Líder de ponta a ponta, Novo Hamburgo é o mais brilhante campeão interiorano que o Gauchão já teve

Nas raras vezes em que um clube do interior conquista o título gaúcho, sempre se diz que foi merecido. Afinal, a diferença de possibilidade de investimento para a Dupla Gre-Nal é tão gritante que sempre resulta em uma história de superação, que emerge contra todos os prognósticos. Em 1998, o Juventude foi o primeiro campeão fora os dois gigantes do estado em 44 anos; em 2000, o Caxias de Tite bateu o milionário Grêmio da ISL. No entanto, ainda assim, o título estadual do Novo Hamburgo em 2017 é ainda mais cheio de merecimento.

Ao contrário dois históricos feitos da Dupla Ca-Ju no fim do século passado, o Noia chegou à decisão como dono da melhor campanha da competição. Liderou o estadual de ponta a ponta - desde a 1ª rodada teve o melhor desempenho. Dono de seis vitórias consecutivas no começo do ano, o Novo Hamburgo provou, ao longo dos mata-matas, que não era apenas o fogo de palha de uma excepcional arrancada. Apesar da queda de rendimento na reta final da primeira fase, normal para quem consegue uma classificação antecipada com tanta antecedência, em nenhuma rodada a equipe esteve ameaçada de perder a melhor campanha. Terminou três pontos à frente do vice-líder Cruzeiro, a seis do badalado Grêmio campeão da Copa do Brasil e a incríveis nove do Inter, que, embora na segunda divisão nacional, entrou no torneio na condição de hexacampeão gaúcho. 

Falando em Dupla Gre-Nal... o Noia não perdeu para azuis, nem vermelhos. Enfrentou seis vezes os dois gigantes do estado e não foi derrotado em nenhuma - uma vitória e cinco empates. Nunca na história uma equipe foi campeã gaúcha eliminando Grêmio e Internacional nos mata-matas. Diante do Colorado, em nenhum dos 270 minutos de confrontos esteve perdendo. Contra o Tricolor, cedeu um empate aos 43 do segundo tempo na primeira fase e teve forças para buscar dois empates quando perdia nas semifinais, tanto na Arena como no Vale. Uma trajetória de respeito até para clubes de primeira divisão nacional. Cabe ressaltar o excepcional trabalho do técnico Beto Campos, que jamais deixou o nível de seu time cair. Amarrou o Grêmio nos três jogos disputados entre os dois clubes com extrema eficiência e foi melhor do que o Internacional na maior parte dos outros três.

Se o regulamento (assinado pelo próprio Noia, lembremos sempre) fosse mais justo, por sinal, o Novo Hamburgo nem precisaria de pênaltis para eliminar o Grêmio na semifinal e o Internacional na decisão, por ter sido sempre o melhor time da competição. Contra o Colorado, nem o saldo qualificado havia para tornar o 2 a 2 obtido no Beira-Rio um resultado realmente bom. E isso que nem disputar a partida decisiva em seu estádio o Anilado pôde. 

Por fim, o raio não caiu duas vezes no mesmo lugar para o Inter. Se em 2016 a campanha fraca da primeira fase acabou premiada diante de uma queda inesperada do favorito Grêmio para o Juventude, desta vez nem a mística de ter o argentino D'Alessandro, campeão em seis dos sete estaduais que havia disputado até então, prevaleceu. Sétimo colocado de 12 participantes na primeira fase, o Internacional, num regulamento razoável, nem para os mata-matas teria ido. Passou raspando pelo Caxias, quando teve mais sorte que juízo, e, à exceção da primeira metade do segundo tempo de hoje, nunca foi realmente superior ao Novo Hamburgo. 

É claro que ganhar o hepta era historicamente importante, e claro que conquistar o estadual daria robustez ao trabalho de Antônio Carlos. Mas o que interessa mesmo, e a realidade de fato do clube em 2017, é o que começará na semana que vem, em Londrina. Nada é mais importante para um grande que cai para a Série B torná-la apenas uma experiência desagradável e passageira. O Inter, apesar da campanha ruim de só 6 vitórias em 17 jogos no estadual, tem as ferramentas para conseguir superar as adversidades. Mas vai precisar jogar mais do que jogou até agora este ano para atingir seu maior objetivo nesta temporada.

Foto: Adílson Germann/Novo Hamburgo.

Comentários

Anônimo disse…
Meu único senão é esse, que o título incontestável do Noia vai acabar encobrindo os furos do regulamento: dois meses de jogos pra classificar 8 em 12, exigência de 10 mil lugares na final, o campeão do interior não poder ser finalista, a ausência de premiação pra campeão e vice que fez o Noia ceder a maioria dos ingressos em Caxias pela arrecadação...

Parabéns ao Noia e que o time consiga ir longe na série D (sou o que reclamou do gol qualificado um tempo atrás)
Chico disse…
O interrado vai entrar no STJD,CBF, FIFA, CAS, TAS e etc alegando que o Noia tinha dois jogadores irregulares. O jogador Preto é branco e o Branquinho é mulato.
Chico disse…
Celso Roth vem aí laiá laiá laiá
Chico disse…
Quem estava mais decepcionado: noveletto ou dodóilessandro?
Chico disse…
E hoje foi o último domingo que o cúlorado joga