Massacre na Copa do Brasil mostra que o Grêmio não sentiu a derrota para o Corinthians

Se é no modo como se lida com as dificuldades e frustrações que se forja uma equipe vencedora, o torcedor do Grêmio pode ficar esperançoso. Afinal, a reação após a derrota em casa para o Corinthians, jogo revestido de caráter decisivo por todo o seu âmbito, foi a melhor possível. A goleada de 4 a 0 sobre o Atlético Paranaense foi para não deixar dúvidas: o resultado de domingo foi a exceção numa trajetória vitoriosa que a equipe de Renato Portaluppi vem desenvolvendo ao longo desta temporada. A vaga na semifinal da Copa do Brasil foi praticamente assegurada em apenas 32 dos 180 minutos de disputa, mesmo que ainda faltem 90.

Eram esperadas algumas dificuldades que, simplesmente, não apareceram. Após o enorme desgaste do jogo com o Timão, seria normal ver um Grêmio sem o mesmo fôlego, apesar da necessidade de abrir vantagem no jogo de ida. De quebra, o Atlético prometia endurecer a parada: em franca recuperação no Brasileiro desde que Eduardo Baptista assumiu o comando, o Furacão vive sua única sequência de atuações e resultados realmente consistente em 2017. Vivia.

Dentre os vários ótimos jogos feitos pelo Tricolor Gaúcho neste ano, o de ontem talvez tenha sido o melhor de todos. Agressivo desde os primeiros minutos, poderia ter aberto o placar bem antes dos 22 minutos, quando Barrios acertou um balaço de fora da área. O curioso é que o gol veio logo antes da jogada mais perigosa em favor do Atlético a noite toda: um recuo de Geromel que Marcelo Grohe não teve alternativa senão pegar com as mãos. Ramiro salvou o que, mesmo naquela altura dos acontecimentos, já seria um crime. Dois minutos depois, o paraguaio abriu o caminho para a goleada.

O placar elástico veio por conta não apenas de uma atuação espetacular de Pedro Rocha, Luan, Barrios e Arthur, mas também pela falta de proposta do Atlético Paranaense. Eduardo Baptista veio a Porto Alegre pensando apenas em se defender e viver de um ou outro contra-ataque salvador. A postura ofensiva e sufocante do Grêmio não deu chances aos visitantes. Sem saber se atacava ou se tentava minimizar os estragos de um placar superior ao 1 a 0, o time rubro-negro não fez nem uma coisa, nem outra. Defendeu-se mal, raramente acossou Marcelo Grohe e, dez minutos após ver Barrios abrir o placar, já levava 3 a 0, fora o baile.

No segundo tempo, o Grêmio naturalmente baixou o ritmo, algo tão importante a quem vem jogando com frequência além do normal com os titulares. O importante era apenas não levar gol, para chegar a Curitiba virtualmente classificado. A expulsão de Nikão, aos 18 minutos, porém, abriu caminho para um massacre ainda maior. O gol até demorou a sair: Everton só foi fazer o quarto tento tricolor aos 42 minutos. Antes e depois deste lance, iniciado por Fernandinho, os gaúchos tiveram várias outras chances claras de marcar. O 4 a 0, no fim das contas, saiu barato.

A goleada tira qualquer dúvida (se é que ela existia) a respeito da força do Grêmio, que, mesmo tendo perdido para o Corinthians, segue mostrando o melhor futebol do país em 2017. Com a classificação praticamente definida, os titulares terão a tranquilidade de descansar para o jogo de terça que vem, contra o Godoy Cruz, abrindo os mata-matas da Libertadores. Em relação à Copa do Brasil, a 13ª semifinal em 24 participações está virtualmente sacramentada, o que, inclusive, pode até dar a chance de o time principal ser poupado do jogo de volta. O próprio Atlético Paranaense deverá fazer isso: envolvido em Libertadores e Brasileirão, dificilmente vai desgastar sua equipe titular para buscar uma altamente improvável vitória por cinco gols de diferença.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

felipesfranke disse…
Embora eu metodologicamente não goste de equipe inteiramente reserva, acho que acertaremos em nem mandar os titulares para o jogo em SP no fim de semana. Seria por em risco o jogo de terça, indubitavelmente mais importante, determinante e imprevisível. Se perdermos com os reservas, paciência.

Grêmio tem mostrado algumas importantes qualidades, mas eu particularmente valorizo o poder de reação. Não só em relação ao jogo contro o Corinthians, mas dentro dos próprios jogos. Grêmio reagiu bem ontem àquela pequena lambança entre Geromel e Grohe; reagiu bem ao gol sofrido na ida contra Fluminense; reagiu bem à própria reação do Cruzeiro no 3 x 3 em BH. Pensando em Libertadores, poder de reação é fundamental.
Vicente Fonseca disse…
Vale lembrar que o Palmeiras também deve entrar com reservas sábado. A viagem deles pela Libertadores é ainda mais longe (Guayaquil). Mas eu acho que o ideal era sempre 8 ou 9 titulares por jogo, poupando 2 ou 3 por vez. Claro, no caso atual do Grêmio, com tantos lesionados, fica mais difícil proceder assim.

Esse poder de reação é típico de time não só bem treinado, mas principalmente maduro. Tenho o ponto de partida desta nova fase o empate buscado contra o Palmeiras, fora de casa, pela Copa do Brasil do ano passado. Ali, o time, que sempre sofria psicologicamente o medo de uma eliminação frustrante quando saía perdendo, reverteu essa lógica.
Chico disse…
Zini, após o jogo contra o cúrinthians:"derrota traz dura realidade na Arena". Que realidade é essa? Por que ele não se pronunciou até agora?

A verdade é que um time maduro e patrolou o patético sem dar nenhuma chance ao adversário.

Cadê os críticos do Grhoe, Luan e Rocha?
Lique disse…
eu continuo achando o luan um pouco insolente. o pedro rocha pode não ser craque, mas dá muito mais resultado, é um jogador decisivo: ele age quando o time mais precisa. naquele elástico há dois meses, nessa ginga sensacional pra abrir o placar desse jogo. ele tem iniciativa e objetividade. o primeiro gol daqueles 3x0 sobre o corinthians foi uma pintura ( https://www.youtube.com/watch?v=miivf4H3WQE ). isso sem nem citar, novamente, o jogo em minas na final da copa do brasil.

e sobre poupar jogadores, o time reserva pode contar com:

bruno grassi; léo moura, thyere, bruno rodrigo (bressan), marcelo oliveira; maicon, jaílson, gastón fernandez (lincoln); bolaños, fernandinho e éverton.

é um time bem razoável e bem perigoso na frente. só de não ter que usar um MAMUTE ou LUCAS COELHO da vida, já é outro nível. eu tenho fé de pelo menos um empate contra o verdão.
Franke disse…
Boa escalação. A ilusão é tal que estou até ansioso para ver o jogo dos reservas. A queda será muito dolorosa.
Lique disse…
mesmo aqui, franke. vale acrescentar, não para esse jogo, mas para possíveis jogos vindouros de reservas, o arroyo, que (pelo que vi no videozinho do youtube, como muitos devem ter feito, afinal, ninguém assiste ao campeonato mexicano) é bem parecido com o estilo de jogo do pedro rocha, além de saber fazer gols de falta.