Grêmio volta a reagir bem após derrota e quebra série invicta de um ano e meio do Flamengo no Rio

Desde que Renato Portaluppi assumiu o comando do Grêmio, a capacidade de reação tem sido uma das marcas do time gaúcho. Muitas vezes ela se dá no próprio jogo. Em outras, tão importante quanto, acontece na partida seguinte. A reação positiva a uma derrota sinaliza não apenas uma rápida recuperação, mas a maturidade de um time - afinal, todos vão tropeçar, embora o impossível Corinthians de Fábio Carille insista em nos dizer o contrário.

Depois de perder para o próprio Corinthians em casa, o Tricolor massacrou o Atlético Paranaense. Ontem, a história se repetiu, embora com enredo mais complexo: a derrota em plena Arena para o Avaí foi dura de engolir. Três pontos irrecuperáveis. Ou será que vencer o Flamengo, na temida Ilha do Urubu, não seria uma quase recuperação desses pontos de domingo? Há 23 jogos, ou 17 meses, o Flamengo não perdia um jogo sequer na cidade do Rio de Janeiro. Caiu ontem, para um Grêmio mais pragmático que brilhante.

O jogo teve três fases bem distintas. Na primeira, bastante equilíbrio. O Fla tentou impor uma pressão inicial normal, mas o Grêmio sabe sofrer. Passou incólume por ela e logo foi equilibrando o jogo por meio de sua conhecida e qualificada posse de bola ofensiva. Ao contrário da derrota para o Avaí, foi cirúrgico em aproveitar a chance que teve. Abriu o placar e a segunda parte do confronto. Que foi a mais difícil da noite.

Empurrado por uma torcida entusiasmada e muito próxima à cancha, o Flamengo veio para cima. Diego e Éverton Ribeiro ficaram devendo, é verdade, mas as arrancadas lisas de Éverton pela esquerda e o adiantamento de todo o time empurraram o Grêmio para trás. Houve bola no travessão, algumas grandes defesas (e uma bizarra trapalhada) de Léo, muitos rebotes perigosamente perdidos e dois contra-ataques imperdoavelmente desperdiçados pelo Tricolor Gaúcho. Mas houve, acima de tudo, muita resistência. Barrios foi um símbolo disso: não deu um chute a gol, mas defensivamente foi personagem importantíssimo, afastando vários cruzamentos da área tricolor pelo alto.

Sentindo a necessidade de pressionar ainda mais, Zé Ricardo abriu seu time. Mas abriu tanto que se perdeu: era o início da terceira fase da partida, a de um Flamengo tão ofensivo que ficou inofensivo. Aos 13 minutos, a entrada de Geuvânio coincidiu com uma pressão que se tornava aos poucos menor. Aos 31, Mancuello e Felipe Vizeu ingressaram nas vagas de Trauco e Cuéllar. Não havia mais um volante sequer. Pior: com dois centroavantes, Leandro Damião saiu da área para a esquerda, obrigando Éverton a recuar para uma zona onde se tornava muito menos perigoso, quase como lateral esquerdo. Sem criação (apesar dos inúmeros meias e atacantes em campo) e com um buraco no meio, o Fla apelava para a ligação direta e facilitava a vida do Grêmio, que tinha cada vez mais posse de bola, correndo menos riscos.

A vitória de 1 a 0 não apenas estanca a irregularidade gremista no Campeonato Brasileiro e o coloca como vice-líder, mas, principalmente, impede que o time comece a ficar ameaçado de sair do G-4. Com 25 pontos, volta a ter uma folga considerável para esta turma logo abaixo. É mais importante do que parece: postulante forte na Copa do Brasil e na Libertadores, o Tricolor sabe que deve priorizar sempre estas competições quando houver um mata-mata, mas não pode descuidar do Brasileiro - não apenas porque estar bem nele é a melhor forma de garantir a continuidade do alto nível de atuações, mas também porque ficar entre os quatro primeiros é assegurar vaga direta à Libertadores de 2018.

O fim da série invicta do Flamengo no Rio
O time rubro-negro não perdia na Cidade Maravilhosa desde 14 de fevereiro do ano passado, quando caiu por 1 a 0 para o Vasco, em São Januário. Nestes 17 meses, atuou no Rio de Janeiro em 23 partidas. Foram 14 vitórias e nove empates no período:

1- Botafogo 3 x 3 Flamengo
2- Flamengo 2 x 2 Corinthians
3- Flamengo 0 x 0 Botafogo
4- Flamengo 2 x 2 Coritiba
5- Flamengo 2 x 0 Santos
6- Nova Iguaçu 0 x 4 Flamengo
7- Botafogo 1 x 2 Flamengo
8- Fluminense 3 x 3 Flamengo
9- Flamengo 4 x 0 San Lorenzo
10- Vasco 0 x 0 Flamengo
11- Flamengo 2 x 1 Atlético Paranaense
12- Flamengo 2 x 1 Botafogo
13- Fluminense 0 x 1 Flamengo
14- Flamengo 3 x 1 Universidad Católica
15- Flamengo 2 x 1 Fluminense
16- Flamengo 0 x 0 Atlético Goianiense
17- Flamengo 1 x 1 Atlético Mineiro
18- Flamengo 2 x 0 Ponte Preta
19- Fluminense 2 x 2 Flamengo
20- Flamengo 5 x 1 Chapecoense
21- Flamengo 2 x 0 Santos
22- Flamengo 2 x 0 São Paulo
23- Vasco 0 x 1 Flamengo

Foto: Flamengo/Divulgação.

Comentários

Chico disse…
Luan, o novo Rei do Rio

Geromito botou o ataque do flamerda no bolso

Só o Tricolor pra acabar com a invencibilidade dos cariocaxx