Num jogo de muitos erros, o Grêmio confirmou a grande fase com muita efetividade

Um jogo de nove gols normalmente é sinônimo de partidaço. Mas Chapecoense e Grêmio estiveram relativamente longe disso na noite de ontem. Claro, as alternativas do placar durante a goleada gremista de 6 a 3 tornaram o confronto interessantíssimo, mas não dá para dizer que houve uma partida realmente bem jogada na Arena Condá. O que se viu foi um confronto duríssimo e muito disputado no primeiro tempo, e o oposto, completamente aberto, no segundo, onde os dois times, cansados pela longa viagem de ônibus que tiveram de fazer, erraram demais. O Grêmio, claro, errou bem menos. E confirmou a ótima fase.

Mas errou, e até quando fez golaço. A fase é tão boa para os lados da Vila Farrapos que Michel fez o gol mais bonito do campeonato sem querer. Com rara humildade, reconheceu que tentou lançar Ramiro e pegou mal na bola, e por isso acabou encobrindo Jandrei do meio de campo. O gol de Luiz Antônio também foi sem querer: um cruzamento baixo, despretensioso, no qual Marcelo Grohe demorou a cair e, com o gramado escorregadio, foi parar dentro do gol com bola e tudo. Dois lances que simbolizam o primeiro tempo e deixam claro como este foi mais um jogo de erros que de lindas jogadas.

A manchete tricolor, porém, não está nos erros. Afinal, mesmo tendo tomado três gols (bem mais do que costuma), é impressionante o que vem fazendo a equipe de Renato Portaluppi. Antes mesmo do jogo, o treinador já avisava que a viagem de oito horas de ônibus de Porto Alegre havia sido cansativa. Portanto, sair de campo vitorioso, por goleada, e tendo marcado seis gols, é um fenômeno. O tom de desculpa antecipada que seu depoimento à reportagem do Premiere dava a entender em nenhum momento se verificou. Claro, a intensidade não pôde ser a mesma de outros jogos. Mas a maturidade com que os gaúchos se impuseram em campo foi digna de nota.

Como se estivesse numa altitude de La Paz, guardadas as proporções, o Grêmio mais deixou a bola correr que correu atrás dela. E foi muito efetivo: foram raríssimas as chances perdidas ao longo da noite. Os dois gols de Michel e os três de Everton foram o símbolo desta eficiência na frente do gol. A Chape, por sua vez, abusou dos cruzamentos (Rossi ganhou todas do ontem comprometedor Cortez) e das laterais fortes batidas por Reinaldo, mas tramou pouquíssimo por baixo. Ganhou quem, mesmo num campo pesado, sabe como ninguém no Brasil atualmente envolver o adversário com toque de bola.

O quarto gol talvez tenha sido até mais bonito que o de Michel, olhando por este lado. Uma jogada que passou por todos os setores do time, com enorme categoria, qualidade e trocas rápidas de passes, incluindo calcanhar e tudo, chegando à velocidade e conclusão certeira de Everton. Um gol que não foi em nada ocasional, e que mostra o time que pratica o melhor futebol do país na atualidade. Os acertos do Grêmio são muito mais chamativos e importantes que seus poucos erros nos últimos tempos.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

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