Equipes brasileiras sofreram bem mais que o esperado nos jogos de volta da Sul-Americana

Considerado o representante brasileiro que mais azar deu no sorteio dos jogos da primeira fase da competição, o Corinthians foi, curiosamente, sem dúvida aquele que se saiu melhor. Único a vencer tanto na ida quanto na volta, o Timão sobrou diante da Universidad de Chile. Isso representa mais do que uma simples passagem à fase, pois acaba sendo uma exceção num punhado de jogos complicados e dramáticos - nos quais nem todos se safaram.

Tidos como dois dos candidatos ao título da competição, Cruzeiro e São Paulo ficaram pelo caminho diante de adversários bem mais modestos - e isso que trouxeram resultados relativamente positivos da partida de ida. Os mineiros claramente sentiram o golpe da derrota e perda do título estadual para o Atlético: longe de mostrar a confiança dos primeiros meses da temporada, o time de Mano Menezes até saiu à frente do Nacional paraguaio, mas tomou a virada e acabou caindo nos pênaltis. Um fim de linha bem anterior ao que se imaginava.

Papel pior, só o do São Paulo. É verdade que o Nacional de Assunção não é um grande adversário, mas ao menos tem no currículo recente um vice de Libertadores em 2014. Já o Defensa y Justicia é um dos clubes mais inexpressivos na elite argentina - mas foi gigante no Morumbi. O empate em 1 a 1, combinado com o 0 a 0 da ida, classificou os visitantes pelo saldo qualificado. Foi o terceiro revés do São Paulo em um mata-mata em pouco menos de um mês. Eliminado da Copa do Brasil pelo Cruzeiro e do Paulistão pelo Corinthians, o Tricolor só terá o Brasileirão de agora até dezembro. Competições eliminatórias, só em 2018. O pior, porém, é o desempenho altamente preocupante às vésperas da principal competição da temporada. Bagunçado, o time de Rogério Ceni esteve mais perto de perder que de vencer no segundo tempo. Precisa melhor muito se quiser fazer uma campanha decente no Brasileirão.

Outros dois brasileiros que trouxeram vantagens interessantes, mas resistiram, foram Fluminense e Sport. É que o resultado da ida foi melhor que o de Cruzeiro e São Paulo: os cariocas bateram o Liverpool do Uruguai por 2 a 0, sofreram 1 a 0, mas seguiram adiante. Já os pernambucanos haviam goleado o Danubio por 3 a 0, mas tiveram a gentileza devolvida em Montevidéu. O veterano Magrão, 40 anos, é que salvou a pátria, pegando dois pênaltis. Ainda assim, duas disputas tidas como encaminhadas acabaram revelando um drama muito maior ao do que se poderia supor.

Dos seis brasileiros que entraram na Sul-Americana, restam quatro. Além de Corinthians, Sport e Fluminense, a Ponte Preta sobreviveu ao empatar em 1 a 1 com o Gimnasia, em La Plata, após o 0 a 0 de Campinas. Do Brasil, são fortes candidatos a frequentar a competição Chapecoense e Atlético Paranaense, ameaçados de cair na primeira fase da Libertadores.

Seja como for, os jogos quentes deixam claro um acerto da Conmebol: o de tornar a competição internacional desde o seu começo. A dureza agora vem desde o começo. Em vez de partidas desimportantes e domésticas na fase de abertura, de cara os times brasileiros tiveram de ir a rincões não tão hospitaleiros da América do Sul para seguirem adiante - ou não. Talvez fosse o que faltava para que aprendessem a valorizar este torneio desde o seu início, e não torná-lo uma salvação conveniente diante de uma temporada de resto ruim.

Foto: Nacional/Divulgação.

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