Palmeiras vai superando os rivais, mas não a ansiedade na Libertadores

É consenso que o Palmeiras não vem jogando o que sabe na Libertadores. Sofreu para empatar com o Atlético Tucumán na Argentina e só bateu Jorge Wilstermann e Peñarol na marra, com dois longos acréscimos, jogando em casa. "Mas o que importa é que está ganhando", se defenderá o palmeirense. E, neste caso, o torcedor tem toda a razão.

A Libertadores é bastante longa este ano. Encaixar grandes atuações na fase de grupos não importa tanto quanto em outros anos, quando o mata-mata começava já em maio, e não em agosto, como será desta vez. Em 2017, os times mais fortes ganharão tempo para se azeitar e não dependerão tanto do momento. É aí que o Palmeiras poderá crescer: com o elenco mais forte formado na América do Sul, é em tese o principal candidato ao título da competição, pelo número de jogadores de nível que possui e pelas contratações que fez. Só que é justamente aí começam os problemas...

Nunca, desde que conquistou o título em 1999, o Palmeiras entrou tão pressionado para ir bem na Libertadores. Os jogadores vem sentindo esse peso: a equipe flui muito bem no Paulistão - um torneio muito mais fraco, lógico, mas a diferença de atuações é gritante, maior do que a diferença de nível de adversários de um torneio para o outro. O peso da responsabilidade de quem é o campeão brasileiro e ainda se reforçou com qualidade é visível. A bola queimava tanto no pé dos paulistas no primeiro tempo do jogo de ontem que a vantagem parcial do Peñarol foi incontestavelmente merecida.

Ontem, contra os uruguaios, essa ansiedade se misturou a outro fantasma: o da eliminação precoce em 2016. Indo para o intervalo perdendo por 1 a 0 para os uruguaios, o torcedor palmeirense certamente se lembrou da derrota em casa para o também charrua Nacional, jogo que abriu caminho para a queda no ano passado. A comemoração fortíssima a cada gol era não só a vibração de quem estava virando um jogo importante: era, também, um grito de alívio evidente. Os pulos de Eduardo Baptista à beira do campo deixavam isso bem claro.

Nada disso é problema, por enquanto: o Palmeiras tem o melhor elenco do país, e ainda tem o melhor time. Só precisa se conscientizar de que, apesar de todo o investimento, a obrigação de ganhar a Libertadores é dividida com outras equipes fortes de Brasil e Argentina, especialmente, as quais têm tanta tradição quanto, e, em vários casos, quase tanto time quanto. É preciso esfriar a cabeça para chegar aos mata-matas confiante. E é por isso que vencer, apesar dos sustos, têm sido tão importante.

Por sinal, além de esfriar a cabeça, é preciso melhorar a cabeça no outro sentido: o do jogo aéreo. Ontem, os dois gols do Peñarol vieram desta forma. E, neste tipo de jogada, pode se ganhar ou perder a Libertadores, por melhor que seja o seu time.

Foto: César Greco/Palmeiras.

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