Foi fácil demais: Grêmio poderia ter ido muito além do 4 a 0 contra o ingênuo Zamora

A inesperada derrota do River Plate para o Independiente Medellín acendeu na torcida do Grêmio uma chama de esperança que tornava o confronto com o Zamora bem mais interessante que o que se previa: golear por 7 a 0 os venezuelanos daria ao Tricolor a liderança geral e a garantia de decidir todos os mata-matas da Libertadores em casa. No final, a goleada de 4 a 0 esteve longe de representar uma frustração, claro, mas o gostinho de que dava para ter sido bem mais ficou evidente para os 22 mil torcedores que foram à Arena nesta quinta.

Eliminado e dono da pior campanha da fase de grupos da Libertadores, o Zamora veio com time misto a Porto Alegre. Desde muito cedo se notou que o jogo teria ritmo de treino. Foi, sem dúvida, o adversário mais fraco que visitou o Grêmio em 2017 - incluindo o Campeonato Gaúcho na conta. Tratava-se de um time profissional contra outro que beirava o semiamadorismo: não tinha proposta de jogo, não conseguia atacar, articular, nem se defender. Só torcia para os donos da casa perderem as inúmeras chances que criava. E eles perdiam, mais por enfeite que por falta de qualidade nas conclusões.

O primeiro gol até demorou a sair: na sétima chance criada, aos 22, Luan completou uma linda jogada de Pedro Rocha, que passou de elástico por Faría e achou o companheiro livre na pequena área. A porteira se abriu: Barrios ampliou aos 25, aproveitando passe de Gastón Fernández, e Luan, de pênalti, aos 28, fez 3 a 0. Em seis minutos, a goleada. Se forçasse o ritmo, o time de Renato Portaluppi fatalmente chegaria aos sete gols.

Mas, talvez pensando na forte sequência de jogos que está tendo e enfrentará na semana que vem, o Grêmio não forçou. Ainda assim, criou nada menos que 20 oportunidades de marcar. Foram 27 conclusões contra cinco. O que faltou para superar Lanús e Atlético Mineiro e consagrar a melhor campanha da fase de grupos foi evitar o preciosismo na hora de definir as jogadas. Pedro Rocha deixou o seu no segundo tempo, mas poderia ter sido mais firme em vez de tentar encobrir o goleiro, aos 40. Luan, por sua vez, errou mais um pênalti. Barrios também enfeitou em algumas oportunidades e acabou perdendo gols que normalmente converteria. Mas nada que estragasse uma noite tranquila do time de Renato.

Já Gastón Fernández, novidade da noite, ainda está longe da condição ideal, mas seus dois passes para gol sugerem qualidade. Mas tudo deve ser relativizado também pela fraqueza do rival: a ingenuidade do Zamora na marcação foi constrangedora. Neste cenário, quem realmente sobrou foi Luan: apesar do pênalti desperdiçado, movimentou-se pelo campo todo, sem ficar preso ao lado direito, e comandou a goleada. Com os dois gols marcados, chegou a 28 e igualou Barcos como maior artilheiro da Arena em todos os tempos. Enquanto estiver no Tricolor, o ótimo camisa 7 seguirá fazendo história.

Botafogo, um dos oito líderes
Mesmo perdendo por 1 a 0 para o Estudiantes, o Botafogo confirmou a liderança do Grupo 1. Tem a sétima melhor campanha, ficando apenas à frente do San Lorenzo entre os líderes de chave. Na ordem, os oito melhores foram Atlético Mineiro, Lanús, Grêmio, River Plate, Palmeiras, Santos, Botafogo e San Lorenzo. Cinco brasileiros e três argentinos. Estes clubes podem enfrentar Godoy Cruz, Nacional, Guaraní, Emelec, Jorge Wilstermann, The Strongest, Barcelona de Guayaquil ou Atlético Paranaense nas oitavas. O sorteio será no dia 14 de junho. Os favoritos estão claramente como líderes.

Guaraní classificado
O Guaraní segurou o Iquique em Assunção e confirmou a vice-liderança da chave gremista. O empate em 0 a 0 levou os paraguaios a 11 pontos, contra 10 dos chilenos. Dois jogos pesaram para a classificação: o empate com o Grêmio no Defensores del Chaco (se fosse de titulares, o Tricolor talvez tivesse vencido e eliminado os paraguaios) e, principalmente, a vitória por 1 a 0 sobre o próprio Iquique, resultado que abriu a campanha do Guaraní na fase de grupos.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Anônimo disse…
Foi o Gremio que jogou tao bem ou esse Zamora é ruim demais?
Anônimo disse…
Até agora não entendi se a ordem dos confrontos a partir das quartas será determinada só pela campanha na fase de grupos ou se inclui os resultados dos mata-matas. P.ex., se o Atlético-MG passa com dois empates, o Grêmio com duas vitórias e ambos se enfrentam nas quartas, o segundo jogo seria onde?
Franke disse…
Grêmio poderia ter feito 10 gols, mas, se não ficamos em primeiro geral, não foi culpa desse jogo. Exigir 7 gols num jogo não é coisa muito sensata. Achei correta a postura de tirar o pé. A sequência de jogos pela frente é mais importante que primeiro geral.
Vicente Fonseca disse…
Acho que tem um pouco dos dois: o Grêmio fez um bom jogo (ninguém cria 20 chances jogando mal), mas o Zamora, além de fraco, veio me parece até desinteressado (ninguém deixa o adversário criar 20 chances se não for ruim).

A posição ao fim da primeira fase define todos os mandos, como é desde 2006. Os resultados dos mata-matas não entram nesta conta.

Uma coisa que já anda dando confusão é o chaveamento das oitavas em diante. O regulamento deixa a entender que é por sorteio, mas há quem diga que existe o critério da campanha. Explico: o Atlético Mineiro, melhor líder, enfrentaria nas quartas o vencedor do confronto que envolve o pior líder (San Lorenzo), por exemplo. Sendo a Conmebol a bagunça que é, acho que só mais perto do sorteio (ou no próprio sorteio) é que isso ficará claro.

Se isso for verdade, talvez a tirada de pé do Grêmio tenha sido calculada, senhores. Porque, como 3º líder, ele pegaria potencialmente o Santos nas quartas, e Lanús ou Botafogo na semifinal, caso os líderes sempre passem. Do outro lado estão Atlético, Palmeiras, River Plate e San Lorenzo. Bem mais difícil.
CHICO disse…
Mais um grande jogo na Arena e o Tricolor patrolou o Zamora.

Quanto mais falam mal do Luan mais ele joga.

Barrios: um gol por jogo.

Fernádez muito bem na partida