De maneira reativa e aguerrida, o Inter mostrou o espírito necessário para a Série B em Florianópolis

O técnico Guto Ferreira foi muito criticado por sua decisão de deixar seis titulares de fora da viagem a Florianópolis - entre eles, nomes importantes, como D'Alessandro, Rodrigo Dourado e Nico López. No fim das contas, porém, tudo deu muito certo: os jogadores importantes e desgastados descansaram em Porto Alegre, estão recuperados para a rodada do fim de semana, e o time misto obteve uma inesperada vitória de 2 a 1 sobre o Figueirense, no Orlando Scarpelli. Foi a primeira bola dentro do novo treinador colorado: assumiu um risco, bancou sua decisão e foi bem sucedido.

Alguns fatores colaboraram para o ótimo resultado desta terça-feira. A primeira, sem dúvida, foi a "fome" do time que entrou em campo. Cheio de jovens querendo mostrar serviço, o Inter foi aguerrido como em nenhum outro jogo na Série B até agora. Não que faltasse entusiasmo em outras partidas (o que faltou foi futebol, fundamentalmente), mas o espírito era outro. E tanto se fala que o Colorado é um time de Série A que está na B que seus jogadores talvez tenham acreditado nisso, e mantido a postura apresentada em jogos típicos da elite na segunda divisão nacional. Não funciona, porque o estilo do campeonato é outro. É preciso mais sangue e dedicação, sim.

Mas o 2 a 1 foi além do aguerrimento: veio também questão de postura tática. O Inter é um time que enfrenta enormes dificuldades contra adversários fechados desde a Era Argel. O Gauchão deste ano foi um exemplo claro - o time venceu só seis dos 17 jogos que disputou. Na Série B, sendo o maior clube e o elenco mais caro, é normal que todo rival se feche para encarar o Colorado, o que lhe trará dificuldades extras. ABC e Juventude obtiveram empates no Beira-Rio desta forma, por exemplo.

Em Floripa, a responsabilidade era dividida. O Figueirense não tem o tamanho do Inter enquanto clube, mas o fato de ter disputado 12 das últimas 15 edições da Série A lhe dá um estofo neste sentido. A equipe está acostumada a se impor e propor as ações no Orlando Scarpelli, inclusive contra grandes clubes. Diante de um Internacional fragilizado, e ainda por cima com time misto, era natural que fosse tomar esta atitude. E aí sobraram espaços generosos lá atrás. O gol da vitória, de Diego, veio num contragolpe surpreendente puxado por William Pottker, dois minutos depois de Danilo Fernandes salvar seu time de tomar a virada num chute de fora da área.

Se tudo deu certo ontem, a hora é de confirmar este bom resultado em casa. Sábado, diante do vice-lanterna Náutico, é obrigação vencer no Beira-Rio, da maneira como o Inter terá de jogar na maioria das vezes esse ano: se impondo perante um adversário mais fraco. Este é o grande desafio de Guto Ferreira, mais do que a própria gestão dos jogadores desgastados, usadas na rodada de ontem.

Foto: Internacional/Divulgação.

Comentários

Vine disse…
Pelo visto, o Inter vai obter melhor fora de casa do que dentro.
Vicente Fonseca disse…
Dependendo do adversário, sim. Começou bem melhor fora, mesmo. Mas vale lembrar: a vitória contra o Londrina foi a primeira do Inter nas Séries A e B desde aquela contra o Santos, no começo do Brasileiro de 2016, com gol do Aylon. Fazia tempo...