Alto nível e grandes histórias do passado dão sabor especial às quartas de final da Copa do Brasil

Sete dos oito clubes brasileiros que disputam ou disputaram a Libertadores deste ano passaram para as quartas de final da Copa do Brasil. Só a Chapecoense ficou de fora - e para o Cruzeiro, equipe forte e de enorme tradição no torneio. Assim, era bastante óbvio que os confrontos das quartas de final, além do alto nível, deveriam ter muita história para contar.

Dois confrontos parecem especialmente equilibrados. Palmeiras e Cruzeiro são dois dos maiores campeões da Copa do Brasil - acumulam sete taças na competição, além de três vice-campeonatos, fora o fato de terem decidido o torneio em 1996 e 1998, com um triunfo para cada lado. A fase atual também é semelhante: campeão brasileiro, o time paulista ainda não encontrou seu melhor futebol nesta temporada. Já os mineiros vêm de um trabalho mais longo com Mano Menezes, mas o ano traz altos e baixos. Assim como já fez grandes jogos, o Cruzeiro também já viveu alguns fiascos. É uma equipe ainda em construção, como o Palmeiras, que apesar do título em 2016 passou por mudanças importantes no elenco.

Outro duelo de grande força e equilíbrio é o de Flamengo e Santos. Finalistas do Brasileirão de 1983, fizeram campanha praticamente idêntica no campeonato do ano passado. Na atual temporada, os cariocas apresentam trajetória mais consistente. No entanto, ficaram pelo caminho de maneira precoce na Libertadores, ao contrário do Peixe, que não empolga, mas passou para as oitavas de forma invicta. A demissão de Dorival Júnior sugere uma instabilidade maior na Vila Belmiro, mas o início de campanha do Rubro-Negro no Brasileiro não é dos melhores também.

Já entre Atlético Mineiro e Botafogo, jogo que decidiu o primeiro Brasileirão, em 1971, é possível apontar certo favoritismo para o Galo: tem um elenco superior, um time tecnicamente mais qualificado, e entra em melhores condições. Apesar disso, a maior organização botafoguense pode equilibrar a disputa. Em termos históricos, a vantagem é dos cariocas, que eliminaram os mineiros três vezes nos últimos 10 anos (2007, 2008 e 2013). No começo do Brasileiro deste ano, o Fogão vem melhor que o Atlético.

O duelo de mais destacado favoritismo, ainda que com a devida cautela, é o dos dois times do Sul. Em grande fase, o atual campeão Grêmio teve sorte no sorteio de ontem - poderia pegar os fortíssimos Atlético Mineiro, Palmeiras ou Flamengo, mas caiu na chave do instável Atlético Paranaense. É verdade que a classificação gremista em 2016 sobre o Furacão foi dramática, nos pênaltis, mas era um outro Grêmio, claudicante, sem confiança, com Renato Portaluppi estreando. A equipe hoje vem jogando o melhor futebol do país e enfrenta um adversário em má fase, de largada horrorosa no Brasileiro - mas ainda perigosa, pois passou para os mata-matas da Libertadores e deixou o Flamengo pelo caminho.

Talvez em bolsas de apostas Palmeiras, Flamengo, Atlético Mineiro e Grêmio larguem como teoricamente favoritos nos confrontos. Tudo, porém, cheira a equilíbrio e disputa intensa. Todas estas quatro equipes largarão as quartas jogando em casa e decidindo fora. Terão, portanto, a tarefa de abrir vantagem em seus domínios - Grêmio e Galo, especialmente, devem encarar Atlético Paranaense e Botafogo evidentemente bem fechados. Faltam 20 dias para as disputas começarem, mas elas já suscitam enormes expectativas.

Carta na Mesa
Estamos bem atrasados em relação às últimas edições. Quem quiser ouvir os programas de 24 de abril para cá pode baixá-los neste link.

Comentários

Anônimo disse…
Com 11 pré-classificados nas oitavas, a copa do Brasil virou um rearranjo entre os times que jogam a Libertadores. Por mim podia ter até menos times, como nos tempos com 64 clubes, contanto que todos começassem da 1ª fase. Haveria mais chance de zebra e dum time menor ir longe, o que no modelo atual ficou praticamente impossível. Mas aí teria de mudar o calendário, o que hoje só se daria tirando data de outra competição.
Vicente Fonseca disse…
Talvez fazer esses clubes entrarem uma fase antes já ajudaria. Mas tem duas questões: a do calendário, que tu citou (difícil fazer esses times aí jogarem mais duas vezes na temporada do jeito que o ano é formatado), e o fato de que, na verdade, foi nesse ano que a coisa tomou uma proporção maior - até por termos mais times na Libertadores. De 2013 para cá, tivemos quatro edições e oito finalistas: quatro deles jogaram a Libertadores do mesmo ano (Atlético e Cruzeiro, 2014, Grêmio e Atlético, 2016) e quatro não jogaram (Flamengo e Atlético-PR, 2013, Palmeiras e Santos, 2015). Um retrospecto bem parelho.