Os retornos e desencantos encorparam o Grêmio, quase semifinalista do Gauchão

Após a magra vitória sobre o Passo Fundo, na 3ª rodada do Campeonato Gaúcho, o técnico Renato Portaluppi pediu paciência pelo desempenho pobre do Grêmio naquela tarde de 12 de fevereiro. Disse que seu time jogaria o que sabe a partir da 5ª ou 6ª rodada da primeira fase. Demorou um pouco mais, cerca de um mês e meio, mas o Grêmio de fato encorpou: na vitória por 2 a 0 sobre o Veranópolis, na abertura das quartas de final, o Tricolor fez seu segundo jogo seguido em alto nível com os titulares. O resultado praticamente garante a vaga nas semifinais da competição.

A vitória por 4 a 0 sobre o Juventude, jogo em que Léo Moura estreou como meia-direita, já havia sido de um ótimo desempenho do time de Renato. A questão era saber como o time reagiria com as tão esperadas voltas de Geromel e Maicon. O zagueiro, claro, foi só acréscimo: com uma atuação irreparável, nem parecia estar há quase um mês fora do time. Já o capitão mexeria novamente no posicionamento de Ramiro, hoje um primeiro volante. Pois a dupla funcionou muito bem - e Maicon, com a qualidade habitual na armação, fez o venenoso lançamento que culminou na falha do goleiro Reynaldo e no primeiro gol gremista, do oportunista Miller Bolaños.

Mas os lances que certamente mais atiçaram o imaginário dos gremistas foram os dois últimos da partida. Nem Gata Fernández, nem Lucas Barrios, haviam jogado perto do que sabiam até agora em Porto Alegre. Pois ambos, juntos, tiveram alguns minutos de pura inspiração: primeiro, o argentino esperou com sabedoria e enfiou bela bola para o paraguaio definir o placar em 2 a 0; a seguir, foi Barrios quem retribuiu a gentileza para o companheiro, que arrematou com força e quase fez o terceiro. Ambos precisavam desencantar, e conseguiram em parceria, como já fossem entrosados. 

O ótimo final de jogo de Barrios e Gata Fernández não significa que ambos devam ser titulares, mas mostra que as opções para Renato são fartas. E ambos funcionaram porque o time foi coletivamente muito bem: se é verdade que houve vários gols perdidos, houve também muitas chances criadas, quase todas muito bem articuladas - e o principal: atrás, Marcelo Grohe não fez sequer uma defesa de grau médio de dificuldade que fosse. Antes, tanto Barrios quanto Gata ingressavam no time em situações normalmente adversas, e com uma mecânica ainda deficiente, de início de temporada. Num jogo como o de hoje, de atuação boa e resultado encaminhado, foram bem além em termos de desempenho.

O Grêmio ganhou, jogou bem, teve voltas importantes e mostrou um banco de reservas efetivo e qualificado. Voltou, como no fim de semana passado, a adotar um estilo de marcação agressiva, valorização da posse de bola e movimentação envolvente, ingredientes que lhe deram o título da Copa do Brasil de 2016. Entra nos mata-matas do estadual não apenas com moral, mas também com ótimas perspectivas.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Chico disse…
O time é esse. Mais um grande jogo de Miller.