Capanema, Curitiba (PR)
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Público: 9.025
Renda: não divulgada
Golos: Ângelo 5 e Fábio Luís 38 do 2º
Cartão amarelo: Jumar, Léo, João Paulo, Clênio, Nilmar, Magrão e Guiñazu
PARANÁ: Fabiano Heves (6), Daniel Marques (6), João Paulo (6,5) e Luiz Henrique (6); Ângelo (6) (Goiano, 27 do 2º - 5,5), Léo (5,5), Jumar (5,5) (Beto, 17 do 2º - 5), Giuliano (7) e Everton (6,5); Joélson (6) (Clênio, 32 do 2º - 5) e Fábio Luís (6,5). Treinador: Paulo Bonamigo (6,5)
INTERNACIONAL: Clemer (4), Bustos (5) (Tales, 30 do 2º - 5), Índio (5,5), Orozco (5) e Marcão (4,5); Guiñazu (5), Magrão (5), Alex (5) e Roger (4,5); Iarley (5,5) (Adriano, 20 do 2º - 5) e Nilmar (4,5) (Gil, 30 do 2º - 4,5). Treinador: Abel Braga (3,5)

Foto: Orlando Kissner/VIPCOMM

Comentários

Anônimo disse…
Putz... torcer pra time que tem um lunático na beira do campo fazendo substituições com critérios que eu realmente gostaria de entender é impossível. Colorados deveriam torcer para o Iarley tomar as rédeas e segurar ao menos o Gauchão. A copinha, na minha modesta opinião, está perdida.
Anônimo disse…
meu pai, colorado, fez a seguinte exclamção durante a partida:

'porra, falta técnico nesse time.'

imediatamente, olhei pra ele e perguntei se eles gostariam do celso roth. aceitaríamos a troca numa boa. ele só deu uma gargalhada. e olha que eu ainda ofereci o nunes de brinde.

nisso, meu irmão, gremista, entra na sala já chutando, no mesmo tom da gargalhada do pai:

'bah, mas que maravilha ia ser um meio campo com EDINHO e NUNES.'
luís felipe disse…
o pior de tudo é saber que Bonamigo fará uma daquelas retrancas de corar até o Wianey aqui em Porto Alegre.
Anônimo disse…
Tchê, esse negócio de final de Libertadores em Miami seria o fim do campeonato. Para que tu iria em seis jogos do teu time, sofrido feito cão, pra depois a final ser assistida por americanos que não sabem nem o que é futebol direito??? Felizmente, foi só um verde jogado por esse argentino.